
A economia industrial de Alagoas vem dando sinais claros de transformação. Apesar de um ambiente nacional marcado por incertezas e desaceleração da confiança dos empresários, o setor industrial alagoano se destacou com superávit na balança comercial, expansão do número de empresas e aumento de empregos no acumulado do ano. Os dados são do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea).
A balança comercial do estado encerrou o ano de 2024 com superávit de 33,7 milhões de dólares. O valor exportado ultrapassou os US$ 901 milhões, sendo 99,84% das vendas feitas por transporte marítimo, majoritariamente por minérios, açúcares e derivados. A importação, por sua vez, totalizou US$ 868 milhões, consolidando um saldo positivo impulsionado por uma pauta exportadora em expansão e pela consolidação de novos parceiros comerciais — hoje, 96 países compram de Alagoas.
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Um dos marcos desse desempenho é a consolidação da cidade de Craíbas como principal polo exportador do Estado, responsável por 28% de toda a exportação alagoana, com destaque para os minérios e derivados, vendidos para mercados como China, Finlândia, Singapura e EUA.
A chegada da Mineradora Vale Verde foi determinante nesse novo perfil da balança comercial alagoana, elevando a relevância da indústria extrativa no portfólio de exportações. Craíbas é seguida por São Luís do Quitunde, Coruripe, São José da Laje e Atalaia no ranking de municípios exportadores.
“O desempenho da indústria alagoana reflete um esforço articulado para ampliar o portfólio produtivo e gerar mais valor agregado à nossa pauta de exportações”, avalia o presidente da Fiea, José Carlos Lyra de Andrade. “Avançamos na diversificação, sem abrir mão dos setores tradicionais. O resultado é mais resiliência e mais oportunidades para o estado”, conclui.
Entre os dez principais produtos exportados estão ainda produtos cerâmicos, tabaco, conservas vegetais, máquinas e até frutas e carnes. O açúcar e derivados continuam sendo os campeões de vendas, representando 68,7% do total exportado, mas perdem espaço para novas frentes industriais. A indústria extrativa, por exemplo, fechou 2024 com crescimento de 12,5% na geração de empregos, puxando o desempenho positivo do setor.
Segundo o gerente do Observatório da Indústria, Rafael Fragoso, os dados demonstram uma reconfiguração produtiva em curso. “Mesmo com a queda da confiança no início de 2025, o ano passado mostrou que Alagoas ganhou musculatura no comércio exterior. Diversificamos mercados, ganhamos novos parceiros e ampliamos a base produtiva, com geração líquida de 4.621 empregos no setor industrial em 2024”, explica.
Além disso, o saldo entre abertura e fechamento de empresas foi positivo: 7.078 novas empresas foram constituídas entre janeiro e abril, com destaque para a formalização de microempreendedores e o crescimento do número de empresas industriais — hoje, 26.989 empreendimentos industriais ativos no estado, sendo 57% MEIs e 29% microempresas.