
Certas vezes custo a acreditar em certos acontecimentos contemporâneos. Em meio a tantos absurdos, dia após dia, um fato novo e passível de incredulidade surge para abismar ainda mais a sociedade sã que ainda resta.
A abordagem neste artigo é sobre a tosca moda da paternidade e maternidade do bebê “reborn”, um simulacro que imita um recém-nascido, e a depender da qualidade do objeto, os traços e características são bastante semelhantes.
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Notícias se espalham trazendo diversos acontecimentos isolados. Acreditem, tem casal se divorciando e pleiteando a “guarda” do filho “reborn” na justiça, como se o judiciário já não estivesse abarrotado e revestido de morosidade plena nos andamentos processuais.
Outra situação, cômica e trágica, foi a de uma funcionária que enviou uma mensagem ao seu superior, justificando a falta naquele dia de trabalho pelo fato de seu “filho reborn” ter passado mal durante a madrugada e a mãe (a funcionária com indícios de insanidade) ter que levá-lo ao “pediatra reborn” – nova especialidade da medicina putativa – para que tratasse e medicasse o boneco.
Me vem a indagação: Em que mundo estamos vivendo? Que tempo estamos passando? Pessoas adoecendo, a internet viciando, crimes sobrenaturais sendo executados com requintes de crueldade e brutalidade jamais vistos anteriormente.
Se fôssemos narrar os contrassensos mundanos da atualidade, o descontentamento e descrença só aumentariam significativamente. De fato, o mundo está acinzentado.
Por Bruno Callado
Advogado criminalista pós-graduado em Direito Penal e Processo Penal e Perícia Criminal.
*Os artigos assinados são de responsabilidade dos seus autores, não representando, necessariamente, a opinião da Organização Arnon de Mello.