O curta-metragem alagoano “Infantaria” brilhou na noite de premiação da 13ª edição da Mostra Sururu de Cinema, que aconteceu no Centro Cultural Arte Pajuçara, no domingo (4). Com direção e roteiro de Laís Santos Araújo e produção de Pedro Krull, o filme venceu sete das 10 categorias anunciadas no evento.
A noite de premiação encerrou o Festival, consagrando “Infantaria” como grande vencedor. O curta de 24 minutos, que discute temas sensíveis para a sociedade, já coleciona alguns títulos e participações no cenário nacional, como 11º Olhar de Cinema | Curitiba Int’l Film Festival e o 32º Cine Ceará, onde recebeu o Troféu Mucuripe de Melhor Direção, o Prêmio da Crítica de Melhor Curta-metragem, concedido pelo Júri Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema e o Troféu Samburá de Melhor Curta-metragem pelo Vida & Arte, do Jornal O Povo. Na Mostra Sururu, “Infantaria” conquistou as categorias: Melhor filme Júri Oficial, Melhor filme Júri Popular, Melhor filme Olhar crítico, Prêmio de contribuição técnica, Prêmio Anita das Neves para Karolayne Rayssa, Prêmio Cardume e Menção Honrosa de melhor performance para Karolayne Raissa e Ana Luiza Ferreira.
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O produtor cinematográfico e cultural Pedro Krull não esconde o orgulho de ver o reconhecimento do seu trabalho e de toda a equipe dando resultados tão satisfatórios. “Como produtor foi uma realização pessoal ter a estreia nacional no Olhar de Cinema, um festival que admiro muito. O filme também foi muito bem recebido no Cine Ceará, lembro do sentimento bonito de reafirmação de todo o trabalho duro com o troféu de melhor Direção, para Laís Santos Araújo, e Melhor Filme, com o Troféu Samburá, afinal o filme tinha alcançado um prestígio. Entretanto, nessa premiação da Mostra Sururu, eu me emocionei bastante, porque é sempre muito gratificante receber prêmio do júri popular, principalmente com um filme que trata sobre um tema polêmico. Estou muito feliz pelo reconhecimento em nosso estado do trabalho de Laís, de toda equipe técnica, da Karolayne Rayssa, a nossa atriz mirim que fez a sua estreia no filme. E isso, vindo tanto do público quanto da crítica, foi espetacular”, reconheceu o produtor.
Pioneirismo feminino no cinema regional
“Infantaria” não é a primeira obra premiada da roteirista e diretora alagoana Laís Santos Araújo. Ela é a primeira mulher em Alagoas a vencer um edital de longa metragem no estado e a receber tantos prêmios na Sururu. O roteiro dela no longa "Marina" foi selecionado pelo Hubert Bals Fund, ganhou melhor roteiro no Holland FIlm Meeting e participou do Laboratório Porto Iracema das Artes. Com seu primeiro curta de ficção, "Como Ficamos da Mesma Altura'' (2019), ela foi selecionada para o International Film Festival Rotterdam (IFFR).
“É sempre importante exibir o filme pelo país, e quando junto disso, vem o reconhecimento da obra através de prêmios e críticas é um tipo de validação que gera mais curiosidade sobre o projeto, sobre a equipe que participou e tudo que é abordado nele. Considero todas as seleções e prêmios significativos pro Infantaria, e tenho expectativas que o filme siga rodando por aí”, disse a diretora do curta.
Laís Araújo conta que o roteiro de “Infantaria” foi idealizado a partir do seu interesse em relações familiares confusas e da mistura do onírico com a dureza, e alguma violência. "O filme surgiu do meu olhar sobre existir como mulher em diversas fases da vida e da minha vontade de levar a sério - e entregar enquanto imagens e história - questões (que podem parecer irrelevantes) da vida de uma menina e seu irmão”, revelou a roteirista.
Novos grandes talentos
A atriz que deu vida a personagem central de Infantaria, Karolayne Rayssa, de 16 anos, foi a grande revelação da película alagoana. Com Infantaria, ela recebeu o Prêmio Cardume e Menção Honrosa de melhor performance junto com Ana Luiza Ferreira, de apenas 10 anos. A pequena Karolayne foi selecionada a partir de uma audição no projeto social chamado Ateliê Ambrosina que, entre várias atividades, tem um espaço de atuação para jovens adolescentes.
Visibilidade e produções do cinema alagoano
A frente da empresa Estranha Força, que assina coprodução com a Aguda Cinema em Infantaria, Pedro Krull atua desde 2016 com produção cultural, mas tem focado, nos últimos anos, em produções cinematográficas. Sua estreia foi na direção e produção de Lugar Comum, uma videodança que participou de alguns festivais nacionais e internacionais importantes como Agite y Sirva, Festival ECRÃ e o Screendance Scotland.
Pedro Krull, que é um entusiasta do cinema alagoano, conta que começou trabalhando como assistente de produção no curta-metragem Impedimento, de Renata Baracho. Depois continuou com a videodança e produzindo a animação O Abraço Logo Vem, de Paulo Accioly. Assinou a direção de produção e/ou produção executiva de vários curtas metragens que ainda não saíram como Primo Holandês, de Nuno Balducci; Lapso, de João Herberth, esse são frutos das políticas públicas provenientes da Lei Aldir Blanc 1.
A Mostra Sururu de Cinema compõe o calendário oficial do audiovisual de Alagoas, programação permanente que reúne outros eventos da sétima arte consagrados, inclusive, como o Circuito Penedo de Cinema. Essas promoções culturais garantem espaço e visibilidade para discutir novas políticas públicas para o setor e expandir ainda mais ao público. Neste novo cenário, Pedro Krull tem boas perspectivas para o futuro da produção cinematográfica aqui no estado.
“O audiovisual alagoano é um sucesso em Alagoas. E estamos, cada vez mais, sendo reconhecidos e nos fazendo reconhecer no estado. Recentemente, por exemplo, com a Lei Aldir Blanc e de outros editais foram realizados festivais e cineclubes por várias cidades, divulgando o cinema Alagoano e Brasileiro no estado: Festival de Cinema de Arapiraca, Mirante Cineclube, Festival Alagoanes, Festival Revoada, Festival Aquatune e a própria Mostra Sururu que só ela já tem 13 anos aqui. Por todo o estado e em vários bairros de Maceió o cinema foi exibido e aplaudido. E a tendência disso é só aumentar! Vejo um horizonte incrível para o cinema alagoano”, referendou o produtor.
Para Laís Araújo, a expectativa é que o Governo do Estado e as prefeituras tornem o incentivo à cultura algo programado e previsível. “É importante que todo ano existam editais de cinema e outras áreas, para que a indústria local possa se fortalecer e os artistas e técnicos possam viver das produções. Nossa área é economicamente forte, mesmo uma produção pequena emprega muita gente e gera renda indireta. Não podemos passar anos sem incentivos públicos, torcendo que exista edital em algum momento. Tem que acontecer anualmente. Em alguns estados, isso vem de legislação e assim poderia ser aqui”, concluiu a roteirista e diretora cinematográfica.
É importante destacar que o apoio que setor audiovisual tem recebido do poder público é fruto de uma grande mobilização das associações e produtores nacionais para estimular mais investimentos na cultura nacional e estadual. Segundo Pedro, esse é um esforço que vem sendo feito há muitos anos por profissionais da área, e finalmente o cinema nacional e regional tem conseguido dar um retorno, com sucessos de bilheterias de produções regionais, a exemplo de Cavalo, que foi o primeiro filme com edital exibido mundo afora, lotando salas de cinema e de mostras e festivais.
“Toda aposta que o poder público e privado faz no cinema é garantido algum tipo de retorno. Isso sim é o que vem acontecendo, um retorno muito bom. O que pode ser feito para tornar o cinema alagoano muito maior é aproximar cada vez mais o diálogo entre os setores, afinal, a gente carece de algumas estruturas vitais para o nosso cinema, como um Film comission e um núcleo de produção digital atualizado. A Sururu sempre acontece com a reunião Fórum Setorial do Audiovisual Alagoano (FSAL), e nela foram debatidas várias ideias para o próximo ano, além da elaboração do planejamento estratégico do fórum, para que a gente consiga uma comunicação melhor qualidade com todas as entidades públicas e privadas, eu espero que todos estejam abertos ao diálogo para que a gente consiga, tornar o cinema alagoano ainda maior”. E para quem quiser assistir ao grande vencedor da 13ª Mostra Sururu de Cinema tem que ficar ligado nas redes sociais de @agudacinema que em breve estarão sendo divulgados os os próximos festivais e mostras que irão receber Infantaria.
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