Confirmada em Alagoas neste mês de setembro, a nova subvariante do vírus sars-cov-2, causador da covid-19, a EG5.1, chamada de éris, causou dúvidas quanto a gravidade. Embora apareça com alto nível de contágio, essa mutação não vem demonstrando haver riscos para a maior parte da população.
O registro foi em um paciente idoso, de 73 anos, do sexo masculino e com comorbidades, residente na cidade de Arapiraca, no Agreste do Estado, após análise genômica de amostra enviada ao Laboratório Central de Saúde Pública de Alagoas (Lacen/AL). O resultado foi divulgado pela Fiocruz por meio do Relatório de Circulação de Linhagens de SARSCov-2. O paciente não apresentou intercorrências com a doença e já está recuperado.
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De acordo com o Chefe do Gabinete de Combate à Covid-19 da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), médico infectologista Renee Oliveira, essa é uma subvariante da ômicron e já vem despertando uma certa preocupação tanto na Europa, quanto nos Estados Unidos da América (EUA), pela capacidade maior de disseminação, porém mantém as mesmas características das outras subvariantes da ômicron.
Os sintomas, de acordo com o médico, são muito parecidos com os que são causados pela ômicron original: febre, dor de cabeça, dor no corpo, dor de garganta e coriza. “São quadros mais no trato respiratório superior. Diferente da cepa original, detectada em 2020 e 2021, e que desenvolvia quadros mais graves, como a pneumonia, esta não costuma causar tanta preocupação neste sentido. Então não tem uma gravidade maior”, disse Oliveira.
A éris não tem chamado a atenção dos cientistas por conta de sua gravidade. No entanto, o vírus pode gerar maiores complicações caso haja um descuido na prevenção, principalmente nos grupos considerados de risco como crianças, idosos e pessoas com comorbidades.
O maior risco de contágio é consequência da nova mutação na proteína que liga o vírus às células humanas. Isso acaba deixando o organismo mais exposto, uma vez que a vacina ou a infecção anterior tenham preparado os anticorpos para uma defesa específica.
Há cerca de três meses, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou o fim da emergência global. E para que se evite que o grupo mais vulnerável à doença fique comprometido, a vacina é o maior aliado na luta contra a covid-19.
“Renovamos a ilusão de que o vírus vai embora, mas isso não deve acontecer. Ele já está no nosso meio e vai permanecer como os outros coronavírus que acometem os seres humanos. O risco maior é para aqueles mais suscetíveis, que precisam de maior atenção à saúde, buscando ampliar não apenas o cuidado na doença de base, mas também o leque vacinal. O mais importante de tudo é que as pessoas se vacinem, e aquelas que não estão completamente vacinadas, que completem sua vacinação. Isso diminui a circulação da doença, os casos mais graves e o aumento da mortalidade”, acrescentou Renee Oliveira.
A vacina bivalente promove a imunização contra mais de uma cepa do Sars-CoV-2, abrangendo a cepa original, registrada em Wuhan, na China, e a variante ômicron, que desde 2022 predomina em todo o mundo. “A variante original não circula mais. E a prevenção contra a ômicron está contida na vacina. Quem ainda não se vacinou, não tomou a dose da bivalente, deve fazê-la, mesmo essa subvariante tendo menor capacidade de quadros graves, mas isso pode sim ocorrer”, orientou o médico.
O último boletim divulgado pela Saúde aponta para grande diminuição dos casos da covid-19. Os dados mostram que apenas 9 casos foram confirmados e nenhum óbito registrado; 340 estão em investigação. Por isso, a situação em Alagoas, conforme acrescenta Renee Oliveira, é considera controlada como no Brasil, mas ele lembra que houve um relaxamento da população e com isso há a subnotificação de casos.
“A população não está procurando realizar os testes, com isso não sabemos o grau de circulação da covid-19 no momento. Sabemos que está presente, porque há um grande número, nos últimos dois meses, de pessoas com síndrome gripal, sintomatologia que remente ao vírus. A covid-19 continua no nosso meio. Só que não estamos como há um tempo buscando identificar o que está acontecendo. A população sente-se mais segura, relaxou e fica complicado um acompanhamento mais aprofundado”, finalizou.