A corrida por uma vacina segura contra a Covid-19 e o embate dos governadores com o Governo Federal devem acabar expondo os prefeitos. Esta é a avaliação da presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), prefeita Pauline Pereira. Ela diz que os colegas estão preocupados e temem um conflito federativo.
Nessa terça-feira (8), os governadores se reuniram no Ministério da Saúde (MS) e cobraram plano nacional de imunização contra o coronavírus. No entanto, como em todas as campanhas de vacinação, cabe aos prefeitos garantir a logística, armazenagem, distribuição e aplicação das doses.
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Na opinião de Pauline Pereira, sem calendário, data e fonte de financiamento, os prefeitos, mais uma vez, serão responsabilizados. "A decisão do governador João Doria, de São Paulo, de começar vacinação no dia 25 de janeiro, gera expectativa e pressão dos moradores. E nós, prefeitos, é que estamos na ponta, no dia a dia com a população".
A presidente também diz que o fato de governadores e prefeitos, que têm melhor situação financeira, de forma paralela, negociar a compra da CoronaVac diretamente com o Instituto Butantan, também põe em risco a estabilidade política e social.
Nessa terça-feira, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), em nota assinada por todas as entidades municipalistas, pediu que o Governo Federal "assuma de uma vez por todas sua responsabilidade prevista na legislação, adquirindo, programando e distribuindo insumos e vacinas necessários para o atendimento equânime de toda a população brasileira, evitando, desta forma, o acirramento do conflito federativo".
Em resposta, o ministro da Saúde, Pazuello, fez um pronunciamento no Palácio do Planalto e disse que o Brasil não pode se dividir e destacou que cabe ao Ministério da Saúde cuidar da vacinação do País. Ele garantiu que todos os brasileiros terão acesso às vacinas que forem aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
"A todos aqueles que desejarem, nós ofereceremos a vacina. Mais uma vez afirmo: tudo está sendo feito de acordo com ritos científicos e seguindo os protocolos da agência reguladora, que é a Anvisa, a qual respeitamos e que representa legalmente a autoridade no assunto", destacou o ministro.