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Mais de R$ 137 milhões liberados pelo governo federal para Alagoas 'mofam'

Governo Renan Filho não atende exigência de ministérios e recursos para o estado não são utilizados para obras

Quando assumiu o governo de Alagoas, Renan Filho (MDB) estava decidido a mudar a cara do Estado. O que não revelou, porém, era que, mesmo com recursos federais conseguidos com aliados, iria preferir desviar a finalidade do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep), deixando os miseráveis onde sempre estiveram: nas favelas. Tudo porque seus técnicos e secretários não conseguiram atender as exigências dos Ministérios do Turismo, Saúde, Esporte e Transportes. A soma das 12 obras com cláusula suspensiva impressiona, já que são R$ 137.326.615,57 em verba da União que estão parados.

Em boa parte de seus discursos transmitidos ao vivo em suas redes sociais, Renan Filho costuma sugerir que usa recursos próprios por ter equilibrado as contas estaduais. Entretanto, na verdade, não justifica porque certidões, projetos e prestações de contas não foram encaminhados aos órgãos e, consequentemente, garantir a liberação dos recursos.

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Todos os detalhes sobre valores, a origem do dinheiro e o prazo de vigência dos convênios constam de um detalhado relatório que está disponibilizado no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) e Caixa Econômica Federal. Lá, conforme apurado pela reportagem, constam 12 projetos com cláusulas suspensivas. Ou seja, o dinheiro está garantido, porém, sem ser utilizado, porque, para ser retirado em forma de parcelas, cada etapa da execução precisa ser devidamente comprovada.

As três maiores obras em termos de volume financeiro são: construção do Hospital Metropolitano, que tem disponíveis R$ 45,6 milhões com previsão de gastos até 2021; a pavimentação do trecho Rota Caminhos do Imperador, AL -230, entroncamento AL-110 até o entroncamento da BR -101, em Penedo, que tem depositados R$ 45 milhões; e a pavimentação da estrada Parque Rota Ecológica, trecho 23,5 Km, a partir da rodovia AL-101 Norte entre os municípios de Passo de Camaragibe e Porto de Pedras, que tem R$ 38 milhões garantidos.


				
					Mais de R$ 137 milhões liberados pelo governo federal para Alagoas 'mofam'
FOTO: ARQUIVO GAZETAWEB

O caso mais explícito é o do Hospital Metropolitano, obra considerada estratégica pelo governo e que, de fato, terá sua relevância para a sociedade alagoana. Porém, o preço disso é a utilização dos recursos do Fecoep, que deveriam ser aplicados em ações efetivas para a retirada das famílias que vivem abaixo da chamada linha de pobreza. Aquelas que quase sempre sobrevivem com o Bolsa Família.

Quando falou da obra, no início da semana passada, o governador tinha resposta para tudo, menos para explicar porque priorizou gastar o dinheiro destinado aos pobres, ao invés do que havia sido garantido desde 2017 pelo governo federal. Por conta da relação que mantém, atualmente, com 95% da mídia que troca publicidade pelo silêncio, quase sempre as coletivas se transformam em palestras, sem que ninguém o indague sobre o que vai ocorrer com os recursos já garantidos e, principalmente, porque o governo não agilizou a documentação exigida pelo órgão financiador.

A exceção da primeira, que conta com recursos do Ministério da Saúde e uma contrapartida do governo de Alagoas de R$ 14,4 milhões, as demais têm recursos oriundos do Ministério do Turismo, ambos liberados em 2018, no período em que o deputado federal Marx Beltrão (PSD) era ministro da pasta.

Há quem acredite que ao optar também pelo uso de recursos próprios, obtidos a base de imposto arrecado dos alagoanos, o governo também não se sente obrigado a revelar quem assegurou ou desbloqueou as cifras federais. Mantendo, assim, a máxima sobre a sua prática política de que ao seu lado "ninguém cresce ou aparece".


				
					Mais de R$ 137 milhões liberados pelo governo federal para Alagoas 'mofam'
FOTO: Gazeta de Alagoas

Sem obras

AGazetafoi até as cidades de Barra de Santo Antônio e povoado de Barra de Camaragibe, que pertence à cidade de Passo de Camaragibe, ambos no Litoral Norte do Estado. O objetivo era encontrar e registrar algum metro quadrado executado da obra de pavimentação da Estrada Parque Barra de Santo Antônio - Camaragibe, avaliada em R$ 27 milhões, que teve o recurso garantido em 2018 e com vigência do convênio até 2022.

Em Barra de Santo Antônio, o acesso que beira a orla existe por força dos empresários da região e da prefeitura, que vez ou outra passam a máquina para diminuir os "sacodes" de quem passa de carro pela região. Diante da demora, uma parte do trecho urbano será feita pela prefeitura, pelo menos até o Restaurante Capitão Nícolas.

Já o trecho que deveria ligar as duas cidades, encurtando a viagem até a Barra de Camaragibe, existe só no imaginário. Isso porque o acesso é de barro e por conta do inverno rigoroso, aos poucos os buracos foram tomando conta do espaço. Numa outra parte, pouco depois do caminho que liga a praia do Carro Quebrado, praticamente desapareceu.


				
					Mais de R$ 137 milhões liberados pelo governo federal para Alagoas 'mofam'
FOTO: ARQUIVO GAZETAWEB

Por orientação dos moradores da região, a reportagem foi orientada a não continuar por conta do risco de assalto ou até mesmo se perder em meio ao canavial. Diante dessa realidade, a única maneira de tentar chegar é voltar até a AL-101 Norte e seguir viagem até o acesso pela cidade de Passo de Camaragibe, após a cidade de São Luís do Quitunde, uma viagem de  62,7 km, o que representa mais 1 hora e 25 minutos a mais de viagem.

Conforme apurou a Gazeta, se o trecho hoje existisse, o percurso seria de 13 km, o que representaria movimento não só durante a alta temporada turística, mas fora dela pelos próprios alagoanos que, por conta da redução do tempo de viagem, explorariam essa região durante o ano todo. É esse movimento que os comerciantes da região e os moradores, que nem sempre têm alternativa de emprego, querem que exista, independente dos dias de feriado prolongado, quando mesmo na baixa temporada a procura por passeios costuma também ter um leve aumento.


				
					Mais de R$ 137 milhões liberados pelo governo federal para Alagoas 'mofam'
FOTO: Gazeta de Alagoas

Espera

A espera por esta obra, que agora tem novamente recursos garantidos, nasceu com os projetos Onda Azul e Costa dos Corais. Isso significa que são mais de 20 anos de espera por uma obra que deveria interligar toda a orla. Enquanto isso não ocorre, as belezas naturais da região, agora, são capitaneadas pelo interesse de muitos turistas pela região de São Miguel dos Milagres, que se tornou badalada por conta dos Réveillons.

Na Barra de Camaragibe, a simpatia e receptividade das pessoas estão por toda a parte. Seja nos restaurantes, pontos de venda de artesanato, até entre os que vendem frutas e mariscos. Aliás, é essa atividade que acaba empregando, de modo informal, milhares de pessoas. Entretanto, dependem do movimento intermitente dos visitantes.

É o caso do pescador José Moreira dos Santos, 49 anos, que, depois de acordar pela madrugada, conseguiu capturar alguns siris e os colocou expostos à beira da estrada, a fim de garantir algum dinheiro. Nascido e criado na Barra de Camaragibe, ele tinha vendido "quase nada" na última quarta-feria (21), quando conversou com a reportagem da Gazeta.

"Se tivesse mais movimento com procura pelas coisas que os turistas gostam, acho que teria a chance de trabalhar com outro negócio e fazer uma renda melhor. Para ter isso aqui na banca, acordei pouco depois das 3h da manhã. Ainda bem que o rio e o mar têm fartura, e, se não vender, é o que garante a comida do dia", afirma José dos Santos, com um sorriso para disfarçar a decepção da baixa nas vendas.

Mais adiante, após o portal da entrada da cidade, dois exemplos de quem decidiu romper com a lógica de trabalho da região (pesca, comércio ou construção) e optou por criar um caminho diferente. O pequeno empresário Antônio Marcos dos Santos Oliveira, 31 anos, oferece passeios de bicicleta orientados pelo amigo e guia, Alessandro dos Anjos Lopes, 25 anos.

"Acreditei nessa ideia há cinco anos e graças a Deus tenho conseguido criar uma alternativa, se não estaria na atividade da pesca como a maioria. Acredito muito nessa região e ofereço esse passeio orientado que pode ser feito de 1h a 2h30. Acredito que se existisse a estrada teria mais movimento, com certeza", disse Antônio Marcos.

No ponto onde montou seu negócio há outras barracas e pessoas que acreditam que o turismo é a redenção da região. A beleza das praias e o clima quente, mesmo no inverno, acabam sendo convidativos para caminhadas e o consumo de artigos da moda tipicamente praieira. Foi no que investiu José Miguel dos Santos, 49 anos, que vende artesanato.

Quando o encontramos ele negociava com uma turista estrangeira a venda de bolsas feitas à mão com o uso de palha também existente na região. Com a experiência de quem trabalhou na Feirinha da Pajuçara, ele conta que o potencial da área é incrível e se ampliou ainda mais por conta da badalação nacional dos Réveillons.

"Essa estrada aqui eu ouço falar nela antes do projeto Onda Azul, mas nunca saiu. Nesse intervalo eu saí, trabalhei em Maceió, voltei, Milagres cresceu e agora já existe novas perspectivas. Sou a favor do desenvolvimento, por nós somos simpáticos, sabemos e gostamos de receber bem. Sendo assim, quanto mais movimento melhor", acrescentou José Miguel.

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