Os prédios das faculdades de História e Geografia e da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo foram ocupados por estudantes, entre quarta-feira (18) e quinta-feira (19). As principais reivindicações são cotas sociais, políticas de permanência estudantil, contratações de profissionais e fim dos cortes na educação.
De acordo com comunicado divulgado pela ocupação da ECA, também existe a luta contra a ameaça de despejo da sede do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) pela reitoria, contra a proibição de festas, contra o governo de Michel Temer e pela retirada das sindicâncias de membros do Centro Acadêmico Lupe Cotrim. Os alunos do curso de biblioteconomia, que têm aulas no prédio central da ECA, ainda estão debatendo sobre entrar ou não em greve.
Leia também
Na História e na Geografia, a assembleia estudantil reforçou que está ao lado da Unicamp, da Unesp e dos alunos secundaristas, contra a precarização da educação. Os estudantes dos dois cursos organizarão atividades com rodas de discussões, cinedebates e saraus.Alunos de outros cursos estão deliberando sobre greve e ocupação.
Letras
Desde o dia 11 de maio, o prédio da Letras, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), está ocupado - principalmente por estudantes mulheres. "A gente segue forte", afirma uma das alunas, que preferiu não ser citada nominalmente. "Recebemos apoio externo e dos trabalhadores. Estamos fazendo atividades como aulas públicas, debates. A gente não está lá parado, é bem organizado", conta.

O grupo reivindica contratação de mais professores, políticas de permanência estudantil, expulsão da polícia militar do campus e abertura do livro de contas da USP. Também se mostra contrário à mudança no regime de contratação de professores - se eles se tornarem temporários, terão menos tempo de dedicação para pesquisa, dizem alunas. De acordo com uma delas, a reitoria enviou um comunicado afirmando que não mudará o esquema de contratação destes profissionais. A assessoria de imprensa da USP confirma a informação.
Greve dos funcionários
Os funcionários da USP, que declararam estar em greve desde o dia 12 de maio, quinta-feira, protestam contra o chamado desmonte da universidade - fechamento das creches para filhos de funcionários e estudantes, terceirização dos bandejões, intenção de acabar com o regime de dedicação exclusiva dos professores e degradação dos hospitais, entre outras causas.
O Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) pede também, junto a funcionários da Unicamp e da Unesp, reajuste da remuneração de acordo com a inflação pelo Dieese, mais 3% - o que daria cerca de 12,84%. No entanto, a proposta do Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) foi um reajuste total de 3%.
USP nega acusações
A USP aponta que as acusações sobre o desmonte não são verdadeiras e que o Sintusp "deveria contextualizar o que representa o 'desmonte' da Universidade e não apenas elencar pontos sem embasamento. Vamos a eles:
- as creches não foram fechadas. Continuam atendendo as crianças matriculadas.
- os hospitais ainda não foram vinculados à Secretaria de Saúde.
- não houve fim da dedicação exclusiva dos professores.
- não houve demissão de funcionários. Foi implantado o Programa de Incentivo à Demissão Voluntária no ano passado.
- a Universidade está discutindo novas formas de ingresso a seus cursos de graduação.
- não houve corte de bolsas, afirmou a USP em nota.