O desempenho nas eleições expôs uma crise no PT e provocou troca pública de farpas entre a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann (PT-PR), e o ministro das Relações Institucionais do governo Lula, Alexandre Padilha (PT-SP).
O cenário também fez com que os dirigentes locais refletissem sobre os pontos altos e baixos da última campanha, defendendo a autocrítica e mudanças na estratégia de campanha e de comunicação daqui para frente.
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O ministro comparou o resultado do PT nas urnas à zona de rebaixamento de um campeonato de futebol ao afirmar que a sigla “não saiu do z4” este ano. A reação da deputada federal foi rápida. Para Gleisi, Padilha ofende o Partido dos Trabalhadores ‘fazendo graça’, quando deveria focar na articulação política com o Congresso.
Ao analisar o tamanho da legenda e a treta entre os representantes, o deputado federal Paulão (PT-AL) cravou que o desempenho do PT foi razoável, com prejuízo enorme nos municípios com mais de 100 mil habitantes, principalmente no Sudeste. Em São Paulo, por exemplo, onde o partido nasceu, só foram eleitos quatro prefeitos petistas.
“Este quadro merece uma reflexão, com os pés no chão. Só penso que essas polarizações públicas [declarações dos representantes] não são boas para o partido. As questões devem ser discutidas dentro de casa. O governo precisa repensar o dilema que está vivendo no mundo. As redes sociais e inteligência artificial vieram para ficar, e o PT deve compreender bem as novas tecnologias. Admito que a direita trabalha melhor que a esquerda e gasta muito com as estratégias inovadoras”, reforçou.
Segundo ele, o PT possui integrantes que resistem a essas mudanças, o que acaba refletindo no desempenho em comparação aos partidos da direita e da extrema-direita. “Por isso, entendo que o Partido dos Trabalhadores tem que mudar e corrigir a falha na comunicação do governo. A crítica feita ao partido é correta”.
Apesar de defender uma troca de postura, Paulão cita avanços da sigla em Alagoas, como a eleição da vereadora Teca Nelma (PT) em Maceió com uma votação expressiva e o aumento do número de cadeiras no Parlamento de 8 para 21 em todo o Estado. “Vivemos uma quadra política de muita complexidade”.
BALANÇO
Na opinião do presidente do PT Maceió, Marcelo Nascimento, os partidos políticos têm autonomia e perspectivas diferentes nas suas avaliações sobre resultado das eleições municipais, independentemente das análises meramente matemáticas de setores da imprensa nacional.
“Nos próximos dias, a Executiva Nacional do PT vai fazer um balanço das eleições 2024 e divulgar uma nota pública. Embora constatemos um crescimento no número de prefeituras que serão governadas pelo PT no próximo ano, avalio que o resultado geral demonstrou que o eleitorado brasileiro ficou indiferente à polarização nacional entre PT versos PL, aumentando significativamente o percentual de abstenções em algumas importantes capitais e garantindo vitória a partidos que não estão umbilicalmente ligados a esta polarização. O PT foi vitorioso em 252 cidades e ajudou a eleger mais de mil prefeitos de partidos aliados no plano nacional”, avaliou.
O PT conquistou apenas uma capital nas eleições municipais deste ano. Evandro Leitão se elegeu prefeito de Fortaleza em uma disputa voto a voto contra o candidato do PL, André Fernandes.
Em Alagoas, o PT elegeu este ano apenas o prefeito de Olho d’Água do Casado, Chico Bezerra Já em Maceió, o partido conseguiu eleger Teca Nelma para a Câmara Municipal.