Pela primeira vez na história, os Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) realizarão eleições para escolha de seus conselheiros titulares e suplentes de forma totalmente online. A disputa para o quinquênio 2023-2028 será realizada nos dias 14 e 15 de agosto, das 8h às 20h. Durante a campanha, as duas chapas inscritas puderam apresentar propostas para melhoria da profissão dos médicos em Alagoas. Serão eleitos 20 conselheiros titulares e 20 suplentes para cada Conselho Regional.
O representante da Chapa 1 – Evoluindo com ética e responsabilidade –, o médico patologista e reitor da Uncisal, Henrique Costa, falou sobre os principais pontos da campanha, como a questão da revalidação do título.
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“Não posso defender o Revalida e apoiar ao mesmo tempo o Programa Mais Médico como ele está desenhado atualmente. Então, defendemos um programa que valorize a profissão médico como é o Programa Médicos Pelo Brasil, porque além de levar assistência à população, valoriza o profissional formado no brasil e valoriza a carreira de médico de estado”, disse.
Conforme o candidato, a distribuição de médicos no estado prejudica o atendimento à população das cidades do interior do estado. “Se você pegar a distribuição de médicos, aqui em Alagoas, na capital, temos cerca de seis médicos por cada mil habitantes. No interior, mais da metade tem meio médico para cada mil habitantes. A média nacional é 2,8 médicos por cada mil habitantes”.
O médico ressalta que o problema na área da saúde não é a falta de médico, mas políticas que valorizem o trabalho do médico. “Não falta médico no Brasil, está faltando uma política que valorize o trabalho do médico, que dê a ele condições de ele se colocar à disposição de cidades onde ele vai ter uma boa remuneração e boa qualidade de trabalho”, pontuou.
A chapa também defende a autonomia médica dentro da profissão. “Dentro do código de ética, o médico tem direito de agir sobre o que ele pode ou não oferecer de tratamento para seu paciente. Isso é fundamental. A gente não pode aceitar que uma prerrogativa médica baseada na ciência médica possa ser trabalhada por uma instância diferente da sua determinando o que você pode ou não fazer”.
Médico pediatra e representante da Chapa 2 – Renova Cremal –, Marcos Gonçalves destacou alguns pontos importantes da campanha, que conta com 11 eixos de proposta para a categoria médica.
Confira aqui a íntegra da entrevista da Chapa 2 à TV Mar
“Defendemos o ato médico, queremos atuar fiscalizando e mostrando que os atos que os médicos devem exercer deve ser protegido e exercidos apenas pelos médicos. Além disso, queremos o aprimoramento do médico, com cursos de reciclagem que devem ocorrer de forma corriqueira e não só em temas médicos. É importante ele saber cobre código de ética, marketing, contabilidade, cursos financeiros, trazer uma renovação na categoria”, afirma.
“Outra proposta é a defesa indiscriminada da ciência. Nós achamos necessário, assim como a gente viu nos últimos anos uma queda na vacinação da população, então, achamos importante intervir cientificamente nisso, o Conselho deve ser um ator principal no aprimoramento das taxas de vacinação”, completa.
O médico afirma que é importante realizar ações sociais para melhorar a saúde da população. “Temos propostas sociais, fazer com que o Cremal participe de políticas públicas, que fale com políticos sobre vacina, aleitamento materno, doenças prevalentes, para melhorar a saúde da população. O objetivo principal do conselho não é somente fiscalizar o médico, mas principalmente melhorar a saúde da população”.
De acordo com ele, a proposta da Chapa 2 também consiste em realizar uma fiscalização mais ativas dentro das unidades hospitalares.
“O CRM depende muito de informação sobre o falso médico atuando nas unidades de saúde, então, temos que receber a denúncia e fiscalizar, ir até a unidade onde esse suposto médico está atuando. Tem que ser uma denúncia passiva, quando a gente recebe a denúncia, mas também tem que ser ativa”, afirma.
A proposta inclui ações voltadas à saúde mental dos médicos. “Temos visto a estafa de trabalho médico acontecendo bastante, diversos estudos mostram que isso tem acontecido e o reflexo é a taxa de suicídio na classe médica. Isso representa o grande excesso de trabalho que o médico tem exercido nos últimos anos, principalmente na pandemia e depois dela. O Cremal deve atuar através de políticas públicas, fiscalização, ver o número de horas que ele exerce, o número de pacientes que ele atende. A união do sindicato dos médicos é muito importante”.