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"Susanna e os Velhos" estreia hoje no Complexo Cultural Teatro Deodoro

Exposição conta uma história em quatro vídeoartes

Estreando na véspera do Dia Mundial de Combate à Homofobia, a videoinstalação “Susanna e os velhos”, de Bruca Teixeira, chega ao mezanino da Galeria de Artes Visuais do Complexo Cultural Teatro Deodoro nesta terça-feira (16). Realizada por uma equipe LGBTI+, trazendo uma narrativa contemporânea das obras da artista italiana Artemisia Gentileschi, a exposição conta uma história em 4 videoartes.

Com curadoria de Suzete Venturelli, “Susanna e os velhos” propõe momentos que acontecem antes e depois da primeira pintura da artista italiana, considerada hoje, uma das mais bem-sucedidas pintoras da sua época. Na visão contemporânea de Bruca, Susanna é uma mulher trans e uma história de rebeldia é narrada através de outros três quadros, a partir de um olhar feminista e provocando o público a pensar sobre o que os personagens poderiam ter feito se a cena acontecesse atualmente.

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De acordo com Bruca Teixeira, organizadora da exposição, a videoinstalação surgiu a partir da vontade de contar mais sobre as imagens que são estáticas, presas na madeira, além de trazer uma nova forma de olhar para as obras de Artemisia Gentileschi.

“Suas pinturas à óleo são impecáveis e, por séculos, ficaram esquecidas no baú da história da arte, mas isso agora é passado. Além disso, boa parte de sua vida nos é contada na internet, a partir da denúncia de estupro que fez do seu professor de pintura no século 17, uma das primeiras disputas públicas de uma mulher contra seu agressor”, explica ela.

Videoinstalação surgiu a partir da vontade de contar mais sobre as imagens que são estáticas
Videoinstalação surgiu a partir da vontade de contar mais sobre as imagens que são estáticas | Foto: Divulgação

Com Ayò Ribeiro, Ísis Florescer, Jorge Adriani, José Acioli, Otávio Cabral e Ticiane Simões no elenco, a obra é uma mistura de elementos, sentimentos e formas. Fazendo teatro há mais de 50 anos, o ator Otávio Cabral encarou o convite para o projeto como um novo desafio, levando em consideração o fato de que teria que atuar sem texto.

Interpretando um dos velhos que assediam Susanna, a construção do personagem aconteceu dentro do set de filmagem, onde tudo fluiu de forma orgânica. “Procurei colocar para fora o canalha que existia dentro de mim e acredito que funcionou. Busquei em minhas experiências de vida, figuras que poderiam vestir esse personagem, são 59 anos de teatro, tenho muita história”, contou Otávio.

Para o ator, a videoinstalação além de tudo, é uma ferramenta de denúncia contra as figuras masculinas que assediam, exploram e não respeitam a figura feminina, sendo também uma outra forma de repensar sobre a homofobia, transfobia e diversas intolerâncias.

Já para a atriz Ticiane Simões, atuar no projeto “Susanna e os velhos” surge como uma nova forma de dizer não a tantas situações que invadem o cotidiano.

“Para mim, foi incrível. É como se a gente pudesse interferir num período histórico dizendo ‘hoje não mais’ ao assédio. As gravações aconteceram no meio da pandemia, em 2021, eu estava há algum tempo sem atuar, então foi uma experiência única, além de partilhar com outros atores incríveis”, disse Ticiane.

Além de atuar, Ticiane também fez a preparação corporal de todo o elenco. Segundo ela, foi um processo gostoso, participativo e colaborativo, onde todos os profissionais puderam criar juntos e retirar maravilhas do imaginário de cada um.

“Para a Galeria de Artes Visuais do Teatro Deodoro, entender e receber as exposições propostas foi muito estimulante, o ineditismo para a galeria da exposição ‘Susanna os velhos’, uma videoinstalação, baseada na obra da artista italiana Artemisia Gentileschi (1593-1656), resultado de um trabalho que contou com artistas importantes do cenário local, e uma dinâmica de produção que nos trouxe um resultado artístico encantador, trazemos um diálogo com a comunidade através de suas obras, que é importante, que é esteticamente bela e arrojada, que tem sua pegada social, e que de forma ampla trás uma militância diversa, pautada em questões dos nossos dias, das nossas dores, e lógico, das nossa conquistas e avanços”, comemora Alexandre Holando, gerente artístico-cultural da Diteal.

Exposição traz uma narrativa contemporânea das obras da artista italiana Artemisia Gentileschi,
Exposição traz uma narrativa contemporânea das obras da artista italiana Artemisia Gentileschi, | Foto: Divulgação

ACIOLI, PRESENTE!

A videoinstalação “Susanna e os velhos” é também uma oportunidade única de ver o último trabalho deixado pelo ator e professor José Acioli Filho, assassinado brutalmente em setembro de 2021. Sem atuar desde 1988, o multiartista Acioli, dias antes de ser mais uma vítima da homofobia enraizada na sociedade brasileira, deixou mensagens de carinho aos colegas do projeto.

“Muito grato por todo cuidado da produção, fomos muito bem acolhidos por todas, deixando uma ambiência de tranquilidade para que o trabalho acontecesse com eficiência… foi muito prazeroso! Tici e Bruna, obrigada pelo presente!”, escreveu Acioli.

Sendo um momento simbólico e de resistência para os integrantes do projeto, estrear “Susanna e os velhos” é para eles uma forma de manter viva a potência artística que era Acioli.

“Acioli era meu amigo, meu parceiro de trabalho, de pesquisas. Uma figura extraordinária que lamentavelmente foi retirada do nosso convívio pela intolerância homofóbica, ainda é difícil processar tudo isso. Me lembro que tivemos uma conversa no camarim e ele estava tão feliz por voltar aos palcos, por dividir a cena comigo, não esqueço nunca das palavras que trocamos naquele dia. Seguiremos na luta por tantos e, principalmente, por Acioli!”, disse Otávio Cabral.

“Acioli é meu mestre! Poder ter tido a honra de estar em cena com ele foi incrível, Acioli levou brilho nos olhos, depoimentos calorosos para nosso set. Fico muito feliz em estar prestando essa homenagem e mostrando para o mundo um registro dele enquanto ator, ele era um professor, bonequeiro incrível, mas ele é um ator fantástico e a videoinstalação deixará esse registro para a memória do teatro alagoano”, afirmou Ticiane Simões.

A exposição será aberta na noite de hoje (16) e permanece em cartaz até o dia 16/06, na galeria do Complexo Cultural Teatro Deodoro, Centro de Maceió. A visitação é gratuita.

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