A CBF prevê divulgar entre outubro e novembro o ranking de árbitros do futebol brasileiro. A “cotação” de cada profissional vai depender de três fatores: a nota do observador de campo, do analista de vídeo e do analista de VAR. O ranking já existe e hoje já serve para escalas de rodadas dos principais jogos da Série A do Brasileiro.

A medida é parte do processo de profissionalização que a CBF iniciar no fim de 2026 – com a formação do primeiro bloco de profissionais. O modelo depende também da regulamentação da classe - hoje, os árbitros recebem por partida, sem vínculo empregatício. A remuneração mensal média dos árbitros que mais trabalham na Série A é de cerca de R$ 15 mil, o que é considerado baixo para um modelo profissional e de dedicação exclusiva. A CBF estuda iniciar o vínculo profissional com contratos temporários com essa "primeira leva" de árbitros.
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Até o fim da semana, a CBF realiza sessão de treinamentos práticos e teóricos com 64 árbitros e assistentes – entre juízes, bandeirinhas e assistentes de VAR – no Rio de Janeiro, no Clube da Aeronáutica. Todos da Série A.
- Nosso trabalho é dar condições para o árbitro viver exclusivamente da arbitragem para a arbitragem. Hoje a gente vê que os árbitros ainda têm outra profissão, principalmente os que estão começando ou estão em séries abaixo, da B, da C...Necessitam ter um trabalho efetivamente. Nosso projeto de profissionalização é de ter esses árbitros dedicados exclusivamente à arbitragem – diz Rodrigo Cintra, ao ge, durante os treinos da arbitragem.

- Apresentamos esse projeto no dia 17 de fevereiro e agora foi encampado 100% pelo presidente Samir Xaud. Esse projeto ele vai sair do papel. Na verdade já está saindo do papel com esses pilotos que nós estamos fazendo, que já são pílulas, já são células de profissionalização para que ao final de 2026 nós tenhamos o primeiro grupo profissionalizado.
Cintra chama de piloto o formato atual, com a reunião dos árbitros por uma semana, em espécie de intertemporada. Para o futuro próximo, ao longo de 2026, a ideia é reuni-los no mesmo local por dois meses ininterruptos para treinos e estudos diários - como se fosse um clube profissional de fato. Por enquanto, tentam compensar as sessões esporádicas como a desta semana no Rio com muitas palestras por vídeo e atendimentos regionalizados.
Coletes e relógios para análise
A CBF recebeu nos últimos dias 30 coletes da marca Catapult, amplamente usado por clubes há alguns anos. Eles serão usados, inicialmente, por árbitros da Série A como parte do controle físico e técnico que a comissão de arbitragem da CBF estabeleceu no projeto de melhorias da arbitragem.
Hoje, um árbitro corre entre 10 a 12 km por partida – bandeirinha, a metade. Cintra contratou também equipe de coordenação científica para planilhar dados dos 957 profissionais de arbitragem do país – desses, 736 são árbitros centrais ou assistentes.

Em parceria com a Universidade Federal de Juiz de Fora, a CBF analisa a performance dos árbitros e assistentes e a manutenção física dos homens que atuam nos principais jogos das competições nacionais. É como um departamento de análise de desempenho dos clubes – de scout, com estatísticas e lances dos últimos 15 anos do quadro nacional de arbitragem.
- A gente pensou em algum teste que os mobilizasse a melhorar os seus exercícios. Tem um teste utilizado pela Fifa, que é chamado de YOYO, um teste simples de ida e volta de 20 metros, e ele conduz o árbitro a ir ao seu máximo. Eles têm que fazer esse teste uma vez por mês ao menos, dentro da sequência de treinamento, e a cada três meses temos um teste valendo – explica Emerson Filipino, da coordenação científica da comissão de arbitragem.
O controle é feito de duas maneiras: através do envio do link no uso do smart watch – relógio de pulso que mede performance física – e também a partir da coordenação de instrutores de arbitragem locais, designados por cada federação estadual. Um dos árbitros mais conhecidos do país, o gaúcho Anderson Daronco perdeu 8 kg em quatro semanas com muita bicicleta ergométrica.