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HOME > notícias > DIVERSÃO & VARIEDADES

'Não é acumulação', diz brasileiro com 7,5 mil pares de tênis

Rodrigo Clemente começou a colecionar em 2017, quando tinha cerca de 60 pares de tênis. O empresário afirma que valoriza a história dos calçados.

Quão difícil deve ser escolher entre mais de 7,5 mil pares de tênis de marcas conhecidas como Nike, Adidas ou Puma para ir trabalhar? É a situação do empresário Rodrigo Clemente, de 46 anos, o maior colecionador de sneakers do Brasil. Em 2018, ele contava com cerca de 60 pares do calçado e hoje, cinco anos depois, tem mais de 7,5 mil.

“Minha esposa começou a criar caso. Ela disse: cara ou é você ou são os tênis.” Rodrigo passou a mão no rosto, afoito em ter que decidir o que fazer com o ultimato da esposa que está com ele há 18 anos e com quem ele tem dois filhos. “Ai eu falei: nossa, meu amor por você é maior." Ela perguntou se ele iria doar os tênis. Sorrindo ao lembrar, o empresário disse que não doaria. A solução foi tirar os tênis de vista, mas não tanto assim.

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Em um prédio comercial de cerca de 10 andares na Santa Cecília, no Centro de São Paulo, seis são de Rodrigo. Lá, o paulistano trabalha diariamente administrando seus negócios que estão espalhados pelo estado. E é neste prédio que está guardada uma grande parte da coleção de sneakers dele: cerca de 5 mil, porque não houve espaço para guardar todos os pares nos três cômodos que compõem o estúdio.

Rodrigo atua em diversos segmentos, como os restaurantes Carnívoros Steak & Burger, em São Paulo e Juquehy, no litoral; o restaurante Filó e uma distribuidora de bebidas que também ficam em Juquehy; e uma empresa de reciclagem no interior de São Paulo, entre outros negócios.

Os outros mais de 2,5 mil tênis do empresário estão espalhados entre a casa de Rodrigo, a casa da mãe dele e sua casa de praia.

Não sobra espaço no dia nem para usar chinelo. Rodrigo contou que dá um jeitinho de usar todos os sneakers: "Às vezes eu troco de tênis duas ou três vezes por dia”, afirma.

Quando a equipe do g1 chegou ao estúdio em que estão os calçados, Rodrigo estava com um tênis branco, era uma colaboração entre a marca Nike e a cantora Billie Eilish lançada em abril deste ano. Cerca de 40 minutos depois ele trocou o par e tirou uma foto para postar nos stories do Instagram com a #sneakerhead que ele usa diariamente.

Sneakerhead é um termo utilizado para identificar pessoas adeptas da cultura urbana do sneaker, que são tênis estilosos, com personalidade e geralmente alguma história por trás que explique o design ou modelo do tênis, muito além de apenas fabricar um calçado.

Para ele, o tênis é quem manda no look. Vestido todo de preto no dia da entrevista, entre uma gravação e outra, Rodrigo colocou um tênis laranja vibrante da Adidas, uma colaboração inspirada nos personagens do desenho animado de South Park. O tênis, embora exposto na prateleira, parecia ter sido comprado naquele momento, recém-saído da caixa.

“O tênis hoje manda no look. Eu, por exemplo, chego aqui e penso em qual roupa vou usar para combinar com aquele tênis. Você pode usar um tênis do jeito que você quiser. É ser disruptivo. Se ninguém ousasse, a gente viveria de Mamba [tipo de tênis] branco e preto até hoje. Eu quero ter algo que eu possa mostrar para as pessoas, ter alguém contando a história do trabalho que alguém fez.”

No estúdio projetado para receber visitas com um bar com cerveja e outras bebidas de empresas em que Rodrigo é sócio, a decoração é tão divertida quanto os diferentes modelos e cores dos tênis de marca. Ao lado de funkos e bonecos de personagens como o Coringa e Astro Boy estão espalhados os modelos mais inusitados e raros de tênis do mundo, como uma bota vermelha de plástico inspirada no personagem principal de Astro Boy, que segundo Rodrigo “está fazendo sucesso na gringa”, e um tênis inspirado no Grinch, grande e cheio de pelos verdes bagunçados.

É claro que nem todos são tão mirabolantes e autênticos como os citados acima. O empresário aprecia bastante os tênis que, acima de uma bela aparência, tem história. O Kichute é um desses: todo preto, o design mistura um tênis com uma chuteira.

“Mamba e Kichute são os tênis que eu mais gosto na coleção porque têm raiz. O Kichute, por exemplo, tem alma. Muita gente usou isso. Eu usei amarrado na canela porque o cadarço era muito grande. Eu sou um cara de raiz, sabe? E eu preservo muito isso. Então eu tenho esses tênis porque eles fizeram parte do meu dia a dia. Se a gente não tem história, vira um negócio.”

“Hoje eu quero ter algo que eu possa mostrar para as pessoas como é legal. Contar a história do trabalho que alguém fez. Eu não trato como acumulação, mas como uma história que eu quero dividir com as pessoas”, afirmou Rodrigo.

O local mais especial e protegido do estúdio está dentro de um espaço chamado "The Vault" ou cofre, que é fechado com uma porta que imita a entrada de um cofre, com direito a uma roda de segurança e pintada de cinza metálico. Ali estão luvas assinadas pelo ex-boxeador Mike Tyson e os tênis mais especiais para Rodrigo, que são dois pequenos pares menores do que a mão de uma criança, presentes para o filho recém-nascido do empresário que hoje tem 15 anos, João Vitor Marucci. Hoje, João também tem os tênis como hobby.

“O tênis que para mim é o mais valioso da coleção, não gosto nem de falar de valores, tá? Mas assim, valioso, é o do meu filho que hoje tem 15 anos e calça o mesmo número que eu, então é um tênis que tem 16 anos e tá na sala que a gente chama de 'The Vault'. Eu costumo dizer que o pé é o último a sair no nascimento e tudo começa por ele, então eu cuido bastante dessa história e toda a cultura que envolve.”

O espaço do cofre é pequeno e, diferente dos outros cômodos do estúdio, as janelas estavam abertas, deixando entrar a luz e a brisa da rua, algo que não é possível fazer sempre porque os calçados precisam de cuidados meticulosos.

“O cuidado é diário, eu tenho uma equipe que limpa e cuida dos tênis. A gente cuida muito da iluminação e uma vez por mês eu ligo um desumidificador aqui em cada uma das salas, que suga toda a água para não hidrolisar os tênis”, explica o empresário, dono do espaço.

Para um hobby, mais de 7 mil pares de tênis dão uma trabalheira. Por isso Rodrigo pretende mudar um pouco o modo como as coisas estão indo. Ele expressou em diversos momentos da entrevista o quanto gosta de pensar que os “tênis são democráticos” e que para honrar o seu passado - quando ele recebia tênis doados de outros jogadores de basquete para poder praticar o esporte porque não conseguia comprar um tênis - quer levar adiante a cultura do sneaker.

O empresário foi vago quanto ao dar informações detalhadas sobre o museu que se tornaria o primeiro do Brasil, mas afirmou que pretende abri-lo “muito em breve”.

Rodrigo explica que a ideia do museu é juntar pessoas que tenham uma paixão em comum, sem diferenciar classes.

"Onde o cara da periferia me encontra? Aqui dentro. Eu não estou distinguindo público. Eu quero que as pessoas que venham aqui possam simplesmente vivenciar. Não quero só o cara famoso ou rico aqui dentro. Eu quero o cara que fala assim: 'Que animal!'", explica.

Quanto a entrada e visitas no futuro museu, não há detalhes, mas a ideia deve gerar lucros mesmo que Rodrigo tenha afirmado que não quer monetizar o espaço: “Você quer monetizar isso? Não. Eu quero poder ainda ajudar, porque quando eu abrir isso para as pessoas conhecerem eu quero que alguns tragam seus tênis que não vão usar mais para que alguém possa usar ou para que a gente possa reciclar eles. A gente está indo para um lugar público onde as pessoas possam visitar e levar os seus tênis ou pagar um ingresso que seja revertido”, explicou, sobre o projeto.

A pergunta que não quer calar: para ter tantos tênis, quanto Rodrigo teve que gastar e quanto ele ainda gasta? Cerca de cinco meses atrás, ele conta que começou a ganhar muitos pares. Durante a entrevista, até citou uma conversa que teve com uma vendedora da Gucci que visitou o estúdio. Mas antes de receber sneakers, o empresário diz que gastava cerca de R$ 800 por compra e adquiria em média 10 a 20 por mês. Hoje ele ganha mais sneakers do que compra, mas continua com uma média de 20 compras mensais, gastando cerca de R$ 800 em cada um.

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