
A defesa do adolescente Gabriel Lincoln Pereira da Silva, morto após uma perseguição policial no último dia 3, em Palmeira dos Índios, protocolou um pedido para que seja realizada a reprodução simulada dos fatos.
A solicitação foi feita junto ao delegado de polícia João Paulo Canuto, titular da Delegacia de Homicídios, e tem como objetivo esclarecer os detalhes da ação que terminou com a morte do jovem de 16 anos. A informação foi repassada pelo advogado Gilmar Torres, na manhã desta terça-feira (13), em entrevista ao programa Gazeta Notícias, da rádio Gazeta FM Arapiraca.
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O advogado afirmou que há imagens que mostram apenas a sequência da abordagem policial, desde o início da perseguição até o momento em que a viatura fecha o veículo conduzido por Gabriel, causando sua queda na calçada. Mas não mostra a vítima sendo baleada.
“Protocolei junto ao delegado um requerimento pedindo que seja marcada a reprodução simulada do caso o mais rápido possível. Isso vai trazer luz aos fatos. A imagem que temos mostra quando a viatura da polícia o fecha, levando-o a tombar na calçada e, em seguida, o disparo fatal. Essa reprodução é de suma importância porque várias dúvidas serão sanadas”, declarou o advogado. Ele ressaltou ainda que, embora as imagens não captem o exato momento do disparo, evidenciam a dinâmica da abordagem.

A família, segundo Gilmar, busca respostas e não aceita o desfecho da ocorrência. “Não é admissível que o simples fato de o menor não ter obedecido uma ordem de parada da Polícia Militar venha a ter um fim trágico. Um erro jamais justificará outro. Queremos apenas a verdade dos fatos”, afirmou.
Descrito como um jovem alegre e empreendedor, Gabriel sonhava em abrir um negócio próprio. Os pais, Cícero e Fernanda, investiram nesse projeto: ele, motorista de ambulância da prefeitura, vendeu um veículo para comprar o maquinário; ela, professora, deixou a profissão para apoiar o filho. O quiosque de lanches funcionava em frente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município.
“Era um adolescente de conduta ilibada, sem qualquer histórico que desabonasse sua imagem. Um garoto feliz, brincalhão e muito querido por todos”, reforçou Gilmar Torres.
No dia do ocorrido, os pais estavam trabalhando e só souberam da tragédia cerca de 40 minutos depois de Gabriel dar entrada na UPA.
O CASO
Gabriel Lincoln foi baleado durante uma ação da Polícia Militar (PM) no bairro Vila Maria, em Palmeira dos Índios, no dia 3 de maio. Segundo relatos iniciais, ele teria sido atingido por um disparo efetuado por agentes durante a perseguição.
A família nega que ele estivesse armado e acusa os policiais de uso excessivo da força. Por sua vez, segundo a versão da PM, o adolescente estaria "empinando" a motocicleta e avançou um sinal vermelho, momento em que foi dado ordem de parada. Ele não teria obedecido e, ainda de acordo com os policiais, disparou contra a guarnição.
O caso segue sob investigação da Polícia Civil (PC).