
Uma investigação da Polícia Civil conseguiu desmanchar um esquema fraudulento de desvio de combustíveis que causou um prejuízo de R$ 200 mil a uma rede de postos em Alagoas.
Os criminosos se passaram por proprietários de empresas da construção civil e, com documentos falsos, obtiveram linhas de crédito junto à rede, possibilitando o acesso a grandes quantidades de combustíveis que eram repassados clandestinamente a um posto localizado em uma cidade da Bahia.
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Três pessoas foram presas preventivamente em operação realizada nesta quarta-feira (30) em duas cidades baianas.
Veja como funcionava o esquema
De acordo com o delegado da Delegacia de Combate à Corrupção, da Polícia Civil de Alagoas, José Carlos, os criminosos escolhiam empresas da construção civil que já possuem credibilidade no mercado de São Paulo e Paraná.

Em seguida, eles se apresentavam à rede de postos de combustíveis como proprietários dessas empresas, informando que estavam fazendo obras em Alagoas, na divisa com o estado de Sergipe. Por isso, eles tinham interesse em abrir uma linha de crédito para comprar uma alta quantidade de combustível – diesel. Obtendo o acesso ao produto, eles pagariam os valores mensalmente.
Na sequência, explicou o delegado, a rede de postos de combustíveis solicitou documentações que comprovassem a idoneidade do serviço prestado pelas construtoras. Os criminosos, então, enviaram documentos falsificados. “Muito bem falsificados”, pontuou a autoridade policial.
Por estarem bem elaborados, a administração da rede de postos não percebeu a fraude, pois viu que os CNPJs eram de empresas consolidadas. Com isso, aprovou o crédito.

“Eles compraram mais de 200 mil reais de combustível até a data do vencimento da fatura. Chegou a data do vencimento, eles desapareceram”, afirmou o delegado José Carlos.
O sumiço dos compradores e o não pagamento despertaram desconfiança na rede de postos de combustíveis. O administrador entrou em contato com as empresas de São Paulo e Paraná e estas informaram que não estavam realizando obras em Alagoas. “Foi quando a rede de postos descobriu que foi vítima de um golpe”, informou o delegado.
O caso foi levado à polícia, que começou a investigação. Com auxílio da própria empresa vítima do golpe, as autoridades identificaram que parte do combustível foi desviada para um posto na cidade de São Sebastião do Passé, na Bahia.
As demais cargas, a polícia acredita que também foram para o mesmo posto, mas teriam sido descarregadas e colocadas em outro caminhão na cidade de Camaçari, também na Bahia.
Com isso, a Polícia Civil suspeita que toda a carga foi para o mesmo posto de combustíveis em São Sebastião do Passé, mas as investigações serão aprofundadas.
Entenda:
A Polícia Civil alagoana deflagrou, nesta semana, a Operação Rota Vazada nos municípios de Camaçari e São Sebastião do Passé, na Bahia, com o objetivo de desarticular a organização criminosa envolvida em fraudes e desvio de combustíveis em Alagoas.
A ação foi coordenada pela Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), por meio da Divisão Especial de Combate à Corrupção (DECCOR), e contou com o apoio da Polícia Civil da Bahia e da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Segundo a delegada Maria Eduarda, duas pessoas foram presas em Camaçari e uma em São Sebastião do Passé.
Em território baiano, parte do combustível era repassada para um posto localizado em São Sebastião do Passé, que foi alvo de inspeção da ANP durante a operação. O órgão regulador encontrou diversas irregularidades no local, colaborando com o aprofundamento das investigações.
O delegado Igor Diego, responsável pela Dracco, informou que o prejuízo estimado à rede de postos alagoana é de aproximadamente R$ 200 mil.
Além do cumprimento de mandados de prisão e busca, um dos alvos foi preso em flagrante por tráfico de drogas e posse irregular de munições.