A queda de um ônibus com 48 pessoas numa ribanceira na Serra da Barriga, em União dos Palmares, na Zona da Mata de Alagoas, no último domingo (24), está sendo investigada pela Polícia Civil de Alagoas (PC/AL) e tem despertado a curiosidade de muita gente sobre como a tragédia aconteceu.
O relato de sobreviventes e a análise do local feita por bombeiros dão uma dimensão das circunstâncias do fato. Matheus Lopes, de 23 anos, conseguiu sair do ônibus minutos antes dele cair e contou à Gazetaweb como tudo aconteceu.
Lopes afirmou que o ônibus apresentou problema já no alto da Serra e que o motorista falou que não dava mais para subir por conta da mangueira de ar que estourou. “Ele avisou que teríamos que esperar outros ônibus para dar continuidade a subida. Então, o motorista desligou o ônibus tranquilamente, abriu a porta normalmente, sem desesperos, e o ônibus continuou parado no local”, descreveu.
O jovem disse, então, que desceu, deu dois passos e, “ao virar para olhar as pessoas descendo, já foi o momento em que pessoas gritaram. E quem estava em pé voltou e sentou”.
O sobrevivente relatou que as pessoas sentaram porque achavam que era só questão de frear o ônibus e ele parar.
Mas, infelizmente, antes mesmo dos meus olhos piscarem, o ônibus pegou uma velocidade inexplicável e chegou a subir a calçada e começou a chegar próximo do penhasco e, infelizmente, começou a descer. O ônibus começou a descer de ré e daí aconteceu a fatalidade
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QUEDA LIVRE
O tenente-coronel Jonatham Oliveira, que é comandante do Batalhão de Bombeiro Militar de União dos Palmares e também professor de física, explicou que o ônibus teria caído em queda livre por cerca de 30 metros.
Segundo ele, do ponto de início do fato até onde o ônibus parou, dá cerca de 85 metros de inclinação vertical, o que equivale a um prédio de 30 andares. Os últimos 30 metros foram de queda livre, o que resultou na morte da maioria das vítimas.
Jonatham Oliveira afirmou que as pessoas que foram arremessadas do ônibus, enquanto ele estava se arrastando pela vegetação, conseguiram sobreviver e foram as primeiras socorridas. "A gente tem um exemplo clássico das leis de Newton, o princípio da inércia. Sem o cinto de segurança, essas vítimas acabam sendo projetadas, elas acabavam sendo arremessadas do ônibus para fora através da janela, os vidros quebrados, o vão abria e essas vítimas iam sendo projetadas”.
O ônibus só parou ao se chocar contra algumas árvores e estabilizar a queda em cima da rocha do despenhadeiro. O veículo ficou com as rodas para cima e o teto no chão.