Acontece, nesta segunda-feira (14) e terça-feira (15), a eleição para a nova direção do Conselho Regional de Medicina (Cremal). O pleito é considerado como um dos mais concorridos dos últimos 20 anos e marcado por acusações graves a atual gestão.
O atual presidente do Conselho, médico Fernando Pedrosa [a quatro gestão no comando da entidade] e o médico Emanuel Forte ( está como vice em três mandatos] são candidatos da chapa 1, que pleiteia a reeleição da maioria dos conselheiros. A chapa ainda não definiu quem do grupo será o presidente do CRM. “Primeiro, trabalhamos para a eleição do nosso grupo. O presidente será escolhido pela chapa após a eleição. Como prevê a Lei. A chapa depois de eleita reunirá sua plenária para escolher a diretoria futura”, disse Pedrosa.
A chapa 2 é liderada pelo médico Marcos Gonçalves que tem como vice a médica Mardjane Alves de Lemos Nunes. Eles defendem a renovação do Comando do Conselho Regional, ações itinerantes, ampliar o relacionamento com a sociedade civil e querem incentivar as pesquisas e avanços científicos nas mais diversas áreas para evitar prescrições ineficazes para a saúde pública.
O clima de disputa entre os dois grupos de médicos é acirrado com troca de farpas entre ambos. A chapa 1 defende a vigilância e controle na abertura dos cursos de medicina como forma de proteger o mercado dos profissionais, critica programas como o “Mais médico” e a importação de profissionais de outros países. Já a chapa 2 defende uma composição na formação do novo Conselho Regional de Medicina com diferentes correntes políticas, ações itinerantes e aproximação da comunidade científica, qualidade dos serviços profissionais, fiscalização nos ambientes de trabalho e qualidade nos serviços prestados à população.
O presidente do Conselho, médico Fernando Pedrosa, rebateu informações de bastidores de que o novo presidente do Cremal será o atual vice, médico Emmanuel Fortes. “Nossa grande aposta é que Emanuel seja eleito com o nosso grupo, quem sabe se ele for nosso delegado federal do Conselho a gente, talvez, tenha condições de ter um alagoano como presidente do Conselho Federal de Medicina. Cada coisa no seu tempo. Agora trabalhamos para vencer a eleição no Conselho regional. Depois a diretoria elege o novo presidente e o novo conselheiro federal”.
O médico Emanuel Forte confirmou que está no terceiro mandato como vice- presidente e também negou ser candidato a presidente do Conselho Federal. “Sou candidato na chapa 1, para o Conselho Regional de Medicina. Não tem nada mais que isso e muitos menos qualquer tipo de discussão a respeito do Conselho Federal de Medicina”, frisou.
Fernando Pedrosa também não crer que o seu colega tenha pretensão de continuar como vice- presidente do Cremal. Ao ser questionado se já existe um nome definido pelo grupo para substituí-lo, disse que “a chapa tem 20 colegas capacitados para ser presidente do Conselho Regional. O que os colegas dizem é que neste momento o importante é ganhar a eleição e depois se discute os cargos. Estamos numa disputa acirrada com a chapa 2”, admitiu.
A proposta do grupo de Pedrosa para derrotar a oposição é: “a defesa da medicina, a defesa do ato médico conforme prevê a lei 12.482 que estão querendo derrubar para retirar as prerrogativas conquistadas em lei”.
Segundo ele, os médicos enfrentam problemas nos locais de trabalho em todo o País. “Temos um contingente muito maior do que a capacidade do mercado absorver, com risco de saturação”. Isto acontece, porque, segundo Pedrosa, estão colocando médico bacharel no mercado. “Isto não pode acontecer”.
Com relação à proposta adversária de renovação do Cremal, Pedrosa rebateu: “o discurso é sedutor. Nos estados onde ocorreram renovação, foi um desastre porque o Conselho necessita de conhecimento e preparação prévia. As pessoas acham que o Conselho atua como um sindicato e confunde as questões”. Destacou que o papel do Conselho é a defesa da sociedade.
Fernando Pedrosa considerou como “mentirosa” a acusação de que o Conselho só atua na capital e fica restrito à sede da entidade. “Estamos no interior do Estado com atividades de fiscalização e de educação” e desafiou os colegas da chapa 2: “Cadê as propostas de vocês? O que é que vão fazer no interior do Estado? Tememos que a mudança descaracterize a missão da entidade”.
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Chapa 2
O Conselho Regional faz poucos cursos de reciclagem profissional para os médicos e não contribui para a melhoria da qualificação do total das categorias. Essas e outras críticas são do candidato a presidente do Cremal, Marcos Gonçalves, e da candidata a vice- médica Mardjane Alves de Lemos Nunes, da chapa 2. “O Conselho não participa das políticas públicas que o governo está fazendo na área de saúde. Nós queremos saber o que o governo está fazendo, o que há de errado e trabalhar para melhorar a saúde pública dos alagoanos”, avisou.
Destacou ainda que o estado hoje tem [10] novos hospitais, [10] UPAs e garantiu que se a chapa for eleita quer acompanhar os concursos públicos, o funcionamento das unidades de saúde e quer retomar a relação com a ciência. “Parte dos conselheiros do Cremal criticou a vacinação da população contra a Covid 19 e se afastou das práticas recomendadas pela Ciência. O Conselho tem que atuar junto com os médicos, fiscalizar os hospitais e o ambiente de trabalho”.
A estratégia de fiscalização é para evitar que médicos tenham sobrecarga de trabalho, atenda número exagerado de pacientes e garantam qualidade de atendimento aos pacientes. “Alguns profissionais estão há mais de 20 anos e tem gente com 30 anos no Conselho, isso gera acomodação, poucos saem e a entidade fica restrito a capital”, lamentou.
Com a proposta de renovação no Cremal, o líder de 20 médicos opositores à chapa 1 admite que faz parte de um grupo heterogêneo de profissionais quanto à idade, à formação e à experiência. “Temos crenças pessoais; inclinações políticas diversas; estamos unidos em busca do fortalecimento da medicina e dos médicos, do resgate da ciência e da ética médica como principal alicerce do exercício da medicina”.
Marcos disse que os médicos que atuam como liderança e referência técnica em várias especialidades, se uniram a outros jovens doutores, querem aproveitar a força política conselho de classe para promover a valorização e o respeito ao trabalho médico e na articulação de políticas públicas. “Somos a Renovação, a oposição que almeja fazer a diferença para os médicos e a população alagoana”.
Entre as propostas da chapa 2 estão: incentivar as pesquisas e avanços científicos nas especialidades médicas; apoiar campanhas de vacinação em massa e combater as epidemias; defender o SUS e as políticas públicas de saúde, fortalecer o programa de Educação em saúde; incentivar a formação de equipe multidisciplinar para garantir cuidado integral ao paciente; lutar pela ética médica; cobrar dos gestores qualidade de vida nos locais de trabalho entre outras que estão na pauta de 20 propostas e sugestões encaminhadas aos médicos.