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Imagem ilustrativa da imagem Gigante esquecido: estádio de título brasileiro e segundo maior do interior de SP enfrenta o abandono

BLOG DO
Arivaldo Maia

Gigante esquecido: estádio de título brasileiro e segundo maior do interior de SP enfrenta o abandono

Estádio Benedito Teixeira, em São José do Rio Preto — Foto: Reprodução/TV TEM

Estádio Benedito Teixeira, em São José do Rio Preto — (Foto: Reprodução/TV TEM)

AMÉRICA F. C. de São José do Rio Preto – Fundado em 28 de Janeiro de 1946

O ge esteve no Teixeirão, em Rio Preto, e constatou pichações e descuido com o palco do título brasileiro do Santos em 2004, de clássicos paulistas e até de jogo da Seleção.

As pichações que estampam a fachada do Teixeirão são o cartão de visitas de um estádio castigado pelo tempo e abandono daqueles que deveriam ser os responsáveis pelos cuidados com um palco lendário que hoje vive apenas de passado.

As histórias vividas no estádio Benedito Teixeira, em São José do Rio Preto, nunca serão apagadas e sempre estarão vivas na memória de milhares de torcedores que viram a seleção brasileira, um título brasileiro do Santos, e os gigantes de São Paulo que fizeram do local sua segunda casa e, lá, disputaram clássicos marcantes.

E claro: o América-SP, que é o dono do estádio, mas, assim como o Teixeirão, está no fundo do poço e muito distante dos dias de glórias.

Além de tantas histórias, o estádio chama a atenção por sua imponência: com capacidade para cerca de 35 mil pessoas, é o segundo maior do interior do estado, ficando atrás apenas do Prudentão, em Presidente Prudente.

O ge foi ao Teixeirão e constatou o descuido com um patrimônio da cidade, do estado e do futebol brasileiro.

A decadência de um gigante

Logo no primeiro contato visual com o estádio, os sinais são chocantes. Além do festival de pichações, as paredes da fachada e de dentro estão descascando por completo.

Guardiãs do estádio, as pombas observam do alto os fios soltos e até ferros expostos em um perigo claro a quem está por perto.

Pombas são as guardiãs do estádio Teixeirão — Foto: Arcílio Neto

Pombas são as guardiãs do estádio Teixeirão — (Foto: Arcílio Neto)

Os corrimãos que foram planejados para levar aos camarotes estão completamente enferrujados, denunciando os anos de abandono.

Ao olhar para o gramado, é possível ver uma ruína em forma de trave. Um gol com traves desgastadas e enferrujadas é mais uma prova do efeito do tempo.

Os banheiros, por sua vez, estão em cenário caótico. Até a sala de troféus do América está com o vidro da janela quebrada.

O Teixeirão é vítima não só do abandono, como até de disputas judiciais. Desde 2015, por conta das dívidas do América, a Justiça determinou o leilão do estádio para amortizar as dívidas administrativas do clube proprietário.

Há nove anos, foi avaliado em R$ 35 milhões, com o lance inicial estipulado em R$ 21 milhões do terreno de 3 mil m². Porém, não houve interessados tanto em 2015, quanto em 2019 em uma terceira tentativa de leilão por determinação da Justiça do Trabalho.

O momento ruim do América reflete também na baixa ocupação do Teixeirão, que recebeu apenas 30% da sua capacidade total nos últimos 11 anos. Neste período, o Rubro disputou a quarta divisão do Campeonato Paulista em dez temporadas.

Desde 2014, o estádio recebeu 79 jogos, uma média de oito partidas por ano, ilustrando o calendário breve, que se tornou rotina para o América.

Em 2018, o ge esteve no Teixeirão e mostrou a sujeira nas arquibancadas e nos banheiros. Além das bilheterias, que chegaram até a virar "casa" para zelador. Na época, o chargista Clayton Esteves retratou o abandono do local.

Teixeirão, um museu a céu aberto

O Teixeirão recém completou 28 anos de sua inauguração, que foi no dia 10 de fevereiro de 1996. O estádio foi entregue não acabado, pois ainda faltava a conclusão dos camarotes, que nunca ficaram prontos.

O palco histórico recebeu 47 jogos de Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos. Logo em seu ano de inauguração, quase 40 mil pessoas presenciaram uma partida da seleção brasileira, que era a atual tetracampeã mundial.

Em um amistoso contra Gana, a Seleção treinada por Zagallo venceu por 8 a 2 com gols de Marques (2), Rivaldo, Luizão, Alexandre Lopes, Zé Maria, André Luiz e Sávio. A Amarelinha tinha ainda nomes como Dida, Aldair, Juninho Paulista, Amaral, Jamelli e Flávio Conceição.

O Teixeirão também testemunhou outro grande momento: o último título brasileiro do Santos, em 2004. Na 46ª rodada do Brasileirão, o Peixe conquistou a taça ao vencer o Vasco por 2 a 1, com gols de Ricardinho e Elano.

As ruínas do América

O América-SP tem até hoje o recorde de edições seguidas da elite do Campeonato Paulista. O Rubro foi figurinha carimbada edição após edição do Paulistão entre 1964 e 1997. Foram 44 participações na primeira divisão, sendo a última vez em 2007. A partir disso, a queda é vertiginosa: desde 2015 está na quarta divisão.

O abandono do Teixeirão aconteceu em consonância com a derrocada do América, após sucessivas más administrações. Considerado por muitos como o maior responsável por deixar o Rubro em frangalhos, Luiz Donizette Prieto, o Italiano, foi presidente do clube em quase todos os últimos momentos da década anterior.

Até a Justiça citou uma tentativa de Italiano de se "perpetuar no poder", quando afastou o dirigente da presidência por irregularidades no processo de eleição.

Atualmente, o América-SP tem uma dívida estimada de mais de R$ 30 milhões. Em dezembro de 2023, teve a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) vendida por apenas R$ 1 milhão.

Após o afastamento de Italiano da presidência, em janeiro deste ano, a Justiça nomeou Samir Felício Barcha, sócio vitalício do América, para o cargo de administrador provisório do clube. Ele foi indicado para a função pelo autor da ação, Marcos Cezar Vilela.

O ge entrevistou o interventor que descreveu a situação de calamidade vivida pelo América-SP, em meio aos mais de 100 processos trabalhistas e as contas bloqueadas.

Samir Barcha, interventor do América-SP, em entrevista à TV TEM — Foto: Reprodução/TV TEM

Samir Barcha, interventor do América-SP, em entrevista à TV TEM — (Foto: Reprodução/TV TEM)

– Eu como interventor estou de mãos amarradas, pois minha função é fazer as eleições e só. Eu não tenho um tostão em caixa e apenas um sócio pagante. O América não tem nada, suas contas bancárias, todas elas estão bloqueadas pela justiça trabalhista. Mais de 100 processos trabalhistas na justiça trabalhista e na civil.

– É realmente uma calamidade o que fizeram com o América campeão, com o América que enfrentava os grandes times de São Paulo, o América que teve o nome espalhado pelo Brasil e pelo mundo. Hoje o América vive de miséria. Até os jogos da A4 do Paulista, as taxas dos jogos e da Federação foram pagas por torcedores que fizeram vaquinha e arrumaram os honorários. Se não, o América já estaria eliminado por inadimplência das taxas – disse Samir.

Arivaldo Maia com Arcílio Neto - Redação do ge - São José do Rio Preto, SP

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