
Gabriela Barros, de 23 anos, usou as redes sociais para denunciar ter sido vítima de racismo em ambiente de trabalho. Segundo o relato, ela foi demitida no dia 25 de março, após usar um penteado com tranças nagô, que teriam sido proibidas por sua chefe em uma empresa de consórcio, localizada no Centro de Maceió.
No vídeo publicado em seu Instagram, Gabriela conta que ficou apreensiva em tornar o caso público, mas decidiu se manifestar para que o episódio não passasse impune.
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Ela relata que sempre foi cuidadosa com sua aparência no trabalho, vestindo-se de forma formal e discreta.
Em uma ocasião, resolveu usar uma trança fina feita com nagô, um penteado tradicional da cultura negra.
No mesmo dia, foi chamada pela chefe, que a advertiu sobre o visual. Com receio de perder o emprego, Gabriela optou por remover as tranças.
Algum tempo depois, ela fez uma nova parceria e decidiu colocar tranças novamente, desta vez, em um estilo que julgava mais “aceitável” para o ambiente da empresa. No entanto, a reação foi semelhante.
“No terceiro dia em que eu estava com as tranças, ela me chamou de canto e disse que eu tinha três dias para tirá-las. Disse até que, se eu quisesse, ela me ajudaria a remover o penteado”, relatou Gabriela.
Desta vez, porém, ela conta que decidiu manter as tranças por considerar que ceder novamente violaria seus princípios. Dois dias depois, foi chamada para uma nova conversa com a chefe e conseguiu gravar o momento.
Na gravação exposta por ela, a voz atribuída à chefe diz:
“Você tem três dias para tirar essa trança. Eu não aceito esse penteado. Não venha amanhã com ele para a empresa. Ou tira hoje.” (Vídeo Acima)
Gabriela afirmou que, ao se recusar a tirar as tranças, foi dispensada no mesmo dia. No vídeo, ela mostra trechos da conversa e imagens de como se vestia normalmente no trabalho, reforçando que seu visual era compatível com o ambiente profissional.

Ainda segundo ela, a chefe justificou a decisão dizendo que o penteado não se encaixava no "perfil da empresa", que seria mais voltado a um estilo "social", o que, segundo a gestora, não era o perfil de Gabriela.
A jovem rebateu, afirmando que sempre se vestiu de forma adequada e que a questão, na verdade, era racial.
“Não basta sofrer racismo, a gente ainda precisa juntar provas para provar o que aconteceu. É sempre a nossa palavra contra a deles”, desabafou.
Gabriela cumpriu o aviso prévio após a demissão, o que, segundo ela, foi extremamente constrangedor e humilhante.