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Vereadores cobram debate sobre impacto ambiental de megatorres na Lagoa da Anta

“Não podemos pensar apenas em uma cidade de concreto”, alerta o vereador Alan Pierre


			
				Vereadores cobram debate sobre impacto ambiental de megatorres na Lagoa da Anta
Vereadores cobram debate sobre impacto ambiental de megatorres na Lagoa da Anta. Foto: Gazetaweb

A construção de cinco megatorres na região da Lagoa da Anta, no coração da Jatiúca, tem gerado preocupação entre os vereadores de Maceió. Durante a inauguração da 23ª legislatura da Câmara Municipal, na manhã dessa terça-feira (4), o projeto bilionário da Record Construtora, que já fechou acordo com o Grupo Lundgren, dono do Hotel Jatiúca, foi um dos temas mais discutidos e deve dominar a pauta legislativa este ano. A questão ganha ainda mais relevância diante da atualização do Plano Diretor da cidade, que segue desatualizado há mais de 15 anos.

Ambientalistas alertam que o empreendimento pode causar impactos ambientais significativos, afetar a mobilidade urbana e restringir o acesso da população à região, reforçando a necessidade de um debate amplo, com participação popular e embasamento técnico, como defendem os parlamentares.

Proposta de desapropriação para criação de parque público

O vereador Alan Pierre (MDB) se posicionou contra o avanço imobiliário na área e anunciou que pretende apresentar uma indicação para a desapropriação do espaço, transformando-o em um novo parque público para os maceioenses.

“Vamos ao amplo debate. Não podemos pensar apenas em uma cidade de concreto. Vou propor que o município faça a desapropriação da área e crie um novo parque como patrimônio da cidade. Não dá mais para priorizar apenas a expansão imobiliária sem considerar áreas de convivência para toda a população”, afirmou Pierre.

Impactos ambientais e crescimento desordenado

O ex-prefeito e vereador Rui Palmeira (PSD) reforçou que a Câmara acompanhará de perto a questão, principalmente por se tratar de uma área sensível, que abriga manguezais, coqueirais e um ecossistema interligado à lagoa. Ele alertou para os riscos de empreendimentos imobiliários predatórios na região.

“É muito preocupante. A Câmara estará atenta, e o presidente deve nomear os novos presidentes das comissões. A comissão responsável pela área ambiental também acompanhará de perto. A Lagoa da Anta sempre foi uma área polêmica e precisa ser tratada com responsabilidade”, disse Palmeira.

O vereador Delegado Thiago Prado (PP) destacou que o tema precisa ser debatido sob a ótica do desenvolvimento sustentável, equilibrando crescimento econômico e preservação ambiental.

“Essa área tem uma riqueza natural grandiosa para a cidade e não pode ser privatizada de forma a impedir que os maceioenses usufruam dela. Dependendo do tamanho das torres, o projeto pode causar impacto no meio ambiente, bloqueando a luz natural e prejudicando as barreiras de corais. Precisamos de estudos técnicos que nos deem segurança para deliberar sobre isso”, afirmou Prado.

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Patrimônio maceioense deve ser preservado

O vereador David Empregos AL (União) ressaltou que a Lagoa da Anta deve ser tratada como um patrimônio da cidade, garantindo que projetos desse porte beneficiem a população local e não apenas turistas.

“Ainda não me aprofundei nesse assunto, mas, pelo que soube, há um compromisso para que a área seja repaginada. Esse é um patrimônio de Maceió. O que puder ser feito para manter a paisagem da Lagoa da Anta e de outros pontos turísticos da cidade, eu estarei à disposição da sociedade”, afirmou.

O presidente da Câmara, Chico Filho (PL), declarou que, até o momento, a discussão não chegou oficialmente à Casa, mas garantiu que o tema será tratado com transparência e dentro da legislação vigente, caso seja protocolado.

“Há muitas informações circulando sobre esse projeto. Naturalmente, quando propostas dessa natureza chegarem à Câmara, vamos conduzir a discussão com conhecimento e responsabilidade. A Lagoa da Anta é um ponto turístico importante e precisamos ter um olhar especial para essa questão”, pontuou Chico Filho.

Plano Diretor desatualizado e falta de regulamentação

A vereadora Teca Nelma (PT) criticou a falta de planejamento urbano e a defasagem do Plano Diretor de Maceió, que, segundo ela, não acompanhou as mudanças ambientais da cidade, incluindo as consequências do crime ambiental provocado pela Braskem.

“Não dá para a cidade crescer de forma desordenada sem uma regulamentação atualizada. Temos um Plano Diretor que sequer considerava o crime ambiental da Braskem. A cidade está crescendo de maneira caótica, e fica difícil preservar o meio ambiente quando não há regras claras”, afirmou Teca.

Presente à sessão representando o prefeito JHC (PL), o vice-prefeito e secretário municipal de Infraestrutura, Rodrigo Cunha (Podemos), garantiu que o município está atento à preservação ambiental, sem inviabilizar investimentos.

“Aquela área tem uma lagoa muito simbólica para o maceioense, e a questão ambiental precisa ser preservada. No entanto, temos que olhar para o futuro e permitir que a área seja mais acessível. O projeto precisa contemplar formas de integração. Vamos estar vigilantes para que não aconteça nada que prejudique Maceió, respeitando o meio ambiente e a população”, disse Cunha.

Negociação bilionária e pagamentos milionários já firmados

O projeto da Record Construtora tem um Valor Geral de Vendas (VGV) que pode chegar a R$ 2 bilhões, segundo agentes do mercado imobiliário. As negociações com o Grupo Lundgren estão sendo mantidas “sob sigilo”, conforme declarou Hélio Abreu, sócio da construtora, e incluem um “contrato de gaveta” já fechado. Houve um pagamento inicial de R$ 10 milhões à vista.

Agentes do mercado imobiliário estranham e questionam o motivo de a negociação estar sendo mantida em sigilo, já que o projeto, por seu impacto urbanístico e ambiental, deveria ser de amplo conhecimento da população.

Os termos estabelecem ainda que a Record assumirá uma dívida de R$ 260 milhões do Grupo Lundgren junto a instituições financeiras. Além disso, há um pagamento adicional de R$ 260 milhões, totalizando R$ 520 milhões, referente a uma taxa de valorização de 35% sobre a incorporação da área ao projeto.

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