Futebol é emoção, redenção, história sendo escrita a cada jogo. E ontem, no Rei Pelé, Anselmo Ramon gravou mais um capítulo inesquecível com a camisa do CRB. O tetracampeonato estadual de 2025 já seria especial por si só, mas a forma como veio entrou para a eternidade: virada nos acréscimos, gols aos 55 e 61 minutos, a explosão de uma nação regateana que viu um time dado como derrotado renascer no último fôlego.
Para Anselmo, esse título carrega um peso ainda maior. Ele não apenas conquistou o tetracampeonato consecutivo, atuando em todas as conquistas do CRB nos últimos quatro anos, como se consolidou de vez como o artilheiro do século. Mas quem se lembra sabe que nem sempre foi assim.
No ano passado, o mesmo Anselmo Ramon viveu o momento mais difícil de sua trajetória no CRB. Aquele pênalti perdido na final da Copa do Nordeste não foi só um lance infeliz — foi um fardo injustamente colocado sobre seus ombros. Vi gente duvidando de sua idoneidade, questionando seu caráter. O Brasil vivia um turbilhão de escândalos de manipulação de apostas, e sobrou até para um jogador que nunca deu qualquer motivo para desconfiança. A dor foi enorme. Mas os grandes não fogem da luta.
Anselmo Ramon seguiu firme. Como capitão, carregou a equipe nas costas na permanência na Série B, foi referência em campo e fora dele. E agora, tetracampeão estadual, se eterniza ainda mais como ídolo. Ninguém mais pode contestar: ele é o artilheiro do século no CRB.
E se dentro de campo ele brilha, fora dele tem dois torcedores especiais vibrando a cada gol. Quem já viu um senhor de chapéu Panamá nas arquibancadas do Rei Pelé, sorrindo orgulhoso, acompanhando cada passo do filho, conhece Anselmo Pai, o Seu Paraíba. Paraibano de nascimento, de origem simples, mas gigante no amor pelo filho. Seu grito de comemoração é de quem sempre acreditou, mesmo nos dias mais difíceis. Ao lado dele, sempre presente, está Dona Tereza, mãe zelosa, que conhece cada batalha do filho e que, com o coração apertado, vibra em silêncio, ora e acompanha com o mesmo orgulho. Se há alguém que sabe o quanto Anselmo merece esse momento, são eles.
E o futebol… ah, o futebol! Hoje cedo, bastou um olhar rápido nas redes sociais para ver os mesmos críticos de antes agora exaltando Anselmo. Puro suco do futebol. A mesma arquibancada que cobra, que pressiona, também reconhece quando um jogador responde em campo. E Anselmo Ramon respondeu da melhor forma: com gols, títulos e história.
O CRB não fez o futebol mais envolvente desses últimos quatro títulos, oscilou, sofreu, não encantou. Mas venceu. E, no fim das contas, é isso que entra para a história. O jogo estava praticamente perdido, mas aos 55 minutos, Anselmo apareceu no lugar certo, na hora certa. De barriga, de alma, de coração. O gol que trouxe o CRB de volta à briga e que, no fundo, desligou o Asa, abrindo caminho para Meritão fazer o gol do título.
