Policiais civis cobram até balas para cursos de tiros
Renan Filho é acusado de não investir em programas de aperfeiçoamento na área de Segurança Pública
Reprodução/Vídeo

Fazia muito tempo que não se viam tantos policiais civis e militares irritados com a gestão do Executivo estadual na segurança pública. A maioria dos 1,6 mil agentes e escrivães da Polícia Civil, por exemplo, promete greve para forçar o governador Renan Filho (MDB) a enviar para Assembleia Legislativa dois projetos de lei: o que trata de reajuste salarial de 15% e o da gratificação da “Verba de Vestimenta”, de R$ 1 mil/ano. Eles cobram cursos de aperfeiçoamento e até balas para o efetivo treinar tiros.
Os militares também cobram o envio de outros projetos de Lei: o da criação da Previdência Militar, o que regulamenta o escalonamento vertical das patentes e o das promoções. As demandas, negociadas durante dois anos, permanecem engavetadas com o governador, acusado de não cumprir compromissos.
Neste momento, os policiais civis e militares temem que o governador deixe o mandato a qualquer momento para participar do processo eleitoral e “empurre com a barriga” os resultados das negociações para o “governador-tampão”.
Os servidores das duas instituições cobram ainda concurso público, lei de promoção, correção das perdas salariais, melhoria das estruturas de trabalho, programas de aperfeiçoamento, treinamentos operacionais e cursos técnicos. A temperatura aumentou na Polícia Civil, quando Renan Filho mandou os policiais civis acertarem os detalhes das reivindicações com o secretário do Planejamento, Fabrício Marques. O secretário, além de dizer que desconhecia a demanda, evitava receber a direção do Sindpol.
Revoltados, os policiais chegaram a ocupar a Secretaria de Planejamento na semana passada e, num vídeo, chamaram o secretário de “forasteiro”. Na quinta-feira (27), o secretário decidiu conversar com a direção do Sindpol e devolveu o problema para o governador. “Preciso que o governador autorize encaminhar os projetos para o Legislativo”.
Em seguida, mandou os policiais conversarem para o Secretário de Segurança, Alfredo Gaspar de Mendonça. Este, por sua vez, alegou que estava viajando e prometeu marcar uma data para a reunião. Mendonça funciona como portador de recados dos policiais e do governador, dizem os sindicalistas e presidentes de associações militares. Diante do jogo de empurra-empurra do governador e do secretariado, o presidente do Sindpol, Ricardo Nazário, revelou que a categoria convocou uma assembleia para decidir os rumos do movimento.
“Se a assembleia dos policiais fosse agora, a greve seria deflagrada por conta da falta de compromisso do governador em cumprir o combinado. No caso, os dois projetos para serem enviados ao Legislativo”, disse Nazário.
A Gazeta encaminhou, na semana passada, perguntas ao diretor-geral da Polícia Civil, delegado Carlos Reis, ao secretário Alfredo Gaspar, a respeito das denúncias feitas pelos policiais civis. Mas, até o fechamento desta edição as autoridades não responderam os questionamentos dos policiais.
INQUÉRITOS
Na maioria das 143 delegacias, entre elas os Cisps (Centros Integrados de Segurança Públicas), há mais de 60 mil inquéritos parados por falta de pessoal e estrutura profissional para concluir as investigações e outros procedimentos policiais.
A estimativa foi feita por Policiais Civis e Militares; Eles se defendem, alegando que trabalham em condições críticas com banheiros entupidos, falhas nos sistemas hidráulicos e elétricos, problemas nas redes de internet das delegacias, computadores sem programas e ultrapassados, em prédios com paredes cheias de infiltrações e outras precariedades.
A maioria dos Cisps, construídos há dois anos e que custaram R$ 2 milhões (preço de apartamento de luxo à beira-mar) foi classificado pelo presidente do Sindicato dos Policiais Civis, Ricardo Nazário, como “o lixo de luxo”, por conta dos inúmeros problemas estruturais e a aparente deterioração em pouco tempo de uso dos prédios caros.
As paredes da entrada do Cisp do município de São Luiz do Quitunde, por exemplo, estão mofadas, os problemas internos se multiplicam. Em outros prédios, igualmente novos, se observa a qualidade duvidosa do material empregado nas frágeis edificações, no forro do teto que desaba, nos revestimentos, afirmam policiais e delegados.
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