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Mais de 30 templos são realocados em bairros afundados em Maceió

Outros quatro espaços religiosos estão em tratativas para a realocação, por estarem em áreas de risco definidas pela Defesa Civil, segundo informou a mineradora Braskem

Sendo alguns deles históricos, os templos religiosos existem para propagar a fé. São neles que fiéis se reúnem para se conectar com o Divino, realizar suas práticas celebrativas e o bem. Locais com anos de histórias e atos de devoção.

Em Maceió, capital alagoana, alguns desses espaços, infelizmente, precisaram ser realocados e outros fechados, por estarem localizados nos bairros afetados pelo afundamento do solo - Bebedouro, Bom Parto, Mutange e Pinheiro. Um problema que surgiu em meados de 2018, por extração irregular de sal-gema pela Braskem, e que segue sem uma solução até hoje.

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A mineradora, por sua vez, foi responsabilizada pelo problema e vem trabalhando na realocação e compensação das dezenas de milhares de pessoas ‘forçadas’ a abandonar os bairros.

Só de templos religiosos, houve a realocação de 35 espaços, e outros quatro estão em tratativas para a realocação, por estarem em áreas de risco definidas pela Defesa Civil, segundo informou a Braskem.

“A Braskem segue em tratativas para a realocação dos imóveis localizados nas áreas de desocupação e monitoramento definidas pela Defesa Civil, incluindo os templos religiosos. Dos 39 templos identificados, 35 já estão desocupados e os demais seguem em tratativas para realocação. Cada caso é tratado individualmente”, explicou a mineradora.

A Braskem não especificou quais os templos realocados e os seus respectivos bairros. Os espaços religiosos podem ser igrejas católicas, evangélicas, centros espíritas, casas de religião de matrizes africanas, dentre outros.

A reportagem, no entanto, entrou em contato com a diretoria da Arquidiocese de Maceió, a fim de obter a informação de quantas igrejas católicas, na capital, precisam ser ou foram realocadas, sendo informada posteriormente de que três igrejas matrizes foram evacuadas nos bairros afetados pelo afundamento, passando, assim, a funcionar provisoriamente em novos locais, até que novas matrizes sejam construídas.

A primeira desocupação aconteceu no ano passado, com a Igreja Menino Jesus de Praga, no bairro Pinheiro, que, agora, reúne a comunidade em uma matriz provisória, no Farol.

Imagem ilustrativa da imagem Mais de 30 templos são realocados em bairros afundados em Maceió
| Foto: Reprodução/Redes Sociais

As outras duas realocações aconteceram neste ano. Em 30 de outubro, a Nossa Senhora do Bom Parto passou a reunir fiéis, provisoriamente, na Igreja dos Martírios, no centro de Maceió, e na Capela de Assunção, no Farol. Já em 15 de novembro, a Igreja Santo Antônio, em Bebedouro, fechou as portas e passou a funcionar de modo temporário na Avenida Jorge Montenegro de Barros, na Santa Amélia. Não foi informado, no entanto, quando as novas matrizes ficarão prontas.

O jornalista Matheus Tenório começou a sua caminhada na Igreja Santo Antônio no ano de 2012. Foi no templo cristão que ele recebeu a Crisma, participou da Pastoral de Comunicação, de grupo de canto, de oração e de acólitos - coroinhas.

Bastante ligado ao templo, ele contou que foi difícil acompanhar a última missa antes da transferência da paróquia para a Santa Amélia. A celebração aconteceu no último dia 15.

“Foi difícil segurar a emoção na última missa. A matriz de Santo Antônio sempre esteve presente na minha vida, na vida das pessoas e no bairro. Faz parte da história. Quando se fala em Bebedouro, não tem como não pensar na paróquia, na Igreja de Santo Antônio. É um local que representa muitos momentos marcantes, de fé. Dói saber que muitas histórias precisaram ser deixadas para trás”, lamentou.

Desde 1913, a paróquia Santo Antônio reúne fiéis de todas as regiões e devotos do Santo, mas teve que encerrar, definitivamente, suas atividades religiosas em Bebedouro por causa dos problemas no solo. Para muitos fiéis, agora, os anos de devoção no espaço vão seguir apenas na memória.

Imagem ilustrativa da imagem Mais de 30 templos são realocados em bairros afundados em Maceió
| Foto: Cortesia

ASSEMBLEIA DE DEUS FECHA AS PORTAS

A reportagem também entrou em contato com igrejas evangélicas da capital. A Assembleia de Deus (AD) precisou realocar nove templos em Maceió desde 2019 e, por não ter novos locais para funcionamento, os espaços encontram-se com as portas fechadas temporariamente. Porém, 19 templos estão sendo construídos para acomodar os fiéis dos bairros atingidos.

Foram desativadas a AD Pinheiro, AD Bebedouro, AD Mutange, AD Vale Mundaú, AD Marquês de Abrantes e AD Jardim das Acácias, além da SubCongregação do Mutange, SubCongregação de Bebedouro e SubCongregação do Pinheiro. Os espaços, atualmente, foram tomados pelas ruínas, um vazio entristecedor.

“O sentimento é de muita tristeza, pois muita gente teve que sair da sua casa, da sua igreja e, até mesmo, da sua cidade. Muitos crentes gostam de congregar em uma igreja perto da sua moradia e, por isso, sentem dificuldades em ‘migrar’ para outro templo”, informou a diretora da Assembleia de Deus no Estado de Alagoas, que estima que cerca de 6 mil fiéis foram afetados pelas realocações.

Mesmo a igreja perdendo o total de nove templos, a Assembleia de Deus ainda não recebeu a indenização dos imóveis. Por isso, foi criada uma comissão para acompanhar o processo de restituição. Também foi criada uma conta exclusiva para este fim e todo o dinheiro será usado exclusivamente na aquisição e construção de novos templos.

  • Igreja Assembleia de Deus foi evacuada devido aos problemas no solo
    Igreja Assembleia de Deus foi evacuada devido aos problemas no solo |
  • Nove templos da Assembleia de Deus fecharam as portas desde 2019
    Nove templos da Assembleia de Deus fecharam as portas desde 2019 |
  • Igreja Assembleia de Deus foi evacuada devido aos problemas no solo, segundo diretoria
    Igreja Assembleia de Deus foi evacuada devido aos problemas no solo, segundo diretoria |
  • Corredores vazios após evacuação deixam fiéis entristecidos
    Corredores vazios após evacuação deixam fiéis entristecidos |

A Braskem informa que a empresa oferece todo o apoio necessário para a mudança e cabe à administração das igrejas definir a nova localização para funcionamento, bem como a comunicação com os fiéis. Já em relação aos espaços religiosos indicados como de interesse cultural pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (Sedet) e Secretaria de Estado da Cultura (Secult), a mineradora está em diálogo com as autoridades e órgãos públicos para a definição de medidas a serem adotadas.

IGREJA BATISTA NO PINHEIRO RESISTE

Igreja Batista no Pinheiro
Igreja Batista no Pinheiro | Foto: Carlos Eduardo Lopes

Uma Igreja Batista precisou ser realocada. O templo em Bebedouro, agora, funciona temporariamente na Avenida Rotary, no bairro Gruta de Lourdes. Já a Igreja Batista do Pinheiro, reconhecida como Patrimônio Material e Imaterial de Alagoas, resiste no bairro.

Com cultos realizados aos domingos, a igreja segue viva dentro do Pinheiro, que se tornou um bairro fantasma por causa da desocupação de imóveis provocada pelo processo de afundamento do solo na região.

“Mediante decisão, em assembleia, junto com toda a liderança, decidimos continuar nossas atividades no bairro. Não abrimos nenhum tipo de negociação com a mineradora Braskem, o que quer dizer que não temos a pretensão de sair do local onde estamos há décadas”, falou o pastor Wellington Santos.

Quanto à segurança do local, Wellington afirma: “A escolha de ficar no local já foi comunicada ao Ministério Público Federal (MPF), e a Defesa Civil Municipal esteve na nossa comunidade, no ano passado, e não encontrou nenhum comprometimento estrutural que relaciona o ‘crime’ da Braskem ao nosso espaço físico. Estamos seguros”.

Casas de religião de matrizes africanas também foram realocadas em Maceió. A Ialorixá Mãe Neide informou que tomou conhecimento da realocação do Terreiro de Mãe Bárbara, em Bebedouro, e do Terreiro do Ferramenta, no Pinheiro, mas, que há outros espaços que precisaram ser realocados devido ao problema no solo.

Mãe Neide ainda disse que a situação é triste, visto que esses locais carregam anos de celebrações e histórias.

CENTRO ESPÍRITA AFETADO

Instituto de Estudos Espíritas Hérculano Pires, no Pinheiro
Instituto de Estudos Espíritas Hérculano Pires, no Pinheiro | Foto: Google

Segundo a Federação Espírita do Estado de Alagoas (FEEAL), dois prédios pertencentes ao Instituto de Estudos Espíritas Hérculano Pires, no Pinheiro, foram realocados. Agora, eles funcionam na Rua Aurélio Cavalcante, no bairro Gruta de Lourdes.

O coordenador administrativo do local, Estêvão Ferreira Rocha, informou que a realocação aconteceu entre os anos de 2019 e 2020, e que a Braskem já cumpriu com a indenização, “de maneira justa”.

"Em um dos prédios realocados, funcionava a parte de estudos e trabalhos espirituais do instituto, e, no outro, funcionava a parte de serviços sociais", disse Estêvão.

Ainda segundo o administrador do local, a relocação teve um propósito e foi aceita, sem remorso, pelos membros. “Em mensagem do plano espiritual, nos foi revelado que os moradores do Pinheiro tinham um débito coletivo contraído em vidas passadas, e essa tragédia é uma maneira de resgate e a oportunidade de desapego aos bens materiais'', falou.

Estêvão ainda disse que as atividades no instituto vêm fluindo normalmente no novo endereço. No local, acontecem estudos, palestras, evangelização, distribuição de alimentos, dentre outras.

CASO PINHEIRO

O Caso Pinheiro engloba quatro bairros de Maceió, sendo eles: Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto. A região foi afetada pela extração mineral de sal-gema (cloreto de sódio), causando instabilidade do solo, risco de subsidência e podendo atingir mais de 40 mil pessoas. Diante do cenário, os bairros afetados precisaram ser evacuados, com a mineradora responsável por indenizar as vítimas. O problema perdura desde o ano de 2018.

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