
A Polícia Federal indiciou nesta terça-feira (17) o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu filho Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) por organização criminosa, interceptação ilegal de comunicações e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. O inquérito revela que uma estrutura clandestina de espionagem operou no governo Bolsonaro, monitorando ilegalmente autoridades dos três Poderes, incluindo os alagoanos Arthur Lira (PP), presidente da Câmara dos Deputados, e o senador Renan Calheiros (MDB).
O relatório final da Polícia Federal foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da Operação Última Milha. Segundo a investigação, o esquema utilizava recursos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar ilegalmente autoridades, servidores públicos, políticos e jornalistas, sem qualquer respaldo legal.
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Além de Lira e Renan, foram alvos da espionagem ministros do STF como Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli e Luiz Fux, além de parlamentares como Omar Aziz (PSD-AM), Randolfe Rodrigues (AP), Alessandro Vieira (MDB-SE) e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia.
A investigação aponta que o grupo também criou perfis falsos nas redes sociais para divulgar informações falsas contra os espionados, com o objetivo de interferir no debate público e enfraquecer adversários políticos.
Logo após a divulgação do indiciamento, o senador Renan Calheiros se manifestou nas redes sociais. “A chamada Abin paralela espionou ilegalmente toda a cúpula da CPI da Covid, da qual fui relator. Na sabatina do atual diretor do órgão, em maio de 2023, chamei a atenção para os desvios na Abin. Mais de 30 foram indiciados por espionagem política”, afirmou.
No total, 35 pessoas foram indiciadas, incluindo agentes públicos, ex-integrantes do governo e operadores do esquema, que atuaram no comando e na execução das ações clandestinas. A PF afirma que houve violação sistemática de garantias constitucionais de privacidade e sigilo, configurando uso político e eleitoral da máquina pública.
A lista de alvos da espionagem inclui:
• Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados;
• Renan Calheiros (MDB-AL), senador;
• Alexandre de Moraes, ministro do STF;
• Luís Roberto Barroso, presidente do STF;
• Dias Toffoli, ministro do STF;
• Luiz Fux, ministro do STF;
• Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados;
• Kim Kataguiri (União-SP), deputado federal;
• Joice Hasselmann, ex-deputada federal;
• Alessandro Vieira (MDB-SE), senador;
• Omar Aziz (PSD-AM), senador;
• Randolfe Rodrigues (AP), senador;
• João Doria, ex-governador de São Paulo;
• Servidores da Receita Federal e do Ibama;
• Jornalistas Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista.
O caso agora será analisado pelo Supremo Tribunal Federal, que decidirá sobre o recebimento da denúncia e os desdobramentos criminais contra os envolvidos.