O dólar recua mais de 1% nesta sexta-feira frente ao real, enquanto o Ibovespa avançava, depois que reportagens circuladas na imprensa fomentaram novamente o debate sobre o tamanho do corte de juros a ser feito pelo Federal Reserve na reunião da próxima semana.
Analistas disseram que reportagens do The Wall Street Journal e do Financial Times na quinta-feira (12), dizendo que uma redução de 50 pontos-base ainda é uma opção, e os comentários de uma ex-autoridade do Fed defendendo um corte agressivo causaram uma mudança nas expectativas do mercado.
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Operadores colocavam uma chance de 45% de um afrouxamento de 50 pontos-base pelo Fed na reunião da próxima quarta-feira, em comparação com cerca de 15% na quinta-feira. Eles veem 117 pontos-base de cortes em 2024, acima dos 107 pontos-base da sessão anterior.
Às 14h20, o dólar caia 1,43%, cotado a R$ 5,546. Na última sessão, a moeda encerrou em baixa de 0,57%.
No mesmo horário, o principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, subia 0,69%, aos 134.953,99 pontos. Na quinta feira, o índice ficou no campo negativo e fechou em queda de 0,48%, aos 134.029,43 pontos, puxada por perdas da Petrobras e bancos.
Juros dos EUA
É quase tão provável que o Federal Reserve faça um corte de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros na próxima semana quanto uma redução mais comum, de 0,25 ponto percentual, sugeriram negociações de contratos futuros de juros nesta sexta-feira, conforme mercados financeiros precificaram uma chance maior de o Fed agir de forma mais agressiva.
Uma redução de 0,25 ponto na reunião do Fed de 17 e 18 de setembro ainda é vista como o resultado um pouco mais provável, mas apenas ligeiramente.
Os contratos futuros vinculados à taxa de juros do Fed agora refletem uma chance de cerca de 43% de que o Fed reduza sua taxa de juros, atualmente na faixa de 5,25% a 5,50%, em 0,50 ponto percentual. Isso representa um aumento em relação aos 28% registrados na quinta-feira.
O movimento do mercado reflete o aumento das apostas de operadores de que o Fed pode tentar evitar a deterioração do mercado de trabalho, em vez de adotar uma abordagem mais lenta, de ver o que acontece a seguir com uma redução menor no início do ciclo de flexibilização da política monetária.
“Nosso ponto de vista é que o Fed está atrasado em relação à curva — que deveria estar flexibilizando desde junho, ou possivelmente maio — e que agora precisa recuperar o atraso e talvez tenha que antecipar alguns dos cortes nos juros”, disse Gregory Daco, economista do Parthenon.
No mês passado, o chair do Fed, Jerome Powell, disse que quer ver um arrefecimento adicional no mercado de trabalho e, desde então, outros formuladores de política monetária do banco central sinalizaram simpatia por essa opinião.
Cenário nacional
No cenário nacional, agentes financeiros ainda ponderavam sobre a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em que é amplamente esperado uma alta de 25 pontos-base na Selic, atualmente em 10,50% ao ano, à medida que a atividade econômica no país tem dado demonstrações de força.
Operadores colocavam nesta manhã 86% de chance de um aumento de 25 pontos-base na taxa de juros, com 14% de probabilidade de uma alta de 50 pontos, à medida que a atividade econômica no país tem se mostrado mais forte do que o esperado.
Na agenda macroeconômica, estavam no radar os números do Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br), sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), que registrou recuo menor do que o esperado em julho na comparação com o mês anterior.
O IBC-Br, calculado pelo Banco Central, recuou 0,4% em julho na comparação com o mês anterior, em dado dessazonalizado. Economistas previam retração de 0,9%. Em 12 meses, acumula um avanço de 2%.
Na visão do diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, a economia ainda deve se beneficiar de fatores como estímulo fiscal e crescimento da renda disponível, mas o ritmo de expansão deve ser moderado.
Entre os componentes ajudando a mitigar os efeitos benignos na atividade, ele citou condições monetárias domésticas ainda apertadas, níveis ainda altos de endividamento das famílias e maior incerteza política, conforme relatório a clientes.