
Apontado pela polícia como um dos cabeças de um esquema de tortura e estupros on-line, feito por meio de salas de bate papo do aplicativo de mensagens Discord, Pedro Ricardo Conceição da Rocha foi condenado a 24 anos de prisão.
Conhecido no mundo virtual como “King” (rei em inglês), o jovem de 19 anos está atrás das grades desde julho do ano passado, quando foi preso durante uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro. A condenação dele foi divulgada na última quinta-feira (4/7) pelo Tribunal de Justiça fluminense (TJRJ).
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A Justiça acatou denúncia da Promotoria, na qual King é apontado como membro de uma associação criminosa que promovia virtualmente crimes contra crianças e adolescentes.
As vítimas eram constrangidas e, com a ameaça de vazamento de fotos e vídeos íntimos hackeados, os criminosos as convenciam a praticar atos de automutilação, degradação física, exposição íntima, zoofilia (sexo com animais) e atos libidinosos. Isso, destacou o Ministério Público na denúncia, colocava em risco a saúde, além das integridades física e psicológica das crianças e dos adolescentes subjugados.
A defesa de King não foi localizada pela reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.
“Escravas virtuais”
Como mostrado pelo Metrópoles, King e outros jovens usavam o Discord para abrir salas virtuais, nas quais promoviam crimes sexuais e convenciam as vítimas a realizarem automutilação.
O aplicativo de mensagem originalmente foi desenvolvido e usado por gamers, para que se comuniquem durante partidas na internet em tempo real.
Com os rostos cobertos ou as câmeras desligadas, e usando apenas apelidos para se identificarem, os agressores se sentiam protegidos pelo anonimato. As vítimas eram aliciadas no mundo real e na internet, e depois se tornavam “escravas virtuais”, mediante uma rotina de chantagens e ameaças.
As humilhações diante das plateias nas salas fechadas do Discord representavam o ápice da crueldade e do sadismo dos agressores. Como nada fica registrado na plataforma, eles mesmos gravavam as sessões de tortura para exibir em redes sociais ou continuar chantageando as vítimas.