Entre cores, feminilidade e encantos, o “Iyabá Omi Axé - A força feminina das águas” chega ao palco do Teatro Deodoro nesta sexta-feira (17). De forma gratuita, com música, dança e muita ancestralidade, o segundo espetáculo do Afoxé Odô Iyá traz para o público uma homenagem às divindades femininas cultuadas pelas tradições de matriz africana.
Celebrando o mês das mulheres e enaltecendo a cultura negra na semana que antecede o 21 de março, dia internacional de combate a discriminação racial e dia nacional das nações de candomblé, o show proporcionará ao público momentos de reflexão sobre a importância da presença feminina nos mais diversos ambientes, principalmente dentro da religiosidade afro.
Homenageando Nanã, Ewá, Obá, Oxum, Oyá e Iemanjá, a apresentação será guiada pela eloquência e movimentação de Exu, o mensageiro dos Orixás. Com cânticos, ritmos e passos de dança sagrados e ancestrais, o grupo tornará a casa da arte alagoana em uma grande festa de terreiro.
De acordo com diretor artístico do Afoxé Odô Iyá, Amaurício de Jesus, mostrar para o público o espetáculo ‘Iyabá Omi Axé’ é motivo de muita emoção e alegria. Segundo ele, o show é mais uma forma de perpetuar o legado ancestral das mulheres que lutaram para manter viva a tradição afro-brasileira.
“O Odô Iyá é um grupo que tem Iemanjá como grande protetora, ele surgiu dentro de uma casa que tem Iemanjá como matriarca, fazer um espetáculo que fala sobre o poder feminino, de Iemanjá e sobre o nosso líquido precioso, é falar sobre nossas raízes, nossa história”, disse ele.
Amauricio ainda afirma que o espetáculo será cheio de surpresas, além de ser recheado de conexões ancestrais. “Será uma noite inesquecível, cada detalhe foi pensado com muito carinho e axé. Nossa ligação com as águas é tão intensa que nossos figurinos, que vieram diretamente do Benin - África, foram confeccionados por uma mulher de Oxum, com toda certeza o público irá se encantar e se surpreender”.
Sendo planejado desde 2016, o espetáculo estava programado para acontecer em 2020, em comemoração aos 20 anos de existência e resistência do primeiro afoxé de Alagoas, mas teve seus planos adiados devido a pandemia do coronavírus. Após a retomada das atividades, a chegada de 2023 e a remarcação da data de estreia foi motivo de muita alegria para os jovens e adultos que integram o grupo.
Vivendo a euforia de dançar mais uma vez no Teatro Deodoro, a jovem Eduarda é uma das componentes que estão com a ansiedade a mil para mostrar para o público tudo o que foi preparado no decorrer dos anos. “Tenho certeza que será tudo muito bonito, a gente ensaiou bastante, três vezes na semana e durante horas, estamos todos muito nervosos e felizes. O Igbaxé, nosso primeiro show, foi lindo, mas esse será muito mais”, afirmou ela.
Com apenas 9 anos, esse será o primeiro grande espetáculo do percussionista Thauan Gabriel, que está presente no grupo desde a barriga da mãe. Participando de shows desde os 2 anos, quando deu seus primeiros passos dentro do mundo da música, o pequeno artista é um dos mais ansiosos pela chegada da estreia.
QUEBRANDO PARADIGMAS
Criado em 2000 no bairro da Ponta da Terra, dentro do Núcleo de Cultura Afrobrasileira Iyá Ogun-té (Casa de Iemanjá), o Afoxé Odô Iyá surgiu após uma inquietação do babalorixá Célio Rodrigues. O sacerdote sentia falta de ter manifestações culturais alagoanas que representassem o povo de terreiro, então decidiu colocar o candomblé na rua e fundar o primeiro afoxé de Alagoas.
Depois de buscar referências ancestrais e trilhar os primeiros passos, com ensaios que ocupavam a Rua Dona Alzira Aguiar, o grupo afro iniciou sua trajetória com o objetivo de promover a cultura do povo negro e de terreiro e de proporcionar novos conhecimentos para as crianças, jovens e adultos do bairro e da redondezas.
“O Afoxé surge para quebrar paradigmas, dizendo não ao preconceito e mostrando as belezas afro-brasileiras. Além de tirar os jovens da ociosidade, dos perigos das ruas, nós proporcionamos oportunidades deles se encontrarem no mundo artístico e cultural. São 23 anos de trabalho e diversas vidas transformadas através da arte”, destacou Pai Célio, fundador do Afoxé Odô Iyá.
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Há mais de dez anos participando do grupo, Lucélia Tayná é uma das jovens que sentiram de perto a transformação citada por Pai Célio. Graduanda em Licenciatura em Dança pela Universidade Federal de Alagoas, a artista se descobriu dançarina e turbanteira dentro do Afoxé Odô Iyá.
“Com o afoxé passei a ter uma nova visão de mundo. Descobri a dança, os turbantes e se hoje sou profissional é por conta da minha vivência sendo integrante do grupo. Estar hoje como coreógrafa e dançarina, montando um espetáculo como o ‘Iyabá Omi Axé’ e vendo meus filhos seguirem meus passos é motivo de muito orgulho e gratidão”, disse ela.
SERVIÇO
O que: Espetáculo “Iyabá Omi Axé - A força feminina das águas” do Afoxé Odô Iyá
Quando: Sexta-feira, 17 de março, às 19h
Onde: Teatro Deodoro, Centro de Maceió
Entrada gratuita
Mais informações: @afoxeodoiya_
*com informações da assessoria.