A moção de repúdio à declaração do presidente Lula ao insinuar que a Polícia Federal (PF) e o Poder Judiciário teriam participado de uma suposta armação ao desvendarem um plano para matar o senador Sérgio Moro e a família gerou um intenso e caloroso debate na sessão ordinária da Câmara Municipal de Maceió, na manhã desta quarta-feira (29). Durante o debate, dois vereadores chegaram a trocar farpas.
Sugerida pelo vereador Leonardo Dias (PL), a proposta constava como último item da pauta na Ordem do Dia, e a discussão em torno dela acabou gerando uma ampla discussão em plenário, com posicionamentos favoráveis e contrários.
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O primeiro a opinar sobre a matéria foi o petista Dr. Valmir Gomes. Para defender o governo federal, ele chegou a sugerir que a Procuradoria Geral da Casa fosse acionada para emitir um parecer sobre a procedência ou não da iniciativa. Para ele, a intenção do colega parlamentar não tinha objeto diante do que considerava ser uma 'contextualização equivocada da imprensa' na fala do presidente da República.
"Importante ressaltar que o acontecimento que resultou na competente ação da PF e dos órgãos de segurança do país está inserido no âmbito de um governo de coalizão. Esse governo, em poucos meses, já aponta que os irmãos brasileiros podem ter mais atenção da saúde, com reativação do programa Mais Médicos, a intensificação do processo de vacinação, avanço na educação (com incentivo a pesquisa), na proteção do meio ambiente e inserção do país no cenário internacional, com discussões bilaterais com EUA e América Latina e China. Na segurança também temos avanços, com ações afirmativas para salvaguardar a integridade física dos brasileiros, inclusive dos adversários políticos", disse Valmir.
O autor da proposta defendeu a moção argumentando que Lula tem se superado todos os dias nas declarações dadas e atitudes tomadas.
"Parabenizo o vereador Dr. Valmir por criar uma retórica e tentar retirar de pauta por defender o atual governo, mas a proposta é necessária até para que Lula aprenda a respeitar as instituições, que precisam continuar mesmo à revelia, na contramão do que pensa o atual presidente. Lula falava tanto que Bolsonaro falava besteiras, mas ele tem se superado todos os dias".
O primeiro-secretário da Mesa Diretora, vereador Marcelo Palmeira (Podemos), pediu cautela aos colegas ao proporem moções, frisando que as matérias passam pelo crivo do plenário, mas, nem sempre, são as ideias defendidas pelos vereadores, na individualidade. "Os presidentes têm falado muitas coisas que nem sempre são do agrado de terceiros. Por isso, é bom que os colegas analisem o texto das moções antes de se posicionarem".
A discussão esquentou quando o vereador Francisco Sales (União Brasil) pediu a palavra. Ele disse que as sessões na Casa estão ficando cansativas pelos debates em torno de temas nacionais.
"Vivemos em uma cidade com mais de um milhão de habitantes, com grandes desigualdades sociais e estamos aqui como se estivesse em Brasília. Teríamos que focar mais o nosso município até porque esses políticos não estão nem aí para os problemas da nossa cidade. Estamos mais preocupados com pautas nacionais e as sessões estão ficando cansativas", ressaltou Sales.
O posicionamento dele não foi bem recebida pelo autor da proposta, que acusou o colega de tentar modular a atuação dos parlamentares. A revide veio logo em seguida, em tom mais enérgico.
"Vossa Excelência gosta de intimidar, de dar resposta e falar na cara. Se o senhor está mal acostumando, o problema é intimamente seu. Quer sempre aparecer nas costas dos outros. Bota uma melancia na cabeça e toma uma chupeta", disse o vereador Sales.
Apesar da intensa discussão, a moção foi aprovada em plenário pela maioria, apesar de dois votos contrários (Valmir e Olivia Tenório) e cinco abstenções.
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