Dona de um perfil no Instagram com 70 mil seguidores, Gabriela Sayago faz sucesso nas redes sociais com ensinamentos envolvendo o universo da psicologia. Em sua “bio”, ela afirma que “ajuda pessoas a se ajudarem”.
No entanto, o Conselho Regional de Psicologia da 6ª Região, em São Paulo, anulou o registro profissional de Gabriela e não a reconhece como psicóloga habilitada para trabalhar na área. A faculdade em que a influenciadora teria cursado psicologia também se manifestou dizendo que a ela jamais foi aluna da instituição.
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O motivo seria inconsistência na documentação, uma vez que a instituição formadora não reconhece o diploma apresentado pela suposta psicóloga. No site do conselho, o registro de Gabriela Sayago está nulo, mas ela segue produzindo conteúdo como psicóloga habilitada.
Além de fazer atendimentos particulares, palestras, imersões e treinamentos on-line. “Trabalhando com técnicas que auxiliam as pessoas a reforçarem seus pontos positivos por meio do autoconhecimento”, diz.
O diploma de Gabriela Sayago teria sido emitido pela Faculdade Funorte, com sede em Montes Claros, em Minas Gerais, em 10 de fevereiro de 2023. Procurada, a faculdade, que não possui qualquer ligação com a fraude, se manifestou sobre a origem do diploma de Gabriela Sayago. “O Centro Universitário Funorte já passou todas as informações sobre a questão ao Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, comprovando que o diploma é falso e que a pessoa nunca foi aluna da instituição”, diz a nota.
Venda on-line
Gabriela Sayago possui uma plataforma digital na internet na qual vende planos mensais ou anuais para pessoas que querem consumir conteúdos diários sobre psicologia. São cobrados R$ 49,90 para interessados em acessar a área restrita do material. Já o plano anual é de R$ 397 à vista ou em 12 vezes de R$ 39,86.
A coluna acionou o Conselho Regional de Psicologia em São Paulo para falar sobre a anulação do registro de Gabriela Sayago. Por meio de nota, o órgão afirmou que o registro profissional nos Conselhos Regionais é condição obrigatória para o exercício profissional da psicologia. “Dentre os documentos obrigatórios, está a apresentação do diploma de Psicologia devidamente registrado no Ministério da Educação”, apontou o conselho, sem citar nominalmente Gabriela Sayago.
A reportagem tentou entrar em contato com Gabriela Sayago, mas ela não respondeu às mensagens até a publicação desta matéria. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações.
Fábrica de diplomas
Em março deste ano, a coluna publicou matéria sobre a atuação de um grupo criminoso formado por estelionatários e falsificadores que havia desenvolvido um modelo de negócio para vender e prestar suporte on-line para compradores de diplomas falsos de curso superior. A reportagem mostrou que não importava a graduação desejada, o bando garantia “transformar” os clientes de nível médio em bacharéis em direito, fisioterapia, psicologia, engenharia ou qualquer outra área.
Articulados, bem organizados e com uma equipe afiada, os falsários disponibilizavam o diploma e toda a documentação necessária de conclusão de curso em apenas três dias. “Te transformo em advogado em 72 horas”, garantia um dos criminosos. A coluna passou duas semanas investigando o esquema e mapeou como funciona a “Fábrica de Diplomas” em todos os detalhes.
Os estelionatários falsificavam os documentos simulando que as réplicas possuem reconhecimento do Ministério da Educação (MEC) e supostamente contam com registro das faculdades escolhidas pelos clientes. “Temos quatro grandes universidades espalhadas pelo país. Basta decidir qual é mais do seu agrado”, gabava-se o falsário enquanto tentava vender um diploma. As instituições de ensino superior mencionadas pelo estelionatário também são vítimas e não têm qualquer relação com o esquema.