
Todos nós sabemos da importância da água, afinal a água é essencial à vida e sua disponibilidade para os cidadãos está diretamente ligada à saúde pública, à dignidade humana e ao desenvolvimento social e econômico. Mas por que a segurança cibernética é importante para garantir o acesso a esse bem tão valioso?
Nos EUA, o Laboratório Nacional de Idaho e o estado da Flórida estão colaborando em uma iniciativa inovadora de cibersegurança com o objetivo de proteger a infraestrutura hídrica da Flórida contra ameaças cibernéticas. Com isso, irão reforçar as defesas cibernéticas dos sistemas críticos de gestão hídrica do estado. Obviamente, isso envolve grandes investimentos. Essa preocupação norte-americana surge da automação e o uso de tecnologia operacional em rede, que revolucionaram o fornecimento de água potável, tornando os sistemas mais eficientes, seguros, ágeis e sustentáveis. As vantagens são significativas:
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• Redução de desperdícios e mais rapidez na resposta a falhas.
• Menor custo operacional.
• Aumento da confiabilidade e continuidade no abastecimento.
No entanto, os sistemas passaram a ser alvos de criminosos digitais por diversos motivos, como: motivações ideológicas, extorquir dinheiro ou causar caos.
As principais formas usadas para invadir uma estação de tratamento de água envolvem a exploração de falhas técnicas, humanas e organizacionais. Com isso, o agente criminoso consegue acesso não autorizado, controle de sistemas operacionais ou mesmo permite a paralisação dos processos.
Os órgãos reguladores e as empresas do setor precisam estar atentas a vulnerabilidades de sistemas, treinamento de colaboradores, cobrar de fornecedores o devido cuidado cibernético com os produtos fornecidos e avaliar processos quanto a aspectos de segurança cibernética.
Mas como os cidadãos podem contribuir para uma sociedade mais segura no domínio digital?
A resposta é mais simples do que parece, no caso da água tratada, os operadores são pessoas e a falha humana é um dos principais caminhos usados pelos meliantes para causar danos aos sistemas. Portanto, cabe conscientizar as pessoas sobre a segurança cibernética, de maneira a se estabelecer uma cultura de segurança.
A cultura de segurança tem que começar em casa, com o uso de senhas fortes, aprendendo a identificar golpes digitais, não clicando em links desconhecidos e, principalmente, estando alerta a tudo que trafega pela Internet. A primeira camada de proteção de qualquer infraestrutura são as pessoas.
Garantir o acesso à água potável vai além de investir em encanamentos, exige também proteção cibernética. Sistemas automatizados e conectados oferecem eficiência, mas também expõem vulnerabilidades. A resposta deve ser coletiva: reguladores, operadores, fornecedores e cidadãos precisam agir juntos. Construir uma cultura de segurança é urgente, e ela começa com pequenas atitudes no dia a dia. Mantenha-se hidratado e permaneça seguro!
Augusto Barros
Diretor de Inteligência do Instituto de Defesa Cibernética.
Engenheiro Eletricista e Especialista em Políticas e Estratégias Cibernéticas.
*Os artigos assinados são de responsabilidade dos seus autores, não representando, necessariamente, a opinião da Organização Arnon de Mello.