
A polarização política entre os deputados estaduais Cabo Bebeto (PL) e Ronaldo Medeiros (PT) ganhou mais um capítulo nesta terça-feira (6), durante sessão ordinária da Assembleia Legislativa de Alagoas. O motivo do novo embate foi o escândalo dos descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS, que, segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), já somam prejuízos de R$ 6,5 bilhões.
Cabo Bebeto trouxe o tema à tona após a votação da Ordem do Dia, citando reportagens da imprensa nacional. Em sua fala, classificou o esquema como “roubo” e responsabilizou diretamente o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelos prejuízos.
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“Como se não bastassem os descontos, quanto mais se investiga, mais escândalos surgem. Agora, são os consignados: R$ 90 bilhões movimentados só em 2023. As investigações da PF e da CGU apontam que associações cadastravam aposentados sem autorização, usando assinaturas falsas para realizar os descontos”, afirmou Bebeto.
O deputado acrescentou que os empréstimos eram depositados nas contas dos beneficiários, mas os valores eram posteriormente descontados. Segundo ele, o uso de “pessoas fictícias” para saques também foi identificado, com um prejuízo inicial de R$ 12 milhões. “O Congresso quer instalar uma CPMI para investigar, mas o governo do amor, o país dos pobres, não quer deixar. Por que será?”, questionou.
Defesa do governo
Ronaldo Medeiros rebateu as críticas e saiu em defesa do governo Lula. Embora tenha reconhecido a existência das fraudes, afirmou que o problema teve início na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Sete das nove maiores entidades envolvidas nas fraudes foram credenciadas durante o governo Bolsonaro. Se há roubo, ele começou lá atrás, no governo mais corrupto e mais agressivo que esse país já teve”, afirmou o petista.
Medeiros criticou ainda a condução da pandemia pelo governo anterior e disse que os escândalos só estão vindo à tona agora porque o atual governo “combate a corrupção com uma Polícia Federal livre”.
“Antes, a PF era usada para perseguir adversários e jornalistas. Agora, ela investiga de verdade. Não se descobriu nada antes porque o governo Bolsonaro não queria”, completou.
Reação à polarização
O debate acalorado levou o deputado Antônio Albuquerque (Republicanos) a se manifestar. Segundo ele, a polarização entre esquerda e direita no plenário tem fins puramente eleitorais e já causa desgaste.
“Dizer que o governo Bolsonaro teve erros é natural. Mas dizer que foi corrupto é desrespeitoso. Essa polarização está cansando e não constrói nada positivo. Precisamos voltar a discutir os problemas de Alagoas e buscar soluções concretas”, afirmou.
Para Albuquerque, o escândalo no INSS deve ser tratado pelas autoridades competentes, e a resposta da sociedade virá “nas urnas, no tempo certo”. “Sonho com um país em que a democracia não seja confundida com anarquia”, concluiu.