Maceió é a segunda capital brasileira que mais ampliou ciclovias nos últimos dois anos. Com a entrega da ciclovia da Avenida Fernandes Lima, a cidade alcança mais de 60 km da malha ciclo viária em apenas dois anos. Um equipamento planejado para os trabalhadores, aos praticantes de atividades físicas e para o lazer.
A capital que mais evoluiu em números percentuais foi Palmas (TO), com 39,8% de acréscimo. Em seguida estão Maceió, com aumento de 27% e Brasília, com aumento de 20,8%.
No último ano, a malha de ciclovias e ciclofaixas nas capitais brasileiras cresceu 4%, passando de 4.196 km em 2022 para 4.365 km em 2023, um acréscimo de 169 km em um ano.
O monitoramento foi feito pela Aliança Bike (Associação Brasileiras do Setor de Bicicletas), que ouviu todas as prefeituras das capitais brasileiras por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). O período considerado pelo levantamento foi de junho de 2022 a junho de 2023.
Na média, cada uma das capitais brasileiras possui 161,7 km de ciclovias e ciclofaixas em 2023.
Maceió já tem 60 km de vias com infraestrutura cicloviária. No entanto, estudos mostram que a capital necessitaria de ao menos 200 km desse tipo de infraestrutura para garantir segurança e conforto para quem pedala.
Sueli Costa Pereira é ciclista e buscava uma peça em uma loja especializada. Sua bicicleta já tem 15 anos de comprada, mas, segundo ela, é muito bem cuidada. Ela argumenta que se prepara para fazer parte da turma do pedal e, em algumas oportunidades, se juntar a um grupo e sair pedalando pela cidade.
“Há mais de quinze anos eu possuo a minha bicicleta. Moro em Rio Largo e pedalo 3 vezes por semana. Quero usar também para trabalhar, apesar de não me sentir totalmente segura. Como há pessoas que trabalham na mesma região, procuro andar sempre em grupo, mas atualmente o meu principal objetivo é sair e me divertir por aí pedalando”, afirmou. Existem mais bicicletas do que carros no Brasil. São cerca de 50 milhões de bikes contra 41 milhões de automóveis, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Apesar disso, apenas 3% das viagens diárias no País são realizadas por ciclistas, enquanto 25% são feitas com automóveis, segundo a Agência Nacional de Transportes Públicos (ANTP). O risco de morte é um dos principais motivos para esses números.
PRODUÇÃO RETOMA ALTA APÓS PANDEMIA
Foram produzidas 773 mil bicicletas em 2018, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo). Em 2019, a produção subiu para 919 mil unidades, em um volume 18,9% maior que no período anterior.
O mercado de bicicletas no Brasil teve queda de 35% nas vendas em 2022, após uma disparada em 2020 e 2021, mas ainda sustenta os índices do período pré-pandemia de Covid-19. No ano passado, foram comercializadas 3,8 milhões de bikes, número parecido com o de 2019, quando os brasileiros compraram cerca de 4 milhões de unidades. Além da pandemia, em 2021 os preços das bicicletas subiram 7,47%. Este reajuste foi um dos responsáveis pela queda nas vendas.
Valmir Souza é proprietário de uma loja de bicicletas, que ele vende novas e também as pessoas encontram peças de reposição. “Aqui nós vendemos entre 15 e 20 bicicletas por dia. Desde bicicletas, aro 26, por R$ 400; temos também modelos mais caros, que custam quase R$ 3 mil; com freio a disco e 21 marchas, quadro de material bem leve para que os ciclistas. Também temos peças de reposição e equipamento de segurança”, disse.
Artigos Relacionados
O Brasil possui a sexta maior frota de bicicletas entre todos os países, atrás apenas de China, Índia, Estados Unidos, Japão e Alemanha. A bicicleta é o veículo para transporte individual mais utilizado no Brasil. Nos pequenos centros urbanos é presente em mais de 90% do total de municípios brasileiros.
OCORRÊNCIAS COM CICLISTAS AUMENTARAM
Acidentes com ciclistas tiveram alta de 71% em uma década (2010-2020). Um levantamento feito até março mostra que já aconteceram mais de 3.500 hospitalizações no Brasil, segundo a Sociedade do Trauma Ortopédico.
Dados do DataSUS, ferramenta do Ministério da Saúde, mostram que, em 2012, o Sistema Único de Saúde (SUS) registou 8.831 hospitalizações com esse perfil e, no ano passado, 15.098. Dez anos atrás, 205 pessoas morreram. Em 2022, foram 316 óbitos. Já neste ano, até março, o SUS contabilizou 3.543 internações e 74 pessoas morreram em todo o país.
A quantidade de atropelamentos de ciclistas cresceu 45%, passando de 1.064 óbitos em 2012 para 1.545 em 2018, conforme a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet).
Quase 10 mil internações hospitalares foram registradas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2012, o que gerou R$ 115 milhões em gastos para tratar traumas ocasionados em colisões com motocicletas, automóveis, ônibus, caminhões e outros veículos. Na última década, mais de 8,5 mil ciclistas morreram em acidentes de trânsito.