Apesar da eliminação do Brasil para a Bélgica nessa sexta-feira (6), a Copa do Mundo deste ano reservou um momento especial para o futebol alagoano. 56 anos depois, a seleção brasileira voltou a ter um representante de Alagoas: o atacante Roberto Firmino, do Liverpool (Inglaterra). Aos 26 anos, o jogador revelado nas categorias de base do CRB teve sua chance, neste Mundial, de seguir os passos de outros dois grandes alagoanos que, inclusive, venceram o torneio com a amarelinha: Mário Jorge Lobo Zagallo e Edvaldo Alves Santa Rosa, o Dida.
Presente em quase todas as convocações da seleção na "Era Tite", Firmino foi reserva de Gabriel Jesus durante a campanha brasileira na Copa da Rússia. Apesar de pouco acionado, o atacante alagoano conseguiu deixar sua marca nas oitavas de finais, quando marcou na vitória por 2x0 sobre o México. Já contra os belgas, a entrada do atacante pouco ajudou a Seleção, já que prevaleceu o bom futebol de Hazard e companhia, que adiou o sonho do alagoano em se tornar campeão do mundo.
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Dida
Juntamente com Zagallo, o meia alagoano Dida conquistou o primeiro título mundial da história do Brasil, ainda em 1958, na Copa da Suécia. Mas, diferentemente do Velho Lobo, Dida jogou apenas a partida de estreia da Copa naquele ano, já que, devido a uma lesão, acabou dando lugar a um garoto franzino que pedia passagem: o Rei Pelé.

Apesar de ter disputado apenas um Mundial pela seleção canarinho, Dida marcou época deixou muita saudade entre aqueles que o acompanharam dentro de campo, principalmente pelo estilo ousado com a bola ao pé. É o que relata o jornalista e historiador alagoano Lauthenay Perdigão.

- Ah, o Dida era um jogador fantástico. Um cara que driblava e cabeceava muito bem. Acho que o único problema que ele tinha era sofrer com lesões. Mas tinha uma qualidade técnica fora do normal.
Dida iniciou sua carreira no CSA, mas foi no Flamengo que o jogador ganhou destaque nacional, entre as temporadas de 1954 e 1963. Meio-campista, o alagoano ainda é lembrado pelo torcedor rubro-negro como um dos maiores ídolos da história do Mengão, tendo marcado 157 gols em 364 jogos, número superado, anos depois, apenas por Zico.
E Lauthenay recorda, em especial, um lance que exemplifica o estilo de jogo do ilustre Dida. "Lembro-me de um clássico entre Flamengo e Botafogo em que o Dida foi marcado pelo Bellini, no Maracanã. Apesar da qualidade indiscutível do Bellini, ele partiu para cima e, com uma pedalada, praticamente entortou o adversário", relatou.
Papão das copas

E Alagoas pode se orgulhar porque foi aqui onde nasceu o papão de copas do mundo. É que Zagallo levantou dois troféus como jogador (1958 e 1962) e outros dois como treinador (1970) e coordenador técnico (1994). Sempre famoso por seu patriotismo e garra dentro ou fora do campo, o Velho Lobo logo se tornou um dos maiores nomes da Seleção.

Na conquista de 58, o ex-ponta esquerda foi peça chave no time do técnico Vicente Feola, sobretudo pela capacidade ofensiva nos lados do campo. Na decisão contra a dona da casa, na Suécia, o alagoano deixou sua marca aos 23 minutos da etapa final, marcando o quarto gol da goleada brasileira por 5x2.
Já na Copa do Chile, em 62, Zagallo aumentaria sua marca pessoal como jogador da Seleção. Além de conquistar o bicampeonato de forma invicta, o Velho Lobo não demorou a balançar as redes mais uma vez, marcando na estreia diante do México, após passe de Pelé.
Apesar de ter somente dois gols marcados em Copa, Zagallo permanece, até hoje, como o maior artilheiro entre os alagoanos em Mundiais. O segundo é justamente Firmino, que balançou a rede nas oitavas de finais da Copa da Rússia, contra o México.
Alagoano quase foi tricampeão

Todo mundo sabe que, em 70, o Brasil se sagrou tricampeão do mundo ao golear a Itália por 4x1 no Estádio Azteca, no México. No entanto, o que muitos não sabiam é que, além de Zagallo no comando técnico, esta Seleção por pouco não teve um outro alagoano entre os convocados: o goleiro Lula Monstrinho.
Maceioense, Luís dos Santos Costa fez história vestindo as cores do Náutico-PE na década de 60. No Timbu, foi peça chave na conquista do hexacampeonato estadual, entre os anos de 1963 e 1968.
A performance chamou a atenção do Corinthians. Em 69, já pelo Timão, o goleiro foi chamado para defender a Seleção nas eliminatórias para a Copa do México.
Porém, segundo Lauthenay Perdigão, uma lesão acabou tirando o arqueiro alagoano do Mundial. "O Lula por muito pouco não foi o terceiro alagoano a vestir a camisa do Brasil numa Copa. Quando o técnico foi João Saldanha, o Lula foi convocado para ser o reserva do Félix. Porém, o Zagallo assumiu tempos depois e preferiu chamar o Leão. Ainda assim, fez parte da lista de jogadores que ficaram de sobreaviso", explicou.
Alagoas pelo mundo

Além de Dida, Zagallo e Firmino, outros dois jogadores também figuram entre os alagoanos que já disputaram uma edição de Copa do Mundo. Um deles é o zagueiro Pepe. Formado nas categorias de base do Corinthians Alagoano, o defensor naturalizado português disputou, em 2018, sua terceira Copa defendendo Portugal. Aos 35 anos, Pepe nunca atuou por um time brasileiro e, atualmente, joga no Besiktas, da Turquia.
Outro que também logo seguiu para o exterior foi o meia Alexandre Guimarães. Diferentemente de Pepe, o alagoano chegou à Costa Rica ainda criança e seguiu por lá durante os 13 anos em que atuou profissionalmente.

Em 1990, Alexandre fez parte do elenco que defendeu a Costa Rica na Copa do Mundo da Itália, chegando, inclusive, a enfrentar o Brasil na primeira fase da competição. Após se aposentar, o alagoano decidiu assumir a missão de treinador, tendo comandado o país da América Central nas Copas de 2002 e 2006. Seu último clube foi o Mumbai City, do futebol indiano.
Agora, o torcedor alagoano terá tempo de sobra para renovar a esperança visando ao Mundial do Qatar, com Firmino novamente convocado daqui a quatro anos.
