Imagem
Menu lateral
Imagem
GZT 94.1
GZT 101.1
GZT 101.3
MIX 98.3
Imagem
Imagem
GZT 94.1
GZT 101.1
GZT 101.3
MIX 98.3
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no facebook compartilhar no linkedin
copiar Copiado!
ver no google news

Ouça o artigo

Compartilhe

HOME > notícias > BRASIL

Prefeitura de Belém leva em média 27 horas para transferir pacientes com Covid

No último dia 21 de abril, um pastor não resistiu à espera do transporte para ser transferido.

A transferência de pacientes com suspeita de Covid-19 da rede municipal de Belém para hospitais públicos de referência no tratamento tem levado, em média, 27 horas, segundo dados do governo do Estado. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sespa), a partir do momento em que o município pede um leito, o governo estadual leva 10 horas para liberá-lo, menos da metade do tempo que a prefeitura leva para fazer a transferência.

Antes da pandemia do novo coronavírus, o sistema de regulação de leitos demorava cerca 16 horas para efetivar o processo. Um novo sistema, que agilizou a liberação, reduziu essa espera para menos de oito horas, mas com o aumento da demanda esse tempo voltou a crescer, chegando a média de 10 horas de espera.

Leia também

Ainda de acordo com a secretaria, o atual tempo médio para transferência de pacientes é considerado "excessivamente alto para a gravidade dos casos".

A prefeitura de Belém disse, em nota nesta quarta (6), que transfere em até 30 minutos pacientes para leitos clínicos, em ambulâncias de suporte básico; e em cerca de uma hora pacientes para leitos de UTI, em ambulâncias de suporte avançado. O tempo de transferência, segundo a prefeitura, depende "da conversa entre o médico regulador, o médico da UTI em que o paciente está e o médico do hospital que irá recebê-lo, e outro fator é a condição clínica do paciente".

O pastor Tamilton Martins, 51 anos, morreu no último dia 2 de maio, esperando a transferência para um leito de tratamento. Após contrair doença respiratória aguda como consequência de Covid-19, de acordo com atestado de óbito emitido pela prefeitura. Ele foi internado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Icoaraci no dia 21 abril, segundo a família.

O filho dele Samuel, de 20 anos, conta, no entanto, que a família nunca recebeu resultado de teste e que, antes do óbito, a UPA teria sido informada, no dia 29 de abril, que o paciente estava na fila por um leito no hospital de campanha, montado no complexo Hangar, segundo documento que conseguiu com a equipe da unidade de saúde.

"Fiquei sem contato com meu pai antes de ele morrer. Eles não entregavam as roupas que a gente deixava lá para ele se trocar. Até conseguimos mandar carta com ajuda de um profissional da limpeza, mas não sabemos se ele leu antes de nos deixar. Eu e toda minha família ficamos várias madrugadas, dias, na porta da UPA, e não nos informavam nada. Até hoje não sabemos o resultado do teste e a sensação que ficou foi a de que não podíamos fazer nada diante disso tudo", afirmou.

O caso circulou pela internet por meio de um vídeo gravado por Samuel na porta da UPA. No relato, ele diz que a unidade teve um dia para dar resposta pelo sistema e transportar o paciente, mas a demora fez com que ele perdesse a vaga. A prefeitura alega que houve erro de interpretação do histórico de regulação.

O serviço funerário foi pago com a ajuda de arrecadação feita por membros da igreja em que Tamilton Martins atuava. O sepultamento ocorreu em um cemitério particular, onde a prefeitura começou a adquirir covas, no bairro do Tapanã.

Justiça

Uma ação da Procuradoria Geral do Município (PGM) tentou impedir judicialmente a conversão temporária do Hospital Abelardo Santos em pronto-socorro para atender pacientes com sintomas de Covid-19. A procuradoria voltou atrás após prefeito Zenaldo Coutinho dizer que é contrário ao pedido. Sobre o assunto, o G1 entrou novamente em contato com a prefeitura e aguarda retorno.

Um dos trechos do documento assinado pelo procurador-geral do município, Daniel Coutinho, afirma que "a transformação do Hospital Abelardo Santos em Pronto Socorro agravaria o atendimento a população belenense, frustrando todo o planejamento realizado e com risco de colapso ao sistema de saúde municipal".

Com o aumento de casos, UPAs e Pronto Socorros de Belém, portas de entrada do sistema, estão superlotadas e chegaram a não receber novos pacientes, devido à capacidade de atendimento. Belém não possui mais leitos, segundo a prefeitura.

A gestão estadual decidiu, então, abrir as portas de hospitais como Abelardo Santos e Galileu para pronto atendimento de pacientes com sintomas da Covid-19. Com a medida, houve aumento de 95 leitos, sendo 20 de UTI adulto e 75 leitos em enfermaria. Já foram atendidos, nas primeiras 48h de funcionamento, quase 3.500 pacientes no Abelardo Santos, segundo o governo estadual.

"Uma porta de urgência fechada é a face mais cruel do colapso de um sistema municipal de saúde. Além de dor e sofrimento, a porta fechada pode significar morte. Auxiliar no descongestionamento das UPAs e pronto-socorros tem sido prioridade para a Sespa, mas infelizmente o sistema de logística das ambulâncias do município tem tornado muito morosa a efetiva transferência dos pacientes", afirmou Alberto Beltrame, titular da Sespa.

A Secretaria de Saúde de Belém afirmou que, desde que o hospital Abelardo Santos se tornou porta aberta, não foi mais liberado leito para os estabelecimento de saúde de gestão municipal.

Liberação x Transferência

Para o secretário Beltrame, o problema está no transporte e gestão, que poderia ser resolvido com a alocação de ambulâncias e equipes para transferir pacientes para leitos já reservados.

"Um simples problema que tem causado uma maior permanência nas UPAs e prontos-socorros, sua superlotação e fechamento de suas portas. Estamos diante de um sério problema de gestão de logística, que tem causado grande ineficiência nos serviços disponíveis, que poderiam ser otimizados por uma maior agilidade na transferência de pacientes", afirma Beltrame.

Segundo um funcionário da rede municipal de saúde, que preferiu não ser identificado, a demora para transferência de pacientes graves de Covid-19 é uma realidade e uma reunião recente tratou da quantidade insuficiente de ambulâncias, com suporte adequado.

Relatório

De acordo com relatório da Sespa, o tempo médio de regulação do paciente é calculado a partir da solicitação até a liberação de vaga pela central. (veja na imagem abaixo) Com a vaga liberada, cabe ao solicitante, no caso o município, realizar a transferência até a unidade de referência. Portanto, não cabe ao Estado transferir pacientes, e sim, regulá-los.

O Hospital Abelardo Santos abriu as portas para pronto atendimento na última quinta-feira, dia 30 de abril.

Os pacientes que estavam internados no Hospital com indicação de cirurgia foram redirecionados para o Hospital Jean Bittar, as gestantes e puérperas para a Santa Casa, os pacientes internados em leitos de UTI foram para os Hospitais Metropolitano e Jean Bittar.

App Gazeta

Confira notícias no app, ouça a rádio, leia a edição digital e acesse outros recursos

Aplicativo na App Store

Tags

Relacionadas