Imagem
Menu lateral
Imagem
GZT 94.1
GZT 101.1
GZT 101.3
MIX 98.3
Imagem
Imagem
GZT 94.1
GZT 101.1
GZT 101.3
MIX 98.3
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no facebook compartilhar no linkedin
copiar Copiado!
ver no google news

Ouça o artigo

Compartilhe

HOME > esportes > INTERNACIONAL

Brasileiro relata momentos de pânico em tragédia na Indonésia: "Vou perder minha vida num jogo"

Maringá, goleiro do Arema, time dono do estádio, diz ter ficado por cinco ou seis horas esperando no vestiário: "Pessoas mortas como animais"

Dono do estádio onde aconteceu a tragédia que matou pelo menos 174 pessoas no último sábado, o Arema, clube da Indonésia, tem em seu elenco um goleiro brasileiro. Maringá, de 32 anos e com passagens por Gama e Mogi Mirim, falou ao ge sobre os momentos de pânico que viveu no local.

Ele contou que o fim de jogo caminhava para a normalidade, com o time cumprimentando os torcedores mesmo após a derrota por 3 a 2 no clássico contra o Persebaya Surabaya. Até o momento em que percebeu um grupo avançando em sua direção.

Leia também

- Foi uma cena lamentável. Depois do jogo, como nós temos o hábito de cumprimentar os torcedores, ficamos alguns minutos no campo ainda. Fizemos isso. Logo após vimos que estavam invadindo. Policiais pediram que a gente se retirasse e fosse até o vestiário. E a gente saiu normalmente caminhando, só que a invasão foi tão grande que os policiais não conseguiram conter. Se você reparar no vídeo, eu sou o último a sair. Quando estou saindo, veio um grupo de mais ou menos umas oito pessoas e me agarrou. Eu já não conseguia sair. Aí eu temi.

O vestiário do Arema serviu como refúgio para jogadores e membros da comissão técnica, que permaneceram por horas. Com o barulho e poucas informações, o goleiro brasileiro disse que temeu pela vida.

- Apareceu um policial que teve confronto com os torcedores, e eu consegui escapar deles e correr para o vestiário. Depois que nós entramos, aconteceu a selvageria. Eles invadiram, os policiais tentaram conter. Não conseguiram, eram poucos policiais para tanta gente. Então eles mataram ou pisotearam dois policiais que vieram a falecer depois. Aí a revolta dos policiais foi grande e começaram a lançar bomba. E daí começou a selvageria. A gente não sabia de nada, ficou no vestiário por cinco ou seis horas. Só se ouviam gritos, barulho de bomba e ninguém sabia informar nada. A gente temia muito pela vida dentro do vestiário. A gente pensava: "Vão invadir aqui e matar todos que estão aqui dentro".

De repente trouxeram pessoas que já estavam agonizando por inalar a fumaça de gás lacrimogêneo. Chegaram a óbito dentro do vestiário. Quando eu vi aquilo eu desesperei. Falei: "Meu Deus, vou perder minha vida num jogo de futebol".

- Ninguém sabia dizer nada, pediam calma. Pessoas chorando e só sabíamos os números de mortos. "Faleceram 50, 60". Pensei que ia virar uma guerra sem fim e ia atingir a nós lá dentro. Veio exército, blindados e a guerra campal continuava. Depois as coisas foram se acalmando, conseguimos sair do estádio umas 4 horas da manhã. Quando saímos vimos o desastre no campo, fora do campo. Lamentável, nunca tinha presenciado uma coisa dessas na minha vida. Pessoas mortas como animais. E o número só aumenta, tem muitas pessoas nos hospitais que estão por um fio também. Estamos sem cabeça nenhuma para jogar futebol, com medo. A Fifa tem que tomar uma providência - completou.

Maringá disse que a relação do time com a torcida sempre foi tranquila, e que o episódio passou de todos os limites.

- A relação nossa com a torcida era supertranquila, boa. Estou aqui há dois anos. No ano passado lutamos pelo título, infelizmente não conseguimos. Esse ano fomos campeões de uma copa importante aqui. Começamos a liga não tão bem, mas também não tão mal. Meio de tabela, nono colocado. Mas acontece que esse jogo é um dérbi. Sempre há confusão nesse jogo. Só que nunca tanto quanto dessa vez. Foi fora do normal. Esperam muito desse jogo, e perdemos em casa. Mas ultrapassaram o limite. Isso foi um desrespeito ao ser humano. A Fifa tem que tomar providência para nunca mais se repetir em lugar nenhum do mundo.

As rodadas da liga nacional foram suspensas, e o mundo do futebol prestou homenagens às vítimas neste fim de semana. Os atletas aguardam para saber o que será decidido a respeito do time e da liga, mas Maringá acredita que o estádio não vai mais receber partidas.

- Estamos aguardando a Fifa se pronunciar a respeito do Arema, da liga, de tudo. Uma coisa é certa: não vai ter mais jogos desse time, nessa cidade, nunca mais. Isso já foi decretado pelo país. Agora estamos esperando a Fifa - finalizou.

App Gazeta

Confira notícias no app, ouça a rádio, leia a edição digital e acesse outros recursos

Aplicativo na App Store

Relacionadas