
Uma câmera de monitoramento dentro de uma sala de aula flagrou o momento em que um menino de três anos foi agredido pela professora em uma creche em Guarujá, no litoral de São Paulo. Nas imagens, é possível ver a profissional puxando a criança pelo braço (assista acima). Ela foi demitida após causar uma luxação [deslocamento do osso] na mão esquerda do aluno.
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O caso ocorreu no Núcleo de Educação Infantil Conveniado (Neic) Espírita Cristã Maria de Nazaré, localizado no bairro Vila Baiana. A diarista Janilma Ferreira da Silva, de 47 anos, é avó materna do menino e contou ao g1 que a criança não quis mais ir para a creche depois da agressão.
De acordo com Janilma, a professora estava organizando as crianças para devolvê-las aos pais, quando pegou um livro do colo do menino, que estava sentado. "[Ele] fez uma birrinha de criança de três anos, pegou um brinquedo e jogou no chão", explicou.
Nas imagens flagradas pela câmera de monitoramento dentro da classe, é possível ver que a criança estava ajoelhada quando foi puxada pela professora. O menino chegou a ficar pendurado pelo braço por alguns instantes.
Ainda segurando o menino, enquanto ele claramente reclamava da situação, a professora parou para falar com outros alunos no meio da sala.
Em seguida, ela levou o garoto até o canto da sala que, segundo a avó, era um “cantinho do pensamento”, como “castigo”. Logo depois, a professora voltou a organizar os livros, como se nada tivesse acontecido.
O caso
A avó contou que a família foi acionada para ir até a creche no dia 28 de maio, pois o aluno estava reclamando de dor no braço. "Tomei um susto quando eu vi [o menino] porque [ele] veio gritando. O meu filho, de 25 anos, falou que já pegou ele na porta da creche gritando. Ela [professora] ainda perguntou para o meu filho se ele tinha machucado em casa", disse Janilma.
Segundo a diarista, o menino foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Enseada, medicado e liberado, mas continuou com fortes dores durante a noite. Por este motivo, a avó levou o neto à UPA da Rodoviária, onde o médico fez um exame de raio-x e constatou uma luxação na mão esquerda.
"Comecei a investigar porque eu vi que estava muito estranho e comecei a falar: '[Nome do neto], o que aconteceu na creche? Como você machucou o braço?'. Foi quando ele falou: 'Vovó, a tia machucou o meu braço", contou.
Janilma e a filha foram conversar com a diretora da creche e mostrar o laudo médico no dia 29. De acordo com ela, a mulher disse que voltaria a entrar em contato com a família após analisar as imagens das câmeras de monitoramento, o que aconteceu na sexta-feira (30).
Confira abaixo o posicionamento da prefeitura na íntegra:
"A Prefeitura de Guarujá informa que a apuração do incidente está sendo conduzida de forma criteriosa pela Secretaria Municipal de Educação (Seduc) e seguindo todos os protocolos estabelecidos para garantir a transparência e a justa responsabilização dos envolvidos.
Já foram adotadas providências imediatas para proteger os direitos do aluno e garantir a segurança de todos os envolvidos. As imagens das câmeras de segurança da unidade foram analisadas e o caso foi registrado na delegacia sede de Guarujá, por orientação do Conselho Tutelar. A funcionária em questão não integra mais o corpo docente da unidade.
No que diz respeito à contratação de funcionários, a Seduc esclarece que tal responsabilidade cabe à entidade mantenedora da unidade, que é conveniada ao município.
Para evitar novos incidentes semelhantes, a Seduc está exigindo que a entidade mantenedora realize um processo de contratação mais criterioso, com foco em um treinamento contínuo e eficiente dos profissionais, além de exigir maior fiscalização sobre a checagem das imagens das câmeras de segurança, para garantir uma atuação preventiva e remediativa imediata sempre que necessário".