Pressionado por uma tropa insatisfeita e quase no fim de uma gestão marcada pela desvalorização humana e omissão à pauta de interesse da classe, o Governo de Alagoas marcou, para esta terça-feira (8), uma nova assinatura de ordem de serviço para a reforma do Quartel-Geral da Polícia Militar, no centro de Maceió. O prédio está entregue às traças, após ter a estrutura condenada pela Defesa Civil diante do iminente risco de desmoronamento. O descaso foi denunciado pela Gazeta em dezembro de 2021.
O processo para reforma do QCGPMAL foi aberto em 2015 e estava sob análise da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) desde então. Foi distribuído no dia 2 de dezembro do ano passado, para manifestação do procurador João Paulo Gaia, e, depois de dois meses, foi dado o aval para que os reparos fossem feitos.
Apesar de estar se despedindo do Palácio República dos Palmares, a equipe governista anunciou a promessa de garantir melhorias nas instalações do edifício, para que possa abrigar, novamente, os setores administrativos, inclusive o Alto Comando da corporação. Não foi divulgado o prazo para conclusão dos trabalhos, sendo quase certo que só o próximo gestor vai fazer a reinauguração. A obra vai custar R$ 7.819.623,30 aos cofres do Tesouro Estadual, conforme divulgado pela Secretaria de Comunicação do Estado de Alagoas.
Estrategicamente, o governador marcou a solenidade dias após a PM celebrar 190 anos de fundação. No entanto, a data foi ofuscada pela mobilização dos militares em busca de conquistas pleiteadas há décadas e ignoradas pela gestão de Renan Filho. Nesta terça-feira à tarde, a tropa se reúne em uma assembleia, no Clube dos Subtenentes e Sargentos, para discutir a pauta, que inclui a implantação do escalonamento, reorganização das corporações e o sistema de proteção dos policiais e bombeiros de Alagoas.
E a falta de uma sede para o Alto Comando e demais setores administrativos é motivo de constrangimento para uma instituição centenária (prestes a completar 200 anos). Há dois anos, a administração da PM precisou sair às pressas do QCG após receber laudo da Defesa Civil Estadual. O comando passou a funcionar, de maneira improvisada, na Academia, que fica no Trapiche da Barra. Antes disso, havia a pretensão de manter o Comando Geral no local onde funcionava uma faculdade particular, no bairro da Serraria, mas a ideia não deu certo.
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Em agosto deste ano, um vídeo contendo imagens do interior do Quartel do Comando Geral gerou uma ampla repercussão. Nele, é possível constatar a situação de abandono do local, causando uma enorme indignação por membros da tropa. Pouco tempo antes de ele ser divulgado, o secretário de Segurança Pública, Alfredo Gaspar de Mendonça, chamou representantes da alta cúpula da corporação para anunciar o processo de licitação, mesmo sem a garantia de que as obras seriam iniciadas.
O ex-comandante da PMAL, Marcos Sampaio, que iniciou as tratativas para que a licitação da reforma do QCG acontecesse, disse lamentar a burocracia. Ele explica que a desativação do Serveal [Serviços de Engenharia do Estado de Alagoas S/A] fez com que o processo de escolha da empresa que faria o serviço ficasse sob a responsabilidade da Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra). Como esta fase foi superada, a análise está com a Procuradoria-Geral do Estado (PGE).
“O prédio é histórico e tem certas peculiaridades que devem ser consideradas, como sua arquitetura. O projeto existente é para reforma e não de construção, e apenas o Comando Geral será contemplado. Os anexos não estão reformados. O laudo da Defesa Civil, à época, orientou a saída do Comando, apenas”, destacou Sampaio.
Ele explica que o risco de desabamento afeta a platibanda direita (uma espécie de mureta utilizada com a finalidade de esconder o telhado), especificamente com afastamento de mais de um metro da laje, ou seja, o teto do prédio. E garante que a estrutura física está preservada, acrescentando que o projeto prevê a modernização de todo o QCG.