
O número de motos circulando em Alagoas tem aumentado a cada ano. Segundo o levantamento da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), a venda desse tipo de veículo cresceu 27,9% no ano passado. Aliado a isso, o número de acidentes envolvendo motociclistas chama a atenção.
Um levantamento do Atlas da Violência 2024 revelou dados preocupantes. Entre 2013 e 2023, mais de 2.800 motociclistas morreram no estado em decorrência de acidentes, representando um aumento de 160% no período.
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Esse é o primeiro ano em que o tema dos acidentes de trânsito aparece no Atlas, e os dados reforçam a gravidade da situação. Em todo o país, os acidentes com motociclistas lideram o número de mortes no trânsito, sendo responsáveis por 38,6% das quase 400 mil vítimas fatais registradas desde 2013.
Em 2023, o Brasil contabilizou 34.881 mortes no transporte terrestre — um crescimento de 2,9% em relação a 2022. A taxa de mortalidade subiu de 15,8 para 16,2 a cada 100 mil habitantes.
Em Alagoas, além das mortes, os dados de internações também chamam atenção. De janeiro a abril deste ano, o Hospital Geral do Estado (HGE) registrou 1.901 atendimentos por acidentes de trânsito. Desse total, 742 envolviam motociclistas.
Especialistas apontam a falta de fiscalização e de infraestrutura como fatores que contribuem diretamente para os acidentes. Em Alagoas, dos 102 municípios, apenas 18 contam com Superintendências Municipais de Transportes e Trânsito (SMTT), o que evidencia a fragilidade na fiscalização local.
Outro fator destacado é o alto número de condutores sem habilitação. O estado tem cerca de 140 mil motos a mais do que pessoas habilitadas para conduzi-las.
Além da imprudência dos condutores, o relatório também chama atenção para falhas de infraestrutura urbana. Um dos casos citados no levantamento envolveu a morte de um motociclista após passar em alta velocidade por uma lombada não sinalizada e colidir com um poste. A falta de sinalização adequada e de elementos de proteção nas vias são apontados como riscos que agravam as consequências dos acidentes.
O Código de Trânsito Brasileiro determina que os entes públicos são responsáveis pela manutenção e sinalização das vias. Especialistas reforçam a necessidade de projetos de engenharia que priorizem segurança, como pintura de faixas, placas bem posicionadas e calçadas acessíveis, para evitar que pedestres ocupem a pista.