
Nos últimos seis meses, o CRB mudou quatro vezes de treinador: Daniel Paulista, Bruno Pivetti, Hélio dos Anjos e Umberto Louzer. Agora, com a chegada de Eduardo Barroca, já são cinco nomes diferentes tentando encontrar um rumo na temporada. Uma média que revela instabilidade e custos elevados — cerca de R$ 1.160.000,00 em indenizações, considerando cláusulas rescisórias equivalentes a dois salários por profissional desligado.
Trocar de técnico virou protocolo — não planejamento.

Mas a ciência do esporte, que avança a passos largos, já contesta a eficácia dessas medidas. O pesquisador brasileiro Matheus Galdino, mestre em Gestão do Esporte e membro da Universidade do Futebol, conduziu um dos estudos mais completos sobre o tema. Com base em dados de 22.144 jogos de 641 equipes diferentes entre 2003 e 2020, sua pesquisa demonstrou que:
“As mudanças de comando técnico não impactam significativamente o desempenho das equipes nos primeiros jogos após a troca. O efeito positivo aparece, quando muito, a partir do sétimo jogo, e logo se dissipa.”
(Matheus G. Galdino – Universidade do Futebol, 2020)
Mais do que isso: fatores como mando de campo, força do adversário e a realização de clássicos regionais influenciam muito mais os resultados do que a simples substituição do treinador.

No caso do CRB, a crítica não se limita à sucessão de nomes no banco de reservas. De fora, parece claro que, se antes o clube tomava decisões com dois ou três atores centrais, hoje esse número mais que dobrou. E com mais vozes, vem o desafio da convergência. Um desafio que se agrava quando parte desses novos influenciadores internos atua sob o efeito do clamor digital — onde a urgência e a reação muitas vezes se sobrepõem à análise e ao equilíbrio.
