
A popularização dos bebês reborn, bonecos hiper-realistas que simulam recém-nascidos e vêm sendo tratados como filhos por muitos adultos, tem provocado debates nas redes sociais — e não apenas pela estética ou valor sentimental. Em meio à romantização do fenômeno, o influenciador Brenno Faustino, 28 anos, levantou uma questão sensível: por que tantas pessoas estão criando vínculos afetivos com bonecos enquanto milhares de crianças reais aguardam por adoção?
Adotado ainda na infância, Brenno usou sua história como ponto de partida para uma reflexão mais ampla. “Imagina se a minha mãe tivesse escolhido um bebê reborn em vez de me adotar?”, questiona. “A adoção salvou literalmente a minha vida.”
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O desabafo, feito em um vídeo publicado no TikTok, contrasta com a maneira como o tema tem sido tratado na internet. Para muitos, os reborns são terapêuticos. Para outros, representam uma desconexão emocional com a realidade.
Brenno não nega a complexidade emocional do assunto. Reconhece que o apego a objetos pode ter função simbólica. Mas reforça a urgência de olhar para fora da bolha virtual. “Tem crianças reais em abrigos. Crianças que sentem, que esperam, que precisam. E o que elas veem são adultos criando laços profundos com bonecos de silicone.”
Segundo o influenciador, sua intenção não é ridicularizar quem coleciona ou convive com os reborns, mas provocar uma conversa mais honesta sobre prioridades afetivas. “Criar um filho não é fácil. Mas substituir uma relação humana por uma fantasia me parece perigoso.”
Ele também fala sobre o valor que não se mede em cifras: “Se você tem recursos para gastar em um reborn, talvez também possa investir num processo de adoção. Não é simples, mas é possível. E transforma vidas.”
O depoimento de Brenno toca em feridas abertas de uma sociedade que muitas vezes evita o tema da adoção por medo, preconceito ou desinformação. Seu vídeo não viralizou — mas, talvez por isso, mereça ser ouvido com ainda mais atenção. “Eu tive sorte. Mas e quem não tem? Quem ainda está esperando por um abraço de verdade, um lar, uma chance?”