O programa Fantástico desse domingo (17), além de mostrar o depoimento de Albino Santos de Lima, em que ele confessa ter matado 8 pessoas, dentre elas Ana Beatriz, de 13 anos, crime ocorrido na Levada, em agosto, revelou também que o suspeito marcava no calendário as datas de seus crimes e, em alguns casos, chegou a visitar cemitérios e fotografar as lápides de suas vítimas.
"O celular foi formatado, mas conseguimos recuperar credenciais de contas dele. Com essas credenciais, recuperamos arquivos de mídia. Entre eles, havia dois diretórios específicos: um chamado 'odiada Instagram' e outro, 'mortes especiais'", revelou Ivan Excalibur de Araújo Pereira, perito do caso.
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"Os peritos encontraram várias fotografias de indivíduos que ainda estão vivos, que seriam vítimas em potencial", afirmou o delegado Gilson Rego Sousa, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa.
A polícia começou sem informações sobre o assassino. Para ajudar na identificação, divulgou vídeos do suspeito circulando pelo bairro onde ocorreu a morte de Ana Beatriz. Com isso, as primeiras testemunhas surgiram, confirmando sua identidade.
Os investigadores chegaram até Albino Santos de Lima, ex-segurança do sistema prisional de Alagoas e filho de um policial militar aposentado. Ele foi preso no dia 17 de setembro.
"Ele não reagiu à prisão e ficou tranquilo. Fizemos a busca na residência do pai dele, onde ele morava, e a equipe localizou a arma de fogo, uma pistola .380", relatou Tacyane Ribeiro, delegada responsável pelo caso.
A pistola, no entanto, foi a peça-chave para desvendar os crimes. Encaminhada à Polícia Científica, os peritos confirmaram que a arma foi usada para matar pelo menos outras nove pessoas. As análises mostraram que os projéteis encontrados nos corpos das vítimas correspondiam aos disparos feitos pela pistola de Albino. Para os investigadores, a evidência foi suficiente para confirmar que se tratava de um serial killer.
"Já vimos todo tipo de caso, mas um caso como esse, com até agora 10 vítimas identificadas, foi a primeira vez", afirmou Charles Mariano Pedrosa de Almeida, diretor do Instituto de Criminalística da Polícia Científica de Alagoas.
O DNA balístico da arma foi incluído em um banco nacional do Ministério da Justiça para possíveis conexões com outros crimes.
DEPOIMENTO
O Fantástico teve acesso ao depoimento do suspeito. Ele confessou 8 dos 10 crimes atribuídos a ele pela polícia e admitiu que monitorava as vítimas por meio das redes sociais.
"Nós identificamos 10 vítimas e nenhuma delas tem envolvimento com facção criminosa. Dessas 10, três eram do sexo masculino e sete eram mulheres", explicou Tacyane Ribeiro, delegada responsável pelo caso.
"As mulheres tinham um perfil muito semelhante: morenas, jovens, geralmente com cabelo cacheado. Entre elas, havia uma mulher trans com esse mesmo perfil físico", completou.