Pressionada por denúncias de supersalários e plantões fantasmas, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informou, nesta terça-feira (24), que vai revisar as folhas de pagamento das unidades hospitalares durante o período da pandemia de Covid-19.
Por meio de nota, a Sesau disse que tomou conhecimento das “supostas denúncias de acúmulo de plantões realizados por um funcionário do órgão”. A determinação da pasta é direcionada ao Departamento de Recursos Humanos, contudo um dos alvos das denúncias seria, justamente, o coordenador do Recursos Humanos do Hospital Metropolitano.
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Os casos de supersalários na Sesau começaram a ser revelados na última quarta-feira (18), quando o deputado estadual Davi Maia (DEM) acusou o braço direito do secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres, o médico Marcos Ramalho, de receber, em média, R$ 72 mil por mês este ano. Ramalho exerce as funções de secretário-executivo da Sesau, diretor médico do Hospital Metropolitano, e aparece em escalas de plantão do mesmo hospital e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Já nesta terça-feira (24) novos casos surgiram. Primeiro, a exoneração do agora ex-secretário-adjunto da Secretaria de Saúde de Maceió, Aldo Calaça. O motivo seria porque a gestão do prefeito JHC (PSB) tomou conhecimento de que ele acumulava funções na prefeitura e na Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) como médico.
Depois, na Assembleia Legislativa (ALE), Davi Maia revelou o nome de mais um “superservidor”. O parlamentar trouxe à tona o caso do psicólogo Bresser Kenison Lima Diniz, que seria coordenador de Recursos Humanos do Hospital Metropolitano, e, segundo ele, tem figurado em reiteradas escalas simultâneas (foram 72), também, no Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] e no Hospital da Mulher. Bresser é ligado ao braço direito de Alexandre Ayres, o médico Marcos Ramalho.
O deputado informou que este funcionário esteve escalado em 233 plantões, entre janeiro e julho deste ano. Além disso, aparece em 72 plantões simultâneos, neste período, em dois ou até três lugares diferentes. O parlamentar classificou como escárnio a maneira como o Governo do Estado mantém supersalários e possíveis fraudes em escalas de servidores que atuam na linha de frente contra a Covid-19.
No caso de Ramalho, documentos oficiais mostram que, nos primeiros seis meses deste ano, ele embolsou R$ 343.975 em remuneração por plantões em unidades de saúde do Estado. O montante recebido pelo braço direito de Ayres equivale a uma média mensal de R$ 57.329, que, quando somado ao salário de R$ 15.272, dá um supersalário de R$ 72.601,61.
O deputado informou que, em abril passado, o braço direito de Ayres deu 42 plantões no Samu e no Hospital Metropolitano. No mês anterior, foram 14 plantões nos dois locais, ao mesmo tempo. Outro fato levantado por Maia é que, em alguns dias que Ramalho aparece como plantonista no Samu, ele postou nas redes sociais sua presença em atividades políticas. Foi assim em 19 de janeiro, quando ele estava na escala de plantão do órgão à noite, mas, de fato, estava no aeroporto com outras autoridades, acompanhando a chegada de vacinas em Alagoas.
À época, por meio de nota, a Sesau disse que todos os profissionais que atuam na linha de frente da Covid-19 estão recebendo salários dentro da média do mercado desde o início da pandemia.