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HOME > notícias > ECONOMIA

Falta de compradores não deve reduzir preços de automóveis

Com estoques em alta, empresas devem resistir a uma redução de preços por conta da necessidade de investir em inovação, eficiência e eletrificação

Mesmo com os pátios enchendo e estoques reforçados, as montadoras não devem reduzir — ao menos, no curto prazo — o preço dos novos veículos. Essa é a avaliação de especialistas no setor, consultados pelo g1.

Nesta semana, Volkswagen, GM, Stellantis, Mercedes-Benz e Hyundai precisaram parar a produção e colocar funcionários em férias coletivas, enquanto as vendas de automóveis registram desaceleração. As montadoras dizem que estão ajustando a produção à nova demanda do mercado, que se reduziu com o aumento dos juros e encarecimento dos financiamentos.

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O excedente de produção, em tese, deveria criar novas condições para a comercialização de veículos — a famosa lei da oferta e demanda —, mas analistas dizem que as montadoras não podem abrir mão das margens de lucro por conta do momento que viveram durante a pandemia de Covid.

Com custo de produção em alta devido aos entraves logísticos e falta de matéria-prima durante os últimos anos, as empresas precisam recuperar o "dinheiro perdido". Ainda que as cadeias logísticas tenham melhorado em 2022, houve a guerra na Ucrânia que trouxe novos impactos em preços de commodities necessárias para a indústria.

É o caso de metais usados em semicondutores, peças responsáveis pela condução das correntes elétricas. São chips indispensáveis para a montagem de automóveis e eletroeletrônicos — que também tiveram aumento de demanda durante a pandemia.

Além disso, o mercado está em momento de alta competitividade, já que as montadoras correm contra o relógio em busca de desenvolver veículos que funcionem com novas matrizes energéticas, por exemplo. A eletrificação da linha demanda investimentos em pesquisa e eficiência, para que o produto final tenha preço competitivo dentro do mercado.

"As montadoras precisam gerar rentabilidade para fazer frente ao desafio de investimentos de conectividade e motorização", diz Antônio Jorge Martins, professor de mercado automotivo da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP).

"A única possibilidade de redução de preços é uma redução nos custos. Tanto de peças, componentes, semicondutores, logística e até a desvalorização cambial. Basicamente, todos esses fatores teriam que caminhar nessa direção para uma mexida de preço."

Entenda o caso

Cinco das principais empresas da indústria automotiva paralisaram suas principais fábricas no Brasil, por redução da demanda por carros novos. Ao contrário dos episódios recentes, a pandemia de Covid-19 deixou de ser o centro das atenções, e o foco é a alta dos juros.

Como mostrou o g1, os aumentos da taxa básica de juros, a Selic, feitos pelo Banco Central desde 2021, começaram, enfim, a trazer consequências mais fortes para a economia. E uma delas é, justamente, a redução do consumo por meio da dificuldade de concessão de crédito.

Para analistas que acompanham o setor, o encarecimento do crédito junto com a redução do poder de compra da população reduziu o potencial de financiamento e, por consequência, a demanda por carros novos.

Dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) mostram que janeiro de 2023 começou lento. Comparado ao mês anterior, houve queda de 34% nos emplacamentos de automóveis, veículos comerciais leves, caminhões e ônibus — ainda que o número seja 12% maior que o observado em janeiro de 2022.

Em fevereiro, nova queda: 9% em relação a janeiro. Contra o mesmo mês de 2022, o acumulado também passou ao campo negativo: recuo de quase 2%. Considerando apenas automóveis, houve redução de 7% e 4,2%, respectivamente.

“A retração de demanda em função da dificuldade de acesso ao crédito é o mais relevante agora. Não dá para dizer que não tem problemas de oferta pontuais na cadeia. Mas esse não é mais o grande problema”, diz Tereza Fernandez, economista da TF Associados.

Para Martins, da FGV-SP, as paralisações são necessárias para evitar um encalhe de novos modelos no estoque de montadoras e concessionárias. Isso porque dois em cada três automóveis são adquiridos no Brasil por meio de financiamentos, e as condições financeiras do brasileiro se deterioraram.

“Estamos falando de um poder de compra atingido pela inflação, pela falta de ajuste dos salários e um custo mais significativo dos financiamentos. Não se tira um carro novo da concessionária por menos que 25% a 30% ao ano”, afirma.

Martins diz ainda que, durante a pandemia, as montadoras priorizaram a produção de modelos de maior valor agregado, atendendo um público de renda mais alta. Agora que as camadas de renda mais baixa têm acesso mais restrito ao crédito, houve um duplo fator de desaceleração.

Para ele, o mercado só tende a se arrumar quando a população conseguir restabelecer seu nível de renda ou com políticas de acesso facilitado ao crédito. É deste lado que, segundo o analista, o governo tem trabalhado: buscando redução dos juros básicos do país e favorecendo a condição de empréstimos.

“À medida que tivermos uma sinalização ou mesmo uma reversão do quadro de juros, já deve servir de melhora de expectativas para o mercado como um todo”, diz.

Investimentos recentes

Entre o fim de 2021 e meados de 2022, montadoras que atuam no Brasil anunciaram investimentos em inovação que serão importantes no fator competitividade.

O primeiro deles foi da Volkswagen, que anunciou um pacote de investimentos de R$ 7 bilhões na América Latina entre 2022 e 2026. O primeiro projeto contemplado foi a produção do novo modelo, o Polo Track. Mas também foi anunciada a criação de um centro de pesquisa de biocombustíveis para desenvolvimento de tecnologia complementar à ofensiva global de eletrificação de veículos na América Latina.

Em fevereiro do ano passado, foi a vez da Volvo anunciar investimento de R$ 1,5 bilhão no Brasil até 2025, após registrar vendas recordes de caminhões. Os recursos foram voltados principalmente para pesquisa e desenvolvimento de produtos e serviços.

Em outubro, o Governo da Bahia anunciou a assinatura de um protocolo de intenções com a BYD Auto, subsidiária da BYD, multinacional de alta tecnologia chinesa, para a implantação de três fábricas. As unidades vão produzir chassis de ônibus e caminhões elétricos, veículos de passeio elétricos e híbridos, além de processar lítio e ferro fosfato.

A previsão de investimento na instalação das fábricas é de R$ 3 bilhões. Conforme o cronograma, todas as unidades começam a ser implantadas em junho deste ano. Duas delas devem estar concluídas em setembro de 2024, com início de operação em outubro. A terceira tem conclusão prevista para dezembro do mesmo ano, com início de operação em janeiro de 2025.

Esses são apenas alguns dos movimentos em busca de competitividade. A expectativa do setor para ampliar esse escopo é a reforma tributária. O projeto, considerado prioridade pelo governo federal, ainda não tem data para tramitar, ou entrar em vigor.

Seriam, portanto, efeitos de médio prazo: gerariam primeiro novos investimentos de outras empresas, mas não solucionariam a questão do preço de imediato.

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