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Comer para silenciar: quando a compulsão alimentar revela uma mente exausta

Muito além do metabolismo, a obesidade e os transtornos alimentares estão fortemente ligados ao sofrimento emocional e à forma como nos relacionamos com o alimento


			
				Comer para silenciar: quando a compulsão alimentar revela uma mente exausta
Dra. Lindinêz Cecílio é Médica pela Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte. Arquivo pessoal

Não é sobre falta de força de vontade. Nem apenas sobre genética ou metabolismo.

A compulsão alimentar tem raízes mais profundas do que muitos imaginam — e, na maioria das vezes, elas estão fincadas em questões emocionais não resolvidas. Em um mundo acelerado, onde o descanso virou luxo e o autocuidado é constantemente adiado, o alimento passou a ocupar um papel que vai muito além da nutrição: virou alívio, recompensa, válvula de escape.

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O alimento como anestésico emocional

Quantas vezes o prato cheio veio logo depois de um dia vazio? Comer em excesso, buscar sabores intensos, repetir porções mesmo sem fome… tudo isso pode representar tentativas inconscientes de preencher um espaço interno de dor, solidão ou frustração. A comida passa a ser o anestésico mais acessível: disponível, socialmente aceito e capaz de gerar uma resposta rápida de prazer via liberação de dopamina. Mas, como toda solução imediata, ela não resolve — apenas adia.

Dopamina, exaustão e a busca por alívio

A rotina exaustiva, marcada por sobrecarga emocional, cobranças constantes e ausência de pausas, favorece um estado de estresse crônico. E é nesse cenário que o cérebro começa a buscar, de forma desregulada, recompensas rápidas para compensar o desgaste.

A comida, nesse contexto, deixa de ser um ato de nutrição e passa a ser uma resposta dopaminérgica: quanto maior o estresse, maior a busca por um prazer imediato. O problema é que essa resposta, repetida ao longo do tempo, desregula completamente a forma como nos relacionamos com o comer — criando um ciclo de descontrole, culpa e sofrimento.

Muito além do metabolismo: um olhar para o psiquismo

A obesidade e os transtornos alimentares ainda são, majoritariamente, tratados sob uma ótica biológica: metabolismo lento, disfunções hormonais, resistência à insulina.

Mas e quando o problema não está no corpo, e sim na mente? Quando a comida se torna o único momento de alívio no dia, o único instante de recompensa genuína em uma rotina emocionalmente árida?

A compulsão alimentar não é um problema exclusivamente metabólico. É, antes de tudo, uma tentativa do psiquismo de lidar com o sofrimento — ainda que de forma disfuncional.

Tratar o corpo sem escutar a mente é enxugar gelo

Dietas, medicações e restrições podem funcionar no curto prazo, mas quando o comportamento alimentar é movido por emoções mal compreendidas, o ciclo tende a se repetir. Tratar a compulsão alimentar exige escuta, acolhimento e uma abordagem que considere os aspectos psíquicos, emocionais e sociais.

É preciso entender o que está por trás do ato de comer: a ansiedade, a tristeza, a solidão, o cansaço crônico ou a sensação de estar sempre no limite. É aí que mora a raiz.

Conclusão

A fome que a compulsão tenta saciar não está no estômago. Está nas emoções ignoradas, nas dores não verbalizadas, nas tensões que vão se acumulando até transbordar em comportamentos impulsivos.

Por isso, ao invés de perguntar “o que você está comendo?”, talvez devêssemos começar a perguntar “o que está te comendo por dentro?”

Porque curar a relação com o alimento é, no fundo, um caminho de cura da relação que temos com a vida — e, principalmente, com nós mesmos.

Dra. Lindinêz Cecílio

Médica pela Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte

Pós-graduada em Psiquiatria pela Afya

Atendimento em saúde mental com foco em transtornos de ansiedade, compulsão alimentar, depressão e TDAH

Instagram: @dralindinezcecilio

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*Os artigos assinados são de responsabilidade dos seus autores, não representando, necessariamente, a opinião da Organização Arnon de Mello.

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