Imagem
Menu lateral
Imagem
GZT 94.1
GZT 101.1
GZT 101.3
MIX 98.3
Imagem
Imagem
GZT 94.1
GZT 101.1
GZT 101.3
MIX 98.3
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no facebook compartilhar no linkedin
copiar Copiado!
ver no google news

Ouça o artigo

Compartilhe

HOME > esportes > NACIONAL

Ciclista refaz trajeto de acidente com iraniano: "Não oferece muito perigo"

Eduardo Berlinck pedala na Reserva de Grumari e atinge 57,5km/h no trecho em que Bahman Golbarnezhad perdeu a vida

O visual da chegada à Prainha é um dos cartões postais da Zona Oeste do Rio de Janeiro. De um lado as formações rochosas e a mata da Reserva de Grumari. Do outro, o mar esmeralda que circunda a costa e compõe o cenário. Cortando os dois, a Estrada da Guanabara atrai turistas e ciclistas. Escolhido pelo Comitê Organizador Rio 2016, Comitês Olímpico e Paralímpico Internacional (COI e IPC) e União Ciclística Internacional para as provas de ciclismo de estrada da Olimpíada e Paralimpíada, o local foi palco do trágico acidente que culminou com a morte do iraniano Bahman Golbarnezhad, de 48 anos, neste último sábado. O atleta perdeu o controle da bicicleta e chocou-se violentamente com a cabeça durante a disputa da classe C4-5.

Um dia após o acidente, o GloboEsporte.com convidou o ex-ciclista profissional Eduardo Berlinck para pedalar exatamente no trecho em que Bahman perdeu a vida. Aos 52 anos, o carioca começou no esporte aos 18, participou de provas nacionais e internacionais de ciclismo de estrada e disputou dois mundiais de mountain bike. Hoje, compete na categoria master. Conhecedor da região, ele garante que a área não era a mais perigosa do trajeto olímpico, explicou que as manobras necessárias para vencer o trecho não são complicadas, mas esclareceu que qualquer distração ou imprevisto, como uma pedrinha no caminho, poderia desequilibrar um competidor que em velocidade perderia o controle da bike e se acidentaria. Neste sábado, o Rio 2016 garantiu a segurança do circuito.

Leia também

- Não é um trecho que oferece muito perigo. O asfalto foi recapeado agora para as provas da Olimpíada. O que tínhamos antes eram alguns quebra-molas que foram tirados. Isso fez com que desse mais segurança na hora de passar nesse trecho de velocidade. Esse específico começa com uma subida, que não é uma subida que faça com que você tenha feito bastante esforço, algo que te deixe bastante cansado, com o braço mole, o que pode fazer perder o equilíbrio. Depois vem a descida, que não é a mais perigosa da prova. Me leva a crer que foi fatalidade. Já caí algumas vezes, uma pedra te desequilibra e você se embola com a bicicleta. Mas em baixa velocidade. Aqui, onde você desce a 45km/h, 50km/h, pode te levar junto a mureta e fazer com que você bata com a cabeça - explica Berlinck, que atingiu 57,5km/h na região.

Durante o trajeto entre subida e descida, de pouco mais de 30 segundos, apenas um setor chamou mais a atenção de Eduardo. E ele fica bem próximo ao local sinalizado pela Rio 2016 como o ponto do acidente, sendo justamente o setor que o diretor da União Ciclística Internacional (UCI) fez vistoria na manhã deste domingo. Após o segundo mergulho em declive, havia um quebra-molas que foi retirado durante o recapeamento do asfalto. Ali, como o vídeo mostra (veja acima), carros e bicicletas sofrem um pequeno impacto e em seguida o asfalto é antigo, sem recapeamento.

- O trecho que leva até a Prainha foi recapeado até o último quebra-molas, antes de levar à praia. Nesse ponto, justamente na área do acidente, existe uma emenda entre o asfalto novo e o velho, o que ao passar de bicicleta, você sente um solavanco. Nesse momento, o ciclista precisa estar atento e segurando firme no guidão. A descontinuidade entre o asfalto novo e o velho pode desequilibrar - conta Eduardo.

ENTENDA O SETOR

Ao deixar a Praia da Macumba, no Recreio, os ciclistas chegam até o portal que dá início à Reserva de Grumari. O trecho tem uma subida que não é significativamente acentuada. Ao atingir o ponto mais alto, eles começam a descida que termina na chegada da Prainha e tem pouco mais de 400 metros. O setor se inicia com uma descida leve, em sentido reto. Depois, é feita uma primeira curva, também leve, para a direita, quando há um segundo mergulho, esse mais acentuado, mas em linha reta.

Os ciclistas ultrapassam a primeira área onde existia um quebra-molas e entram no mergulho da segunda curva. Foi nessa área que o iraniano se acidentou. Esse é o momento de maior aceleração. Durante a reprodução da prova, Eduardo Berlinck atingiu a velocidade máxima de 57,5km/h. A direção de prova e o Rio 2016 não especificaram o ponto exato da queda de Bahman, mas assim que termina a curva para a direita existe a marca de um segundo quebra-molas que foi retirado e depois dele o asfalto não está recapeado. No vídeo, é possível perceber um leve solavanco, inclusive dos carros que passam pelo local.

- É uma subida suave, vem do Mirante do Roncador, você vem em um passo, não é um topete, como dizermos no ciclismo, e depois você mergulha. Começa a embalar devagarinho e dá um leve mergulho. E o trecho mais perigoso é realmente a última curva antes de entrar na Prainha. Mesmo assim, teoricamente, não é um ponto muito crítico. Pode ser que tenha batido alguma pedrinha, algo que faça com que você perca a direção e aí é fatalidade. Bater na mureta e ser arremessado. Sabe-se lá como vai bater no chão - conta o atleta, que acredita que a descida de Guaratiba, a poucos quilômetros dali, é a mais perigosa por conta do aclive e curvas acentuadas.

O ACIDENTE

Bahman Golbarnezhad caiu com sua bicicleta  na descida de Grumari durante o percurso da classe C4-5, bem próximo da chegada à Prainha. Ele bateu com a cabeça e assim que foi atendido pela equipe médica foi possível perceber que seu capacete estava significativamente danificado. O acidente foi comunicado à direção de prova às 10h35. A equipe médica o atendeu às 10h40. No primeiro atendimento, o iraniano apresentava sinais vitais. Às 10h45, estabilizado, ele foi posicionado na ambulância e direcionado ao hospital de referência da Paralimpíada.

Entre às 10h50 e 11h49, ele esteve na ambulância, que fez diversas paradas para estabilizá-lo novamente, já que no caminho até o hospital as condições de Bahman Golbarnezhad se deterioraram. Ele mostrou agitação, sonolência, indo para uma completa letargia que evoluiu rapidamente para uma parada cardiorrespiratória. Bahman chegou ao hospital às 11h50 em parada cardiorrespiratória e os médicos tentaram reanimá-lo por 40 minutos. A morte foi confirmada às 12h30.

Bahman Golbarnezhad já havia participado de uma prova na Rio 2016 no mesmo trajeto onde sofreu o acidente fatal. Foi na quarta-feira, na disputa de contrarrelógio, onde terminou em 14º lugar. A classe C4, na qual competia, é destinada a atletas amputados, com potência muscular ou coordenação limitadas, que competem em bicicletas normais. Ele estava em sua segunda Paralimpíada, tendo disputado também Londres 2012. A missão iraniana solicitou que seu corpo seja liberado o mais breve, de preferência neste domingo ainda, e pediu explicações e laudos sobre o acidente.

App Gazeta

Confira notícias no app, ouça a rádio, leia a edição digital e acesse outros recursos

Aplicativo na App Store

Tags

Relacionadas