
Delegada federal há 22 anos, sendo mais de dez no combate aos crimes de desvio de recursos públicos e corrupção. É com esse currículo que Bruna Rizzato Barbosa assume a chefia da Polícia Federal (PF) em Alagoas.
Sinônimo de confiança para a maioria dos cidadãos, a instituição já foi comparada à Gestapo e teve delegado alvo de acusações por suposto abuso de autoridade. É também lembrada por operações como as históricas “Taturana” e “Sanguessuga”, que levaram políticos à cadeia, e, mais recentemente, “Lágrimas de Sal”, que indiciou os responsáveis pelo crime do afundamento do solo em bairros de Maceió, mas sem prisões.
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Agora no comando, Rizzato garante que a PF não investiga pessoas, mas fatos. Em entrevista exclusiva à Gazeta, ela também afirma que não descarta novas investigações sobre o Caso Braskem.
GAZETA DE ALAGOAS – Como a senhora encontrou o quadro da Superintendência Regional da PF em AL? Quantos delegados, agentes e escrivães temos?
Bruna Rizzato – Apesar de não contarmos com um número ideal de policiais, em razão da qualidade do efetivo, estamos conseguindo atender às demandas a contento. O propósito atual é iniciar investigações mais relevantes, munidos de informações oriundas de ferramentas de tecnologia, cruzamento de dados e cooperação interinstitucional.
Quantas investigações em andamento? Quais assuntos mais dominam as investigações em Alagoas?
Atualmente, temos cerca de 750 (setecentos e cinquenta) apurações em andamento, de diversas áreas temáticas.
Crimes ambientais preocupam os alagoanos, a exemplo do caso Braskem. Do ponto de vista da PF, esse caso já foi totalmente finalizado com o inquérito enviado ano passado? Outras investigações podem surgir?
Não descartamos o surgimento de novas investigações. A PF não investiga pessoas, mas fatos.
A cooperação técnica da PF com a Polícia Civil em Alagoas, com o Ministério Público do Estado, já mostrou bons resultados, mas também foi questionada na Justiça por quem foi alvo dela. Como está a cooperação com outros órgãos? O que a PF tem oferecido?
A PF já vem trabalhando em conjunto no Estado. Sabemos que o combate ao crime não se faz de forma isolada. Portanto, temos como prioridade promover a aproximação e cooperação interinstitucional com órgãos federais, estaduais e municipais que atuam na repressão, prevenção e persecução criminal.
A atuação de facções criminosas na violência urbana tem preocupado, haja vista a rede nacional criada por elas. É fato que líderes do Comando Vermelho em Alagoas, por exemplo, dão ordens direto do Rio de Janeiro para cá. Como a PF em Alagoas tem atuado no combate a essas facções e sua rede estruturada de lavagem de dinheiro?
Para o combate ao crime violento, temos uma unidade específica, coordenada pela PF, mas com participação de outros órgãos de segurança pública, a FICCO – Força Integrada de Combate ao Crime Organizado. Atualmente, estamos reforçando o efetivo da unidade e ampliando a atuação da FICCO/AL.
Do ponto de vista da tecnologia, qual o aparato que a PF em Alagoas conta atualmente? Uso de IA, drones e afins são uma realidade?
Não só em Alagoas, mas em todo o Brasil, a Polícia Federal vem investindo em tecnologia, tanto em hardware como em softwares. Nesse contexto, a PF também desenvolve, internamente, ferramentas específicas e essenciais para o combate à criminalidade.