A grande final do Forró & Folia abrilhantou o Ginásio Poliesportivo Lauthenay Perdigão, localizado no bairro do Trapiche da Barra, em Maceió, nesta sexta-feira (16). Das 16 equipes juninas que se enfrentaram ao longo desta semana, cinco foram finalistas : Show Nordestino, de Marechal Deodoro; Dona Dadá, da Ponta da Terra, em Maceió; Amanhecer no Sertão, do Benedito Bentes, em Maceió; Luar do Sertão, do Prado, em Maceió; e Sanfona do Rei, de Atalaia.
Artigos Relacionados
A Amanhecer no Sertão venceu o concurso e vai representar o estado de Alagoas no Festival da Globo Nordeste, que acontece neste final de semana, dias 18 e 19, no Recife.
O evento faz parte do concurso fruto de uma parceria entre a Organização Arnon de Mello (OAM), o Governo do Estado e a Liga das Quadrilhas Juninas de Alagoas.
Os jurados avaliaram as equipes sob cinco critérios: coreografia, figurino, originalidade, marcador e casamento.

A Show Nordestino contou a história dos povos Caetés, que viviam no Litoral Sul de Alagoas, quando a região foi encontrada por franceses, que chegaram à costa por volta de 1.500.
Em meio ao encontro entre os dois povos, um francês se apaixona por uma indígena. Mas, havia um obstáculo para o casal dar certo. A tribo da mulher não permitia. O casal, então, invoca os deuses, que abençoam o casamento.

Mili Rocha foi a noiva da quadrilha deodorense. Ela explicou o fundamento do tema: "Não existe nada que o amor não possa suportar".

Segundo a integrante, a quadrilha se preparou por oito meses, com muitos ensaios para chegar até à final do concurso. "Foram 8 meses de muitos ensaios, de luta, muito esforço. Ter estado aqui é um sonho, mas lá no fundo a gente sabia que ia conseguir".

Há 14 anos na estrada, por pouco a quadrilha Dona Dadá iria encerrar as suas atividades, mas conseguiu resistir às pedras que surgiram no caminho e também foi uma das finalistas do concurso Forró & Folia, o que é uma "conquista enorme", como considera Luciene Silva, noiva da quadrilha da Ponta da Terra.
"É uma conquista pessoal até, para a quadrilha, para todos. A gente queria, almejava, tinha vontade, mas poderia ser que não rolasse e de repente, ontem [noite da classificação para a final], Deus fez mudar tudo", afirmou ela.

Neste ano, o grupo Dona Dadá levou para os espectadores uma história de amor. O tema foi "Na Palha o seu Poder" e expôs o amor de um casal de noivos que vive numa cidade de artesãos. Porém, o pai da noiva era contra o casamento dos dois e articulou para que essa união não acontecesse.

Assim, ele pede para que o genro comercialize o artesanato em outra cidade, para atrasar a cerimônia. O enredo mostra que o noivo retorna para cidade tempos depois, descobre a trama do sogro e, finalmente, o casamento acontece.

Mesmo há sete anos na quadrilha, a noiva Luciene não conteve a emoção: "Uma emoção que não cabe no peito, por mais que a gente venha o ano todo trabalhando, já sabendo o que vai acontecer, o nervosismo, a emoção toma conta e é como a primeira vez e graças a Deus por isso".

A quadrilha junina Amanhecer no Sertão colocou os games dentro da dança. O tema da quadrilha foi Lampejo, tendo como inspiração o videogame. O assunto não é inusitado para o grupo do Benedito Bentes, que já levou o cassino e os quadrinhos para apresentações anteriores.

Bruno Melo, um dos diretores da Amanhecer no Sertão explica porque levou esse tema para o Forró & Folia.

"A Amanhecer já tem uma pouco disso no DNA. A gente já trouxe cassino, quadrinhos, a gente acabou sendo conhecido como a quadrilha que traz esses temas inusitados. O advento próprio dos videogames é uma coisa que está tão intrínseca, está tão junto da nossa realidade. A gente viu a oportunidade de trazer, contar um pouco a nossa história através da identidade visual dos games", explicou Melo.

Segundo contou o marcador Paulo Jorge, a preparação já ocorre há oito meses. "O tema é o Lampejo. A luz da tradição. Lampejo é um ponto de luz, um brilho. Inspirado nos videogames, falamos dos games, com foco principal do noivo e da noiva que serão sugados para dentro do game e lá eles terão que enfrentar essa fase para poder ter a liberdade de novo", contou o marcador.

Com o tema "Fogo das Armas, ao Brilho das Artes", a quadrilha Sanfona do Rei apresentou no ginásio a luta do povo nordestino. O marcador Dola Rocha diz que o grupo levou episódios históricos ocorridos no Nordeste, como a Guerra Santa no Crato, no Ceará, comandada pelo Padre Cícero Romão.

"A quadrilha levou no palhoção, dizendo que o Nordeste sempre foi alvo de guerra e de luta, porém, o povo nordestino é forte, guerreiro e corajoso, transformando toda dor em beleza e cultura, que é o que o nordestino tem de melhor", expõe o marcador.
A Luar do Sertão levou aos espectadores o tema "Ubuntu, eu sou porque nós somos". A frase vem da filosofia africana disseminada pelo mundo por Nelson Mandela. O brincante da quadrilha, Maxwell Lima, explica que o tema fala de liberdade, igualdade e questões sociais.

"Ubuntu é uma filosofia africana, mas que pode ser usada em qualquer lugar. A gente trouxe essa filosofia para o Sertão, para o Nordeste e para as causas sociais. A gente falou de igualdade, liberdade, empatia", diz Lima.

Segundo ele, esse já era um tema que seria levado para o Forró & Folia em 2020. "São três anos sem concurso oficial por causa da pandemia. Este ano a gente voltou com um tema que já era para trazer em 2020, na pandemia. A gente trouxe elementos de produção e coreografia há mais. Estou três dias sem dormir. Porque a gente tem apresentações de rua, ensaios, tem que ajeitar figurino, mas é muito prazeroso de fazer parte e de ver o resultado final", reforça Maxwell.