Imagem
Menu lateral
Imagem
GZT 94.1
GZT 101.1
GZT 101.3
MIX 98.3
Imagem
Imagem
GZT 94.1
GZT 101.1
GZT 101.3
MIX 98.3
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no facebook compartilhar no linkedin
copiar Copiado!
ver no google news

Ouça o artigo

Compartilhe

HOME > notícias > TECNOLOGIA E GAMES

Reconhecimento facial pode detectar orientação política, diz estudo

Uma pesquisa sobre o assunto vem dividindo opiniões

Michal Kosinski, controverso professor da Universidade Stanford, está de volta. O polonês de 38 anos descreveu em 2013 o uso de curtidas e testes no Facebook para decifrar a personalidade de uma pessoa - a estratégia foi usada posteriormente pela consultoria política Cambridge Analytica (CA) para influenciar a opinião pública em episódios como as eleições americanas de 2016.

Após virar 'profeta' de um dos maiores escândalos do Facebook, Kosinski passou a dedicar seus estudos a potenciais perigos à privacidade causados por tecnologias de reconhecimento facial. Nesta segunda, 11, a prestigiada revista científica Nature publicou o novo artigo do pesquisador, no qual afirma ser possível usar reconhecimento facial para detectar a orientação política das pessoas.

Leia também

No experimento, o algoritmo analisou mais de 1 milhão de fotos de perfis no Facebook e em sites de namoros em três países: EUA, Canadá e Inglaterra. Ao final, a inteligência artificial (IA) teria identificado corretamente a orientação política dessas pessoas em 72% dos casos - seguindo a classificação amplamente utilizada nos EUA, as pessoas estavam divididas em 'conservadoras' e 'liberais'.

"Provavelmente, o algoritmo está detectando padrões e fazendo combinações que passam despercebidas aos olhos humanos", explica ele ao Estadão. No estudo, a IA determinou 2.048 atributos de descrição da face, embora não seja possível saber o que a máquina captou - é algo que reforça a crítica de que a IA é uma tecnologia pouco transparente.

Críticas

Os resultados e a própria existência da pesquisa devem replicar críticas já feitas anteriormente aos trabalhos de Kosinski. Em 2017, ele publicou na revista The Economist uma pesquisa que afirmava ser possível usar o reconhecimento facial para detectar a orientação sexual das pessoas. Na época, grupos LGBTQ+ dos EUA consideraram o estudo falho e perigoso, enquanto pesquisadores questionaram seu método, linguagem e propósito.

"Eu espero que as pessoas tenham a cabeça mais fria desta vez. A maioria das críticas acontecem por não entenderem o que estou fazendo. Eu estou apontando os problemas da tecnologia e os riscos que ela traz para privacidade e direitos civis", diz.

A argumentação para a existência do trabalho e os métodos adotados são problemáticos, dizem especialistas de diferentes áreas.

"Você não precisa explodir uma bomba para saber que ela é perigosa", afirma Sérgio Amadeu, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) e especialista em políticas públicas e inclusão digital. "Me preocupo muito com o tipo de incentivo e sinalização que esse tipo de pesquisa nos traz", diz.

"Isso recicla velhas práticas. É uma atualização do positivismo de Cesare Lombroso", diz ele, em referência ao psiquiatra e criminologista italiano que viveu no século 19 e que dizia ser possível identificar criminosos a partir de suas características físicas. "Agora, porém, a computação é usada para justificar velhos preconceitos."

"É absurdo dizer que é possível extrair uma construção social, como orientação política, a partir de características genéticas e fenotípicas", diz Roberto Hirata Junior, professor da USP. Segundo ele, é possível que exista viés nos dados e nas classificações para indicar orientação política.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

App Gazeta

Confira notícias no app, ouça a rádio, leia a edição digital e acesse outros recursos

Aplicativo na App Store

Tags

Relacionadas