Profissionais aprovados no concurso da Saúde realizado no ano de 2002 e que nunca foram nomeados fizeram um protesto silencioso, nesta quarta-feira (16), no Centro de Convenções de Maceió, no Jaraguá, onde acontecia a nomeação simbólica, pelo governador, de aprovados no certame de 2021. Com uma faixa que continha os dizeres "Governo de Alagoas não cumpre decisão judicial do STJ", o grupo lembrou que está, há quase 20 anos, cobrando para assumir os cargos para os quais foram aprovados à época.
A psicóloga Roseane Raposo foi uma das aprovadas no certame. Emocionada, ela falou sobre a expectativa criada em torno da nomeação. "São exatos 20 anos. Eu estava na universidade quando começaram a falar que ia haver concurso da Sesau e, desde então comecei a estudar, a me dedicar, porque eu quis ser servidora pública, quis prestar serviço à comunidade alagoana, contribuindo para a saúde pública, já que eu sou psicóloga, e esse direito me foi tirado. Estamos lutando para que a sentença judicial seja comprida. É um direito nosso, uma espera torturante, angustiante. Queremos saber se a política tem um poder maior que a justiça", afirmou.
A espera dos aprovados, de fato, parece não ter fim, e a expectativa criada em torno da nomeação no final do ano passado parece ter piorado ainda mais a situação. Isso aconteceu após uma reunião de conciliação realizada entre representantes do estado e do Tribunal de Justiça. Na ocasião, ficou definido que os mais de 380 aprovados seriam convocados, via Diário Oficial, para comparecerem ao setor de Recursos Humanos da Sesau para atualizar documentos e apresentar uma carta com o desejo de assumir o cargo. E assim foi feito. No momento da entrega dos papéis, os aprovados foram comunicados que a nomeação sairia em breve.

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"Quando atendemos a convocação, foi dito que, a partir de 10 de dezembro do ano passado, começássemos a observar o Diário Oficial para aguardar a nomeação. Já estamos em 16 de março e, até agora, nada", conta Roseane.
Ainda segundo ela, o processo chegou ao Gabinete Civil e estava no aguardo somente da assinatura do governador para que as nomeações acontecessem, mas depois o estado ingressou com um recurso. Com dificuldade para ter acesso ao processo, os aprovados não sabem mais o que fazer, a não ser ir às ruas cobrar pelo direito que adquiriram ao serem aprovados no certame há 20 anos.
As mais de 380 pessoas não nomeadas foram aprovadas para diversos cargos, do nível superior ao fundamental.
"A gente sabe que tem uma demanda judicializada. Por força judicial, eles terão que ser nomeados. Mas também existe o poder discricionário do governador, que deveria se sentir sensibilizado pela categoria. São vinte anos perdidos de serviço público e de prestação de serviço à comunidade. É como se você ganhasse um prêmio da mega-sena e não recebesse. São anos de estudo e de dedicação", afirmou a representante do Sindicato dos Psicólogos de Alagoas, Kátia Lins, que acompanha o caso.