
Lar de obras famosas como “La Gioconda (Mona Lisa)”, “A Liberdade Guiando o Povo” e “A Jangada da Medusa”, o Museu do Louvre, em Paris, fechou temporariamente as portas nesta segunda-feira (16/6), após uma greve de funcionários motivada pela superlotação e pelas condições de trabalho.
Visitantes que aguardavam para entrar formaram longas filas sob a pirâmide de vidro que marca a entrada do museu. Muitos estavam com ingressos em mãos, mas acabaram barrados. Segundo relatos, houve pouca comunicação com o público e falta de explicações no local.
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A paralisação começou de forma inesperada, durante uma reunião interna de rotina. Atendentes, bilheteiros e seguranças decidiram não assumir seus postos, em protesto contra o excesso de visitantes, a escassez de funcionários e o que um sindicato classificou como “condições de trabalho insustentáveis”.
O fechamento do Louvre é um evento raro e só ocorreu em momentos de grande exceção, como durante a Segunda Guerra Mundial, na pandemia de Covid-19 e em algumas greves pontuais, incluindo outra relacionada à superlotação, em 2019.
Atos contra turismo em massa na Europa
A paralisação no museu ocorre um dia após manifestações contra o turismo de massa em várias cidades do sul da Europa. Milhares de pessoas foram às ruas em Palma de Maiorca, Barcelona, Veneza e Lisboa, criticando o impacto social e urbano causado pelo fluxo excessivo de turistas.
No Louvre, a maior preocupação dos funcionários é com o número de visitantes muito acima da capacidade. Em 2023, o museu recebeu 8,7 milhões de pessoas.
Apesar de um limite diário de 30 mil entradas, os trabalhadores relatam problemas como falta de banheiros, poucos espaços de descanso e calor intenso, agravado pelo efeito estufa gerado pela pirâmide de vidro.
A Mona Lisa, uma das atrações mais procuradas, é o principal foco de concentração de público. Cerca de 20 mil pessoas visitam diariamente a sala onde o quadro está exposto.
Para muitos visitantes, a experiência é marcada por empurrões, disputas por selfies e pouco contato real com as obras ao redor.
Nova Renascença do Louvre
O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou em janeiro deste ano um plano de 10 anos chamado “Nova Renascença do Louvre”, com objetivo de resolver problemas estruturais e melhorar o controle de público. O projeto deve ser concluído até 2031.
Entre as propostas estão a criação de nova entrada pelo rio Sena e uma sala exclusiva para a Mona Lisa, com visitação por horário marcado.
O plano de renovação prevê investimentos vindos de bilheteria, doações privadas, recursos do governo e royalties gerados pelo Louvre Abu Dhabi. Também está prevista uma elevação no preço dos ingressos para visitantes de fora da União Europeia ainda este ano.
No entanto, os funcionários reclamam que o governo tem reduzido os subsídios ao museu nos últimos anos, mesmo com o aumento de visitantes.
Um memorando interno da presidência do Louvre alerta que parte do prédio “não é mais à prova d’água” e que variações de temperatura colocam em risco obras de valor incalculável. Também foram apontadas falhas em itens básicos de acolhimento, como alimentação e sinalização.
Quando o Louvre reabrirá?
Há a possibilidade de uma reabertura parcial do museu nas próximas horas desta segunda-feira (16/6), permitindo acesso a algumas das principais obras, como a Mona Lisa e a Vênus de Milo.
Os ingressos comprados para segunda-feira poderão ser reutilizados. O Louvre permanecerá fechado nesta terça (17/6), dia em que tradicionalmente não abre ao público.
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