Maceió tem sido a sede do I Congresso Internacional de Microcefalia e Audição. O evento, que segue até este sábado (25), está sendo realizado no Hotel Lagoa da Anta, no bairro da Cruz das Almas.
A programação conta com palestras sobre a temática audição, microcefalia e infecção pelo vírus da Zika, enfatizando a divulgação das produções científicas e tecnológicas, como a vacina contra o vírus, o protocolo de atendimento a pacientes com microcefalia, para que ocorra um intercâmbio entre a pesquisa, gestão em políticas públicas e a sociedade civil. E uma exposição de mais de 100 artigos acadêmicos.
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Durante o Congresso, fotos de mamães e bebês com microcefalia foram expostas. Entre os palestrantes, conta o organizador do congresso e fonoaudiólogo, Pedro Menezes, está o desenvolvedor da vacina contra o vírus da zika e diretor do Instituto Evandro Chagas (IEC), Pedro Vasconcelos.
Segundo Vasconcelos, a vacina contra a zika começou a ser desenvolvida em abril de 2016 e, até então, passou por uma série de estudos e experimentos. Ele afirma que, se nada der errado nos procedimentos que ela deve seguir, a previsão para a comercialização da vacina será para 2021.
"Ano que vem nós começaremos os testes em homens e mulheres com idade fértil e em crianças abaixo de 10 anos. Por um longo período, nós iremos acompanhá-los para que a eficácia da vacina seja comprovada", explica.
Ele alerta que a vacina não poderá ser injetada em grávidas e, as mulheres que forem vacinadas, terão que esperar até três meses para engravidar. A medida, segundo Vasconcelos, é devido à existência do vírus na vacina, que pode comprometer o feto.
Além de ser uma medicação preventiva para evitar mais casos de microcefalia, Vasconcelos conta que a vacina será importante, caso a tendência de um novo surto de zika se confirme daqui a cinco anos. "A dengue passou por um período de controle e depois foi registrado novos surtos. Nós acreditamos que é possível que ocorra a mesma coisa com a zika. Por isso, também, a importância em investir na vacina e na conscientização", explica.
Atualmente são 80 casos registrados de microcefalia em Alagoas e cerca de 800 são de pacientes com a suspeita da doença, afirma o fonoaudiólogo Pedro Menezes. "Este ano, foi divulgado, que o número de casos de microcefalia causada pela zika diminuiu. Ano passado foram mais de 2mil casos e este ano, até maio, foram registrados 250", conta.
Rubéola e Síflis
Além da zika, Menezes conta que a rubéola e a sífilis também são causadoras da microcefalia. E que, devido a isso, os alertas sobre a doença devem permanecer, já que, de acordo com fonoaudiólogo, os números de casos de sífilis vem aumentando consideravelmente.
Oficina social
Visando também o caráter social e não apenas o científico, Menezes revela que neste sábado, 25 mães e pais de crianças com microcefalia farão parte de uma oficina que será oferecida no congresso. O objetivo da oficina será orientar os responsáveis sobre os cuidados com o filho diagnosticado com microcefalia e sobre os tratamentos adequados. Além disso, a oficina também ensinará os pais a produzirem repelentes caseiros.
O I Congresso Internacional de Microcefalia e Audição teve início na última quinta-feira (23) e segue até este sábado, com o encerramento às 19h. O evento conta com o apoio da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), do Centro Universitário Cesmac e é financiado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e pelo Ministério da Saúde.